quinta-feira, 5 de novembro de 2020

DOS VELHOS, DOS LARES E DAS FÁBRICAS DE CADÁVERES

A DGS, Governo e presidente da República, e uma " legião" de pessoas (aquelas que apoiam lockdowns, estados de emergência, restriçõesa torto e a direito, máscaras na rua, recolheres obrigatórios), nunca devem ter perdido muito tempo a analisar onde está o calcanhar de Aquiles na luta contra a covid. 

Nem tão-pouco eles querem entender que não se ganha nada se não se conseguir atenuar a mortandade que tem atingido, independentemente do mês, os maiores de 85 anos, mesmo em períodos em que a covid estava a matar pouco.

O gráfico que apresento mostra bem como tem sido a variação da mortalidade TOTAL nos maiores de 85 anos (média móvel de 5 dias para alisar variações diárias bruscas) desde o início da pandemia. 

Com a excepção de dois dias em Junho, houve sempre excesso de mortalidade, tanto nos meses com maior incidência de mortalidade por covid (Março, Abril, Maio e Outubro), quer nos outros meses. particularmente em Julho (um desastre inimaginável), mas também em Setembro. Novembro ameaça ser terrível. E aviso já: Janeiro costuma ser o pior mês, de longe. 

Causa-me raiva (é esse mesmo o termo) ver o Governo e a DGS a não terem querido sequer compreender (e, pelo contrário, arranjaram tipos como um Baltazar Nunes, do INSA, para branquear os efeitos de um SNS em estado comatoso) quais os motivos para o sistemático excesso de mortalidade nos mais idosos ao longo dos últomos meses. E sobretudo as mortes nos lares, onde estão 100 mil pessoas, com médias de idade acima dos 80 anos, com muitas comorbidades e, por isso, bastante vulneráveis. Entra ali a covid (e quem diz covid diz infecções respiratórias) e a mortalidade dispara como fogo em palheiro.

Na verdade, embora faltem explicações (e nesta altura deveriam existir), desde Março a mortalidade nos lares terá sido sempre muito elevada quer por causa da covid quer também por causa de outras doenças que deixaram de ter acompanhamento. A pandemia é apenas um problema. E não é o menor. E pouco ou nada se tem feito, tal como nada se tem inquirido e estudado. Não se compreende como não existem dados da DGS para se conhecer, cronologicamente, a situação dos lares. Acho incrível, sobretudo porque existem normas emanada pela DGS desde Março relativas ao controlo e contabilização dos casos nos lares. Não haverá ninguém para tratar essa informação? Será necessário, como sucede com um simples relatório diário geral, contratar uma empresa externa por ajuste directo?

Achar, com tudo isto, que se consegue controlar a entrada das infecções e as mortes nos lares fechando um país inteiro é achar que se consegue tapar o sol com uma peneira. Insistir em medidas que comprovadamente poucos efeitos produzem é apenas "comprar" mais peneiras para tapar o Sol, sabendo que a luz semre passará , porque o problema não é o Sol, mas sim a necessidade a ineficácia das peneiras por muitas que se usem. O problema está na peneira; portanto, mude-sea peneira como estratégia de vã tentativa de tapar o Sol.

Se se quer evitar a proliferação da covid nos lares (que resultam numa incidência da mortalidade que estimo ser oito vezes superior à dos idosos que não vivemo nos lares (vd. meu post de ontem) não se pode continuar no actual modelo de voluntarismo, a que acresceu apenas a realização de (muitos) testes e as restrições às visitas. 

Mais do que controlar se as pessoas saem de um concelho para o outro, ou se se juntam mais de 5 pessoas, é saber se os lares (os mais de 2.500 lares) cumprem objectivamente as regras de protecção, se os funcionários usam convenientemente máscaras e procedimentos de desinfecção, eem suma garantir um reforço de profissionais de saúde qualificado em cada lar para, entre outras coisas, garantir que há um cumprimento de regras e acompanharem os idosos do pontode vista clínico (quer para covid quer para outras situações). Mobilize-se meio para os lares e garanto que a mortalidade por covid e por outras doenças decairá. 

Se isso não se fizer, nos próximos tempos, mais do que nunca os lares serão "fábricas de cadáveres".

Fonte: SICO-eVM




Sem comentários:

Enviar um comentário