quarta-feira, 13 de maio de 2020

DO ABSURDO

Vivemos tempos absurdos e distópicos. O Governo e "sua" DGS (que parece mais um comissariado político do que uma Autoridade de Saúde que deveria basear a sua acção na ciência e na análise) entretêm-se a criar regras e regrazinhas já sem sentido nesta época, e que alimentam mais o medo e o pânico, a desconfiança e o descrédito, do que nos dão segurança. As imposições nas creches é de um absurdo inenarrável. Similar o que se pretende fazer nas praias daqui a dois meses. Na restauração e comércio, idem.
Enquanto isto, vejam o absurdo na evolução da mortalidade. Se os número de óbitos por covid estão agora em níveis já bastante baixos, paradoxalmente os mais idosos (aqueles que supostamente justificavam, e bem numa determinada fase, o confinamento e demais cuidados) continuam a "cair que nem tordos" (passe a expressão), por causas que a DGS teria certamente obrigação de conhecer. A mortalidade das pessoas com mais de 85 anos continua, de forma inaceitável, muito acima da média. Apenas nos primeiros 12 dias de Maio deste anos morreram mais 309 pessoas de mais de 85 anos comparativamente à média (2014-2019). Por covid, desde o início deste mês, não chega à centena neste grupo etário. Ou seja, há um acréscimo superior a 200 óbitos que incide exclusivamente nos mais idosos e que nada terá a ver com a covid.
Portanto, a pergunta incómoda, pois o SAR-CoV-2 não pode ter costas largas: os mais idosos estão agora a morrer de quê, afinal? De que valeu o esforço na pandemia, se afinal se estão a deixar morrer os mais idosos de outras doenças por falta de assistência adequada?
E enquanto isso, vejam nos gráficos (uma chatice, fiz mais gráficos), como está a situação para as outras faixas etárias. Usando média móveis para cinco dias, observa-se que para os diversos grupos etários com menos de 75 anos a mortalidade está actualmente bem abaixo ou ao nível da média. No caso dos idosos entre os 75 e os 84 anos está ligeiramente acima. Só para os maiores de 85 anos a situação é anormalmente elevada, e acredito que pouco tenha já a ver com a covid.
Em suma, em vez de andarem entretidos SÓ com a covid, convinha que DGS e Governo olhassem mais para o que está a suceder com o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde nos tempos que correm.







segunda-feira, 11 de maio de 2020

DA COVID QUE JÁ NÃO MATA TANTO E DOS 'VELHINHOS' QUE MORREM MAIS

Sei bem que não é tema agradável estar sempre a falar disto, mas muito pior do que falar de mortes é deixar que elas sucedam sem questionar. Mas, enfim, cada cavadela, cada minhoca: continuam as "mortes" misterosas registadas no sistema SICO-DGS, e que não se explicam pela informação oficial diária sobre a covid-19. Agora, falemos dos "velhinhos, muito velhinhos", os mais vulnerável ao SARS-CoV-2.
Segundo os dados dos boletins diários da DGS, terão morrido por covid, entre os dias 1 e 9 de Maio, 82 pessoas com mais de 80 anos, o que dá uma média de 9 por dia. Ora, mesmo que todos estes tivessem mais de 85 anos (para ser mais fácil a comparação), então dever-se-ia explicar a mortandade que grassa pelos mais idosos. Com efeito, nos primeiros nove dias de Maio (com a covid supostamente a "retrair") morreram 1259 pessoas com mais de 85 anos, dando uma média diária de 140. Nos últimos seis anos, em igual período, morreram 112 pessoas desta faixa etária (112 por dia). Uma diferença de 254 óbitos, dos quais, no máximo, 82 são explicadas pela covid (no pressuposto de que todos os falecidos com mais de 80 anos teriam, na verdade, mais de 85).
Enfim, tanto confinamento para salvar os idosos da covid, e afinal continuam a "cair" muito mais do que seria suposto. E não se sabe de quê. Mas a DGS tem obrigação de saber e de nos dizer, e tentar encontrar uma solução. Caso contrário, convém então saber para quê foi tudo isto...

domingo, 10 de maio de 2020

DA ARTE DE MELHORAR INDICADORES DE SAÚDE EM TEMPOS DE PANDEMIA

Ainda vou assistir - fica aqui já o aviso! - a uma conferência de imprensa onde a DGS e o Ministério da Saúde anunciarão que o SNS se portou muito bem durante a pandemia, apresentando então diversos indicadores de desempenho e assegurando que não pioraram.
Em muitos casos, efectivamente, alguns indicadores até vão, tragicamente, melhorar. Por exemplo, os utentes que aguardavam vaga em 15 de Março nas ULMD - Unidades de Longa Duração e Manutenção (leia-se, idosos a necessitar de hospitalização em cuidados continuados) eram 114 na região Norte e 392 na região Centro. Hoje, 10 de Maio, são já só 77 na região Norte e 195 na região Centro... Ou seja, a lista de esperar diminuiu bastante... Porém, desconfio que esta redução de utentes à espera de vaga não tenha sido por aumento absoluto do número de camas, ou porque os que antes estavam internados ou que estavam a aguardar vez tenham entretanto ficado saudáveis. Muito pelo contrário.

sábado, 9 de maio de 2020

DOS EFEITOS COLATERAIS


Começa a ser mais necessário um boletim diário da DGS e do Ministério da Saúde sobre as mortes não-covid do que sobre as mortes por covid. Com efeito, à medida que, supostamente, os óbitos da pandemia diminuem (foram "apenas" 15, em média por dia, entre 1 e 7 de Maio) uma outra "pandemia" se revela cada vez mais: as mortes "misteriosas" não explicadas pelo SARS-CoV-2 nem pelas doenças que já matavam em outros anos.

Senão vejamos, sem gráfico mas com análises feitas: entre 1 e 7 de Maio morreram 107 pessoas por covid (cerca de 15 por dia), o que representou 4,7% de todas as mortes neste período. Calculando a média dos últimos 10 anos, seria expectável morrerem, por dia, 278 pessoas, mas afinal faleceram 319. Se subtrairmos as 15 mortes por covid (média diária), ocorreu na última semana um acréscimo de 26 óbitos diários não-explicados pela covid (26=319-278-15). Numa semana (1-7 de Maio), isto significa mais 182 mortes! Estas mortes "misteriosas" são, assim, superiores à da covid, num ambiente que supostamente não é de caos para o SNS.

Mesmo que se coloquem aqui intervalos de confiança (e eu calculei-os), estaremos sempre com acréscimos de mortalidade perfeitamente anormais. Será este um sinal dos próximos tempos? Estará o SNS capaz de nos salvar de outras doenças para além da covid?

Nota: A foto é de um hospital português em tempos de gripe no início deste ano (CM)

DO GOSTO PELA PROIBIÇÃO COMO ARTE DO PODER

Tal como outros países, a Espanha - um dos países mais fustigados pela covid-19 - prepara um desconfinamento regional, e não de todos juntos e fé em Deus, porque a incidência tem sido muito distinta em termos regionais. Por exemplo, a afectação de comunidades como as de Madrid, Castela e Leão, Castela La Mancha e La Rioja foi muitíssimo superior à das nossas vizinhas Galiza e Andaluzia.
Porém, mesmo assim, as autoridades sanitárias e governamentais espanholas olham para o desconfiamento numa escala ainda menor, e em determinadas situações, como na Andaluzia - que, note-se, nas últimas duas semanas tem tido menos óbitos por milhão do que a nossa região Norte -, há províncias (Granada e Málaga) que continuarão em confinamento (Fase 0) ao contrário das restantes.
Por cá, em vez da análise e da estratégia, prefere-se desconfinar tudo mas impondo proibições a torto e a direito, tornando em alguns caso o desconfinamento mais restritivo e impositivo, mas paradoxalmente também mais inseguro. O Governo parece divertir-se apenas em publicar decretos e arranjar formas e drones para ir controlar praias selvagens no Verão que se anuncia, ou para encontrar um modelo para a polícia andar a pedir aos clientes que se ajuntem na mesma mesa dos restaurantes certificados (talvez passados pelas juntas de freguesia) que comprovem que fulano de tal vive com sicrana de tal mesmo que os respectivos cartões de cidadãos os coloquem solteiros a ambos. A devastação económica vai matar mais do que a covid.
Como mostra o quadro que aqui coloco (desta vez não há gráfico), nas últimas duas semanas (interessa fazer uma análise dos últimos tempos, mais do que o histórico), há regiões espanholas que estão agora numa "menos má situação" que zonas portuguesas, com o Norte à cabeça. Numa escala mais micro, tenho aqui mostrado que sobretudo os distritos de Aveiro e Porto (e também algumas zonas de Braga e Viana do Castelo) estão ainda numa situação que merecia alguma atenção especial. Um desconfinamento distinto, porventura. Mas isso parece pouco interessar, por agora, ao Governo e à DGS. Nossa Senhora de Fátima estará por certo, pensarão, a dar uma forcinha por aí. Avante, portanto, com a nossa sorte!



sexta-feira, 8 de maio de 2020

DA VERDADE

Seria muito bom que a Direcção-Geral de Saúde rectificasse os dados que envia para o sistema europeu EuroMomo - e que depois utililza para informar os jornalistas de que a mortalidade em Portugal anda agora dentro do «esperado». NÃO ANDA NADA!
Utilizando os dados da Vigilância da Mortalidade (SICO), que aponta os óbitos registados - repito, os óbitos com certificado de óbito -, continuamos bem acima da média e até bem acima do limite superior do intervalo de confiança (a 95%). Desde 23 de Março que dia após dia tal sucede, com uma única excepção pontual (dia 29 de Abril). O gráfico que demonstra está aqui. Os dados que usei são oficiais... Como dizia o outro: é fazer as contas. E não mentir.
Nota: As bolas vermelhas indicam a mortalidade total por dua registada em 2020, desde Janeiro até 7 de Maio. A linha castanha indica a média de óbitos por dia para o período 2010-2019. A linha verde tracejada indica o limite inferior do intervalo de confiança; a linha amarela a tracejado o limite superior. De uma forma simplificada, TODOS os valores acima da linha amarela significa que temos claramente um excesso de mortalidade, com pouquíssima margem para dúvidas. Se isso acontece sistematicamente num determinado período, de forma consistente, então a experiência dita que temos mesmo um problema. Desta vez não usei médias movéis para que não ser acusado de qualquer manipulação estatística.

DO PAÍS QUE BRINCA COM O FOGO

A França vai fazer desconfinamento territorial, e faz muito bem. Não tenho andado a vigiar se outros farão o mesmo. Nós, por cá, achamos que a covid-19 atacou da mesma forma, e desconfinamos da mesma forma, embora com mais regras restritivas do que na fase do confinamento, e que contribuem para aumentar mais o pânico do que dar efectiva segurança.
Entretanto, fui ver como as duas últimas semanas (23 de Abril a 6 de Maio), de aparente redução da incidência da pandemia, evoluíram em termos de óbitos oficiais por covid-19, e comparei com o período de 15 de Março (primeira morte oficial por covid) e 22 de Abril
No primeiro período morerram 820 pessoas em 39 dias (21 óbitos por dia), enquanto no segundo período foram 285 (20 por dia). E é aqui que a situação se mostra delicada. A região Norte, que sempre foi a de maior incidência no país, registou apenas uma ligeira descida da mortalidade média diária, baixando de 12,2 óbitos até 22 de Abril para 11,4 a partir dai. A região Centro registou uma evolução mais favorável (4,6 para 2,4), enquanto que Lisboa e Vale do Tejo regisou um aumento de 3,7 óbitos diários para 6,0. Como já sucedia anteriormente, a covid tem tido uma reduzida incidência no Alentejo, Algarve, Açores e sobretudo Madeira (onde nãos e registou ainda qualquer óbito).

terça-feira, 5 de maio de 2020

DO 'AINDA NOS VAMOS LIXAR'

Mantendo a mesma opinião de, até agora, a covid-19 ser um problema muito grave apenas para os idosos, tenho também feito vários alertas sobre a (muito) diferente incidência e efeitos da doença nas diversas regiões do país, com as situações mais graves nos distritos de Aveiro e do Porto. Sugeri mesmo, há dias, sobre se não seria mais prudente um desconfinamento geográfico, até para se ir avaliando a evolução da mortalidade total nas regiões mais afectadas (como sabem, esse é o indicador que prefiro, em vez dos óbitos oficiais por covid).
Pois bem, "renovei" agora a análise, com os últimos dados do SICO, até 3 de Maio, e não me parece nada animadora a evolução dos distritos de Aveiro e do Porto. Não me parece que aí a situação da covid esteja controlada, ao contrário de Lisboa.
Conforme podem observar nos gráficos de cada um destas três regiões (médias móveis de 5 dias), verifica-se que a mortalidade nos distritos de Aveiro e do Porto tiveram picos evidentes no início de Abril - e, hélas, nestas regiões acima do pico da gripe de Janeiro -, encetaram depois uima descida, mas nos últimos dias estancaram essa descida e "ameaçam" mesmo uma subida. A subida, com o consequente afastamento à média dos últimos seis anos, sugere que, perante a inexistência de outros factores, estejamos perante mortes por covid. Não me parece uma boa notícia, porque o pior que pode suceder para haver pânico - e esta é, porventura, omaior perigo imediato de saúde pública - é termos num futuro muito próximo um recrudescimento muito significativo dos óbitos por esta doença, e eventulamente um novo surto (na melhor das hipóteses, apenas regional).
A evolução particular destes dois distritos contrasta, de forma evidente com o distrito da capital. O gráfico da evolução da mortalidade no distrito de Lisboa é, aliás, muito elucidativo de que a covid não terá causado por aqui muitas vítimas. Não existiu um "pico", como nos outros distritos mais "atacados", mas antes o famoso "planalto", entre finais de Março e meio de Abril. A partir daí a mortalidade tem descido, de forma consistente, estando agora praticamente aos níveis da média.
Reitero aquilo que tenho defendido, mas agora com outro enfoque. Neste momento, Portugal tem dois desafios: tentar evitar que a covid se instale nos grupos etários mais idosos, e sobretudo das pessoas com mais de 85 anos, e evitar o pânico da população em geral. E julgo que teria sido mais prudente fazer desconfinamentos graduais numa base regional, e não o actual desconfinamento com restrições tão severas que se transforma num "confinamento ao ar livre". Pode ser que esteja enganado. Seria bom.


domingo, 3 de maio de 2020

DA DUREZA DOS NÚMEROS

Os "panikistas" dizem-nos que nunca outra doença foi tão perigosa e causadora de tanta mortandade e entupimento dos cuidados intensivos como a covid-19... Concordo: por exemplo, no dia 4 de Abril, no pico da covid-19, morreram 237 pessoas em estabelecimentos de saúde portugueses... Ora, nadinha comparável ao que sucedeu, por exemplo, em 2 de Janeiro de 2017, em pleno surto da corriqueira gripe: nesse dia "só" morreram 346 pessoas em estabelecimentos de saúde. Acho que houve ventiladores para todos!

DO BALANÇO, DOS FACTOS E DO PÂNICO

Vou fazer aqui uma análise “fria” e objectiva sobre os efeitos da covid-19, enquadrados no período da Vigilância Epidemiológica que, segundo INSA, decorre desde início de Outubro até finais de Maio, mas que obviamente será encurtado para o dia 30 de Abril. Vou apresentar como se estivesse a analisar uma epidemia de há 100 anos, ou como se fosse um extra-terrestre perscrutando como os mortais terráqueos de um rectângulo de um continente chamado Europa são eliminados por surtos epidemiológicos entre meados de Outono e meados de Primavera. Esta análise, tenha essa esperança, também poderá servir de resposta às pessoas que me têm contactado (tirando as que por aqui e outros murais me têm insultado, as mais das vezes sem me lerem ou saberem ler).

A análise segue os gráficos que apresento, usando médias móveis de 5 dias (para atenuar variações bruscas diárias) da mortalidade TOTAL por grupo etário, de acordo com os dados do SICO (DGS). O período em análise é de 1 de Outubro no ano N até de Abril do ano N+1. Calculou-se a mortalidade por grupo etário para o período 2019-2020 (Outubro-Abril) e para a média dos cinco anos anteriores (2014-2015 a 2018-2019).

Tendo em consideração que calculei médias móveis, o primeiro valor a surgir é o dia 5 de Outubro; e o último é dia 30 de Abril (embora, devido à contagem, surja o 26 nos gráficos). Note-se um aspecto muito importante: os meus comentários têm em consideração que existe uma mortalidade basal (expecrável) e que as variações observadas neste período se devem fundamentalmente aos surtos gripais e, a partir de Março desde ano, ao surto da covid-19 (e efeitos adicionais).


POPULAÇÃO COM MAIS DE 85 ANOS
Identificam-se dois surtos epidemiológicos no período, sendo que o primeiro, bastante longo, é um surto gripal, iniciado em meados de Outubro, com um pico em meados de Janeiro, e que se estendeu ainda com níveis elevados até se iniciar o segundo surto. O surto gripal foi ligeiramente mais agressivo do que a média. Como sabido, o segundo surto, a codvi-19, provocou um incremento da mortalidade, com pico pronunciado no início de Abril, apresentando uma tendência decrescente a partir daí. No entanto, no final de Abril, a mortalidade neste grupo etário ainda estava acima da média. Embora seja ainda prematuro retirar conclusões, observa-se que, desde o repesctivo pico, o surto da covid-19 registou um decréscimo mais abrupto do que o ocorrido no surto gripal, em que a redução se verificou num período mais longo. Apesar de não ter atingido o mesmo nível do pico do surto gripal, para este grupo etário o surto da covid-19 terá causado uma mortalidade bastante superior, uma vez que ocorreu num período do ano em que os óbitos são já normalmente menores do que em Janeiro e Fevereiro.

Variação da mortalidade no surto da covid-19 (Março-Abril): + 18,9% (em relação à média)
Variação da mortalidade no surto gripal (Outubro-Fevereiro): + 1,7% (em relação à média)
Variação da mortalidade do período da Vigilância Epidemiológica: + 6,3% (em relação à média)

Conclusão: Surto gripal com “agressividade” ligeiramente acima da média. Efeito da covid evidente e muito forte.



POPULAÇÃO ENTRE 75 E 84 ANOS
Identificam, para este grupo, também dois surtos epidemiológicos, mas o primeiro (surto gripal) bastante menos agressivo do que habitualmente, causando uma mortalidade 8,7% inferior ao dos últimos cinco anos. O surto de covid atingiu o ponto mais alto em finais de Março, ligeiramente abaixo do pico do surto gripal de Janeiro, observando depois a formação de um “planalto” até meados de Abril, descendo a partir daí. Os óbitos em final de Abril ainda se encontravam ligeiramente acima da média.

Variação da mortalidade no surto da covid-19 (Março-Abril): + 6,9% (em relação à média)
Variação da mortalidade no surto gripal (Outubro-Fevereiro): - 8,6% (em relação à média)
Variação da mortalidade do período da Vigilância Epidemiológica: - 4,5% (em relação à média)

Conclusão: Surto gripal de baixa “agressividade”, causando mortalidade abaixo da média. Efeito da covid evidente, mas menos forte do que para a faixa etária dos maiores de 85 anos. Em termos globais, a mortalidade para este grupo etária no decurso da actual Vigilância Epidemiológica está abaixo da média.



POPULAÇÃO ENTRE 65 E 74 ANOS
O surto gripal para este grupo etário, em termos de mortalidade, foi menos evidente, embora com uma subida mais patente na segunda quinzena de Janeiro. No entanto, o surto gripal terá contribuído para um ligeiro aumento da mortalidade entre Outubro e Fevereiro relativamente à média. O surto da covid terá causado, directa e indirectamente, um novo acréscimo da mortalidade, que chegou a ser um pouco mais intenso do que para a faixa dos 75 aos 84 anos, o que pode indiciar ter existido outro tipo de afecções a contribuir para esse fenómeno.

Variação da mortalidade no surto da covid-19 (Março-Abril): + 9,5% (em relação à média)
Variação da mortalidade no surto gripal (Outubro-Fevereiro): + 1,3% (em relação à média)
Variação da mortalidade do período da Vigilância Epidemiológica: +3,4% (em relação à média)

Conclusão: surto gripal em linha com os anos médios. O surto de covid-19 causou um acréscimo relativo superior à da faixa etária de 65-74 anos, embora, obviamente, em menor número absoluto. Em todo o caso, a covid-19 não parece ter atingido especial virulência nesta faixa etária.




POPULAÇÃO ENTRE 55 E 64 ANOS
Não se mostra possível identificar que o surto gripal desta época tenha atingido particularmente este grupo etária, em linha com o que sucede em anos anteriores. A mortalidade entre Outubro e Fevereiro foi praticamente semelhante à média (-0,3%). O surto da covid é visível ao longo do mês de Abril, mas em termos absolutos causando, no máximo, oito óbitos amais num dia no pico. Os meses de Março e Abril registam, para este grupo etário, ligeiro aumento em relação à média (+3,8), mas nunca atingindo um número de óbitos anormalmente elevado.

Variação da mortalidade no surto da covid-19 (Março-Abril): + 3,8% (em relação à média)
Variação da mortalidade no surto gripal (Outubro-Fevereiro): - 0,3% (em relação à média)
Variação da mortalidade do período da Vigilância Epidemiológica: + 0,7% (em relação à média)

Conclusão: Ponderado o ligeiro decréscimo da mortalidade no surto gripal com um acréscimo de óbitos no decurso do surto de covid-19, o balanço para este grupo etário do período de Vigilância Epidemiológica está em linha com a média (apenas mais 0,7%).



POPULAÇÃO ENTRE 45 E 54 ANOS
O surto gripa, como habitualmente, não afecta com qualquer relevância este grupo etário, tendo-se mesmo assim registado entre Outubro e Fevereiro um decréscimo de 9,0% em relação à média. Nos meses de Março e Abril, em pleno surto da covid-19, a mortalidade neste grupo desceu também em relação à média (-4,9%). Em termos globais, para este grupo etário, o período temporal abrangido pela actual Vigilância Epidemiológica tem sido particularmente pouco mortífero.

Variação da mortalidade no surto da covid-19 (Março-Abril): - 4,9% (em relação à média)
Variação da mortalidade no surto gripal (Outubro-Fevereiro): - 9,0% (em relação à média)
Variação da mortalidade do período da Vigilância Epidemiológica: - 7,8% (em relação à média)

Conclusão: Surto gripal sem relevância. Surto de covid-9 sem relevância, o que tendo em consideração que houve uma redução significativa numa época do ano com menor mortalidade significa que o confinamento trouxe uma redução no número de óbitos para este grupo etário.



POPULAÇÃO COM MENOS DE 45 ANOS
Situação similar em tudo à análise para o grupo etário anterior, registando-se apenas maiores valores de redução da mortalidade para o período do surto gripal e da covid-19.

Variação da mortalidade no surto da covid-19 (Março-Abril): - 6,5% (em relação à média)
Variação da mortalidade no surto gripal (Outubro-Fevereiro): - 10,7% (em relação à média)
Variação da mortalidade do período da Vigilância Epidemiológica: - 9,6% (em relação à média)

Conclusão: Surto gripal sem relevância. Surto de covid-9 sem relevância.


sábado, 2 de maio de 2020

DA REALIDADE, DO QUE NOS ANDAM A DIZER E DO FIM DO CONFINAMENTO

Bem sei que há quem se irrite comigo por andar, nos últimos dois meses, a escrevinhar e a fazer análises estatísticas a torto e a direito. Faço isso por mim, mais do que por vós, confesso, porque sempre preferi pensar por mim do que aguardar que o Estado me imponha a sua "interpretação". Também sei, nestes tempos de pandemia global, que a maioria da pessoas ignorava, ou desejava ignorar, que em Portugal, mesmo em "situações normais", morrem tantas pessoas em três dias por doenças gerais como em mês e meio de covid-19. E que em fenómenos de ondas de calor no Verão (como em 2018) morrem, por vezes, em apenas dois dias, tantas como em mês e meio de covid-19. Mas, pronto, isso agora não interessa nada, não é? O pânico retira a capacidade de raciocínio a muita gente. 

Bom, mas vamos à análise diária. Já todos sabemos das máscaras que passaram de não recomendáveis para obrigatórias, com "direito" a choruda multa a dirigir-se para os depauperados cofres do Estado. E todos se recordarão também de sermos metralhados com o tal "planalto" e orografias diversas sobre a covid. E agora temos o levantamento do confinamento, mas com tantas regras que teremos de andar de cábula na rua, para além da máscara (aquela que não era recomendável, mas agora é obrigatória). Ora, este intróito para (me) perguntar se o levantamento do confinamento, e passagem para estado de calamidade, nas actuais circunstâncias de medo, terá sido no timing mais adequado ou não. Para responder a isto, não apresento um palpite mas sim uma análise. 

O gráfico que agora apresento, com as médias móveis de 5 dias, tanto para este ano como para a média da última década e a média do último quinquénio), é bastante elucidativo sobre o seguinte: a) a covid-19 (juntamente com outros factores) teve um contributo muito forte para a mortalidade, mas em vez de um planalto, tivemos claramente um pico (dia 4 de Abril),seguindo-se uma forte descida que parece ainda não ter paradao (espera-se). De uma forma mais do que evidente, estamos perante uma situação muito típica em surtos gripais, independentemente das restrições que se verificaram desde 16 de Março. b) entre 16 de Março e 30 de Abril, a mortalidade este ano foi cerca de 18% acima da média da década anterior, mas apenas 4,8% acima da média se considerarmos os quatro primeiros meses (Abril a Janeiro). 

No entanto, o surto gripal deste ano tinha sido menos mortífero do que na média dos últimos cinco anos, pelo que o agravamento da mortalidade pela covid-19 pode ter sido influenciada por esse efeito. c) apesar da tendência de elevado decréscimo da mortalidade este ano,descendo a partir do dia 4 de Abril dos 389 óbitos (média móvel de 5 dias) para 299 óbitos (também média móvel), ainda estamos algo longe da média da última década (que em 30 de Abril se situa nos 280 óbitos). 

Tudo isto ponderado, julgo que seria mais prudente que se aguardasse por um sinal mais concreto do fim do surto para colocar um fim ao confinamento. Ou seja, preferia que se começasse a levantar restrições (e faseadas regionalmente) apenas quando se baixasse a mortalidade para níveis mais próximos da média da última década (estamos ainda 7% acima dessa fasquia; pode ser pouco, mas talvez aguardar mais uns dias pela confirmar a tendência de fim do surto). 

Por fim, julgo que se anda a fazer futurologia (e a alimentar o pânico) quando, estando nós no início de Maio, se anda já a falar em ir a banhos com dois metros de distância do vizinho veraneante. Uma situação como a que vivemos deve ser seguida usando indicadores precisos, verificados em tempo real, e implementando uma gestão que tenha em conta as expectativas e os medos das pessoas. 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

DO DESCONFINAMENTO TERRITORIAL NUM PAÍS QUE NÃO É IGUAL

Se o "desconfinamento" vai ser gradual por sectores de actividade, questiono-me porque terá de ser semelhante para todo o território.
Os mapas que aqui apresento revelam como, em plena crise da covid, os diversos concelhos de Portugal se "comportaram" em termos de variação da sua taxa de mortalidade total (em função da média) no período compreendido entre 16 de Março e 23 de Abril. Como podem observar, a sul do Mondego, a variação não foi, sobretudo nos concelhos de maior dimensão (AML, p. ex.), muito significativa, o que o indica que a covid não foi muito incisiva.
Contudo, em muitos concelhos do Centro e Norte litoral, com particular preocupação na região norte do distrito de Aveiro, a variação da taxa de mortalidade foi impressionante.(cores vermelho escuro e vermelho), prolongando-se em alguns núcleos dos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo.Existem também focos relevantes em distritos de interior, embora menos povoados, e acredito que o problema da covid incidiu sobretudo em lares. Uma parte considerável destes municípios tiveram acréscimo de mortalidade em relação à média superior a 50% (vermelho escurio) e 30% (vermelho)
Ignoro se foi feito algum estudo, com dados mais recentes, e detalhados, que comprovem que o surto de covid sobretudo na região Norte está controlado. Convinha saber isso. Convinha haver essa garantia. De contrário, podemos estar a dar um passo em frente para daqui a nada nos vermos a dar dois atrás com o pânico a aumentar. Não podemos lidar com isto apenas por decreto, mas com ciência. Seria mais sensato, na minha opinião, que, além de um levantamento faseado por sector, houvesse um levantamento faseado por região.
(Bem sei que vão clamar que isso seria discriminar a população em função da região. Também convém acrescentar que não estou a defender uma discriminação territorial, mas sim uma ponderação de um misto entre faseamento territorial e sectorial, e desde que baseado em estudos e análise de risco).



quinta-feira, 30 de abril de 2020

DO MEDO E SEUS MORTAIS EFEITOS


Também se morre de medo. Ou dos efeitos do medo. Quando o Governo anunciou uma estratégia para o combate à covid - e a DGS deve, ou deveria, ter especialistas nesta matéria - tinha a obrigação de transmitir confiança e tomar medidas práticas para evitar a "fuga às urgências". Só tardiamente, na minha opinião, fez algo, mas o gráfico que apresento hoje - mais um, tem de ser - mostra que havia indicadores seguros de o medo estar a causar MUITAS vítimas indirectas da covid. E causou durante um mês inteiro. E só agora, nas últimas duas semanas, está em decréscimo.



O gráfico, a partir da informação da Vigilância da Mortalidade (SICO - DGS), mostra a evolução dos óbitos que ocorreram no domicílio da vítima, com a linha vermelha a indicar a média móvel de 5 dias e a linha cinzena o registo diário. Por regra, se se verificam significativas e bruscas variações na mortalidade no domicílio é expectável que essa diferença em relação à "base" seja devida a doenças súbitas, como AVC e enfartes.

Ora, por isso mesmo, não julguem que foi por um acaso que, ao longo da primeira quinzena de Março "andassem" a morrer em suas casas uma média de 84 pessoas por dia, e de repente, logo no dia 16 de Março (em que se anuncia a primeira vítima por civid), os óbitos no domicílio disparam para 110. É uma subida de 30%. No dia da declaração do primeiro Estado de Emergência morrem 126 pessoas em casa! Mas se fosse apenas uns poucos dias, era grave mas não gravíssimo. O problema é que esse número de óbitos foi-se mantendo anormalmente elevado (em relação à primeira quinzena de Março) até ao dia 15 de Abril. Ou seja, durante um mês a média de óbitos em casa atingiu 107 por dia. Em alguns dias superou-se a fasquia dos 120 óbitos. Somente a partir daí se tem registado um decréscimo para níveis "normais" (abaixo de 80-90 por dia).

Sempre me podem dizer que a "culpa" é das pessoas. E das vítimas. Mas eu direi: balelas! Isso não serve de desculpa. A responsabilidade é também do SNS (leia-se Ministério da Saúde). Se o SNS tem dados que permita criar indicadores de alerta em tempo quase real (o SICO permite isso), podem, e deviam, ter tomado medidas de comunicação junto das populações quando se verifica uma variação tão abruptra neste indicador, que deve ser interpretado. E ou ninguém na DGS viu isso, ou viu e não ligou, o que vai dar ao mesmo.

Espero que tudo seja diferente na próxima situação (que espero que não aconteça), sobretudo se, com o fim do confinamento, se verificar um acréscimo no número de casos de covid.


DO MAPA QUE CONTA

Consegui fazer um mapa (com algumas limitações de cores... é gratuito) para destacar os concelhos com maior variação na taxa de mortalidade TOTAL (convém estar sempre a repetir) no período 16mar-19abr. Reparem nos concelhos com vermelho mais escuro e nos casos de continuidade geográfica que alertei para a zona de Ovar, Braga e Alto Minho... Também noto ali situações de alerta em três outros núcleos: Alvaiázere-Ferreira do Zêzere-Ourém; e Vila Real-Vila Pouca de Aguiar-Murça, e também em Resende-Castro Daire-Tarouca. A sul de Vila Nova de Foz Côa, um dos epicentrtos da covid, também se encontram alguns municípios com variações elevadas. Como defendo, isto é um indicador de alerta. Convinha que a DGS fosse saber o que se anda por ali a passar. Era só.


quarta-feira, 29 de abril de 2020

DO ELOGIO DA CERCA DE OVAR, ONDE AFINAL SE MORREU TANTO DENTRO COMO FORA

A Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência (EMEE), criada pelo próprio Governo, e apenas com entidades do Estado, aplaudiu-se com o sucesso da cerca sanitária de Ovar, levantada no dia 17 de Abril, e em vigor durante um mês. Li isso no Público, e tremi: não se fazia qualquer avaliação do ponto de vista de impacte em termos de saúde pública. A autarquia disse, entretanto, que gastou 275 mil euros à conta da pandemia. Valeu a pena isto tudo? Uma resposta com três letras: NÃO!
Vou explicar, tintim por tintim, porque NÃO. E o NÃO, não é por ter sido desnecessária, mas por ter sido mal feita. Muito mal feita, e isso terá custado muitas vidas. E muito provavelmente salvou poucas. Não faço isto, portanto, por pirraça, porque pessoal e profissionalmente tenho mais a perder do que a ganhar. É por medo! É porque estamos entregues, as nossas vidas, a quem anda sem rumo, numa pseudo-estratégia, que parece científica, mas afinal é às cegas.
Vamos por partes. Quando a cerca sanitária de Ovar foi criada, em 17 de Março, aquele município destacava-se por um número então considerado significativo de casos: 55, num município de cerca de 50 mil habitantes. Supostamente, os outros concelhos das redondezas não tinham problema similar. Então, o município de Espinho contava 8, Vila da Feira 31, Oliveira de Azeméis 11, e Estarreja e São João da Madeira 0. Fechou-se só e só Ovar, e a vida e a morte continuaram o seu rumo. Dentro de Ovar, mas afinal também, e bem mal, nos concelhos das redondezas.
Note-se, primeiro, que depois de ser levantada a cerca sanitária há cerca de uma semana (17 de Abril), os casos acumulados de covid-19 em Ovar (551 casos, ou 92 por 10 mil habitantes) são incomensuravelmente superiores aos dos seus vizinhos, mesmos e estes subiram nas últimas semanas: Vila da Feira (340 casos, ou 24 por 10 mil habitantes), Oliveira de Azeméis (150 casos, ou 22 por 10 mil habitantes), Estarreja (56, ou 21 por 10 mil habitantes), Espinho (56, ou 18 por 10 mil habitantes).
Porém, como já tenho alertado (e não só eu), a maior ou menor detecção de casos positivos depende da estratégia seguida. Ou seja, teria sido muitíssimo recomendável que se tivesse feito, aquando da decisão de encerrar o município de Ovar, uma rápida averiguação, através de testes, da situação dos concelhos em redor. E, porventura, alargar a cerca sanitária para uma área de maior dimensão, tanto mais que não seria suposto que o coronavírus atacasse apenas numa base regional. Mas não, quis mostrar-se logo "serviço". Uma cerca ficava sempre bem, e mostrava ao país que o Governo agia!
Pois bem, fez-se apenas o cerco no concellho de Ovar. E vamos agora olhar os resultados, mas com dados sérios, que é aquilo que a DGS e a EMEE deveriam ter feito, e não quiseram fazer ainda.
Conforme podem observar nos gráficos e quadros, o muito significativo acréscimo de mortalidade TOTAL (e é isso que interessa, independentemente da causa oficial) no concelho de Ovar foi 42 óbitos (+ 91,1%)) em relação à média (últimos seis anos) da semana 12 (16 de Março) à semana 16 (19 de Abril). Não são divulgados dados individualizados pela DGS, mas neste caso acredito que as mortes por covid terão andado nesta ordem de grandeza para este município. Porém, significativos incrementos de mortalidade, e em alguns dos casos muitos similares, tiveram os concelhos em redor.
Com efeito, em relação à média e em igual período, Estarreja teve um acréscimo na mortalidade total de 91,1% (mais 24 óbitos) e em São João da Madeira foi de 81,3% (mais 13 óbitos). Os outros três concelhos tiveram também acréscimos muito, mas mesmo muito significativos, mas de menor percentagem. Em todo o caso, se Ovar teve este incremento de 41 óbitos (mesmo com a cerca sanitária), os outros concelhos limítrofes tiveram, no conjunto, um excesso de mortes de 131! Tudo isto sem que os concelhos em causa, com um comportamento similar a Ovar, tenham OFICIALMENTE uma incidência de casos positivos (em número absoluto e relativa à população) sequer próxima daquele município cercado ao longo de um mês.
Os gráficos e o quadro detalhado que apresento, além de informação que serviu para esta análise, mostram também que a situação nos concelhos limítrofes de Ovar foi similarmente grave em outros indicadores (p.ex., variação da taxa de mortalidade).
Esta continuidade geográfica, que indicia "ataques" de covid com incidências na mortalidade, não é caso único em Portugal. Não vou aqui apresentar esses cálculos, mas consegui identificar mais dois casos de descontrolo geográfico com variações de taxas de mortalidade elevadíssimas em concelhos limítrofes:
1) no Alto Minho, agregando os municípios de Melgaço, Monção, Valença e Vila Nova da Cerveira;
2) na zona de Braga, agregando Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho e Cabeceiras de Basto. Também aqui é muitíssimo provável que a covid-19 tenha atacado e bem, de forma silenciosa.
E, portanto, posto isto tudo, que é muito, torna-se legítimo, mais que legítimo colocar…eu ia colocar três questões, mas na verdade há muitas mais. A começar por esta: a Autoridade de Saúde sabe o que anda a fazer ou isto não está a descambar por pura sorte? E o que nos pode esperar o futuro? Esta gente é de confiança?