terça-feira, 22 de dezembro de 2020

DO FRETE E DA ESQUIZOFRENIA

O Público continua a sua campanha sobre a Suécia, com mais um extenso artigo sobre o quão mal anda aquele país escandinavo. Não encontro, sinceramente, nenhuma outra explicação para este interesse do Público que não seja por este país ter adoptado uma estratégia flexível  e racional, apostando em recomendações em vez de imposições, não ter embandeirado nas máscaras e, hélas, ter admitido erros nos lares. A Suécia, insisto, não é o Paraíso em termos de resultados mas está longuíssimo de ser um qualquer Inferno; e pelo menos não está a colapsar socialmente, nem tem autoridades de saúde que tomam a vez de comediantes.

O curioso é ver que o Público não olha sequer para Portugal com um décimo do olhar crítico que dispõe para a Suécia, o que é estranho sendo um jornal português... Que está a acontecer com a mortalidade total em Portugal, senhor Público? Silêncio! E com os lares portugueses? Silêncio! E as mortes nos lares em Julho e agora no Outono? Silêncio! E a mortalidade por covid no Outono que até está em níveis superiores aos máximos do Brasil? Silêncio! E, etc., etc.. Caramba, será que ninguém no Público sabe olhar sequer para gráficos básicos?

Porém, hoje o Público mostra também o seu lado simultaneamente esquizofrénico e ignorante. Disponibilizou-se, aleluia!, a dar voz a um português emigrante na Suécia, Tiago Franco, que de forma muito incisiva e equilibrada expõe a filosofia de vida dos suecos que justifica a sua estratégia e as reações até do rei. E também denuncia o abuso dos media internacionais nas descrições sobre a situação da Suécia, por descontextualização ou utilização de fontes sensacionalistas. Aliás, até esclarece, fazendo de tradutor, que quando o rei sueco disse (o que chocou muitas almas europeias) que a situação era “tråkigt” não significava que para ele era “trágica” (como pareceria à primeira vista pela parecença das palavras) mas sim “aborrecida” (já agora, o Google Tradutor até traduz para o simples “chata”). 

Contudo, a jornalista do Público Andrea Cunha Freitas - que obviamente não é obrigada a saber sueco, a usar o Google Tradutor, a ler artigos de opinião no seu próprio jornal, a evitar copiar notícias sensacionalistas da imprensa sueca e, desconfio, que também não se verá obrigada a ser verdadeiramente uma jornalista - decidiu que o rei sueco classificou a situação de “terrível” em vez de “chata”. Pessoalmente, eu acho que é um bocado “chato” o Público ter ficado como está. E também “terrível “.





segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

DO FÍSICO E DO MENTAL

O vice-presidente da autarquia da Azambuja mostra nesta breve entrevista ao Correio da Manhã que o impacte da covid do ponto de vista psicológico é 24 vezes superior ao impacte sobre o físico, patente no número de linhas necessárias para descrever os efeitos em cada uma destas “facetas”. E não se pense que Silvino Lúcio foi um caso “mild”: o autarca não teve só que tomar Bufren OU só tomar Ben-u-ron para sobreviver, como muito boa gente. Teve de levar dose dupla: Bufren E Ben-u-ron. Isso deve equivaler a 1/2 dia em UCI...

DAS ESCADAS ROLANTES

O meu barómetro de Portugal são as escadas rolantes do Metropolitano de Lisboa: só acredito que as coisas que suposta e naturalmente deveriam funcionar bem acabam por funcionar mesmo bem - e estou a lembrar-me da gestão da pandemia e do plano de vacinação - quando uma Administração desta empresa pública conseguir que as ditas escadas estejam a funcionar sempre... vá lá, durante duas semanas sem avarias.

DA SEDE, A ‘DROGA’ MAIS EFICAZ PRÓS VELHOS PORTUGAS

Antes da pandemia estava eu habituado a viver numa sociedade com (alguns) ignorantes. Neste momento, chateia-me deveras viver numa sociedade que, afinal, aparenta ser de ignorantes. Ignorantes ou pessoas ideologicamente cegas... 

O escândalo em redor da suposta estratégia da Suécia por se ter ministrado morfina aos idosos em vez de os levar ao hospital em tempos de pandemia - e que, em muitos casos, derivam de opções dos próprios e/ou familiares - pode e deve chocar mentes mais cristãs como as portuguesas... Isso eu até compreendo, embora se saiba que clinicamente a esmagadora maioria dos doentes com covid sejam “inelegíveis” para as UCI (cuidados intensivos).

Só acho insuportável que, quem critique o modelo sueco, opte por enterrar a cabeça sobre o nosso burgo, e não queira saber, ou pior, queira esquecer, como morrem, morreram e morrerão os idosos portugueses em lares durante esta pandemia ou durante eventos de calor... Falta de água, a maioria das vezes, caríssimos. Isso mesmo! Deduzo, aliás, que a opção morfina só não se aplica em Portugal porque, faltando até quem possa dar um copo de água aos velhos, não haveria quem lhes pudesse dar a injecção. E talvez nem morfina houvesse. 

P. S. Edições como as do Público de ontem, de homenagem aos idosos, só servem para descansar más consciências. Pagava para que o Público insistisse junto da DGS para que fosse divulgado em cada dia o número de infectados e mortes nos lares causadas por covid e outras doenças, e comparando com outros anos. Isso sim seria jornalismo.




DO MONÓTONO PÂNICO EM FORMA DE BOCEJO

Isto da pandemia está a ficar um filme de terror que ameaça tornar-se enfadonho. Agora temos a mutação VUI - 202012/01 no Reino Unido que, no meio de muitas milhares já detectadas, supostamente está a ser o novo ai-Jesus-que-vamos-morrer-todos, apesar já ter sido apanhada no Brasil em Abril, e observada posteriormente na Austrália, em Junho, e circulada nos Estados Unidos em Julho.



domingo, 20 de dezembro de 2020

DA GRIPE E DA COVID: A COMPARAÇÃO NEFANDA

Há dias, na revista Lancet Respiratory Medicine (vdf. aqui), foi publicado um artigo científico que teve a ousadia de comparar a mortalidade (e mais outros indicadores clínicos) entre a gripe e a covid. Desde o início da pandemia do SARS-CoV-2, a começar aqui no FB, fazer alguma alusão entre gripe e covid daria (e se calhar ainda dá) azo a bloqueio e/ou nomes feios. 

O estudo francês, concluía, grosso modo, que a covid foi, na primeira vaga, três vezes mais letal do que fora o surto de gripe de 2018-2019, o mais mortífero dos últimos cinco anos. Não me surpreendeu, e, no entanto, fiquei com uma sensação de nunca ter estado errado desde o início de uma pandemia que se sustentou sempre no histerismo.

Infelizmente, estes estudos ainda se mantêm raros e, na verdade, choca-me que investigadores portugueses na área da gripe e outras doenças respiratórias continuem a contribuir activamente para colocar a covid num patamar de "doença terrível" e "incomparável".

Aliás, um dos grandes estudiosos nesta área é, curiosamente, Baltazar Nunes, professor do INSA e consultor da DGS, que ainda no Verão tentou "lavar" as responsabilidade do SNS relativamente à mortandade de idosos em Julho por afecções não-covid. Baltazar Nunes, tal como Filipe Froes, bem sabem que a covid deve ser classificada e analisada como uma infecção respiratória com características específicas, mas que não é o fim do Mundo. 

Na verdade, Baltazar Nunes é co-autor de um artigo científico publicado em 2011 (vd. aqui) que analisou, em detalhe, o excesso de mortalidade associado aos surtos gripais no período 1980-1981 e 2003-2004 (entre Outubro e Maio), e bem recordado deverá estar de vários surtos gripais particularmente mortíferos (sobretudo associados ao subtipo H3N2, o mesmo da gripe de Hong Kong de 1968-1969, que matou entre um e quatro milhões de pessoas em todo o Mundo). 

No caso específico do surto gripal de 1998-1999 (Outubro de 1998 a Maio de 1999) foi então estimada a morte em Portugal de 8.514 pessoas (com o intervalo de confiança entre 7.908 e 9.120 óbitos). Notem: este surto gripal em poucos meses matou mais do que a covi, e quando a população portuguesa era menos envelhecida. Em mais três anos o excesso de mortos foi superior a 5.000 (vd.gráfico).

Enfim, convinha começarmos a olhar, como pessoas e como sociedade, para a covid com olhos de racionalidade. A covid é uma doença perigosa, mas não é o fim do Mundo. E muito provavelmente, como sucede com o H3N2, vai-nos continuar a visitar, e teremos de encontrar estratégias racionais, assumindo que, infelizmemente, a morte está presente na vida e nas sociedades. Mas estará ainda mais presente se, como anda a suceder em Portugal, o SNS se mantiver num estado comatoso.

sábado, 19 de dezembro de 2020

DO NATAL SEM COMPOTA

O SARS-COV-2 causa estragos não apenas nos humanos: o bacalhau da antevéspera da antevéspera da antevéspera de Natal está esquisito!

DO SABÃO AZUL-E-BRANCO

Como é queremos alguma vez chegar a ter Alta Velocidade na nossa ferrovia se a CP em tempos de pandemia usa sabão azul-e-branco nos sanitários do Intercidades?

DAS OBSESSÕES DO PÚBLICO

O nosso outrora jornal de referência Público tem duas obsessões observáveis em função da frequência noticiosa. 

A primeira é a SUÉCIA, país que tem a 15a. maior taxa de mortalidade por covid na Europa e a 24a. a nível mundial. Não é, portanto, nem o paraíso nem o Inferno. Está este mês até abaixo da nossa vizinha Espanha, que tem suportado muito melhor do que Portugal a segunda vaga (o que levou a sair da esfera noticiosa). Razão da obsessão pela Suécia: os jornalistas do Público, seguindo os seus colegas do Reino Unido (por sinal bem piores do que a Suécia) nunca suportaram a estratégia daquele país escandinavo, que pessoalmente considero a mais racional, porque, tendo errado inicialmente, não se furtaram a assumir o erro e corrigirem falhas, continuando a gerir a pandemia em função da situação conjuntural (btw, não considero, pelo contrário, as medidas das últimas semanas qualquer retrocesso, mas sim a persecução de medidas sensatas, embora na essência se mantenha a postura de as autoridades tratarem os seus cidadãos como adultos). Além disso, Tegnell não anda a promover compotas, cheias de açúcar... é só isso mereceria o meu reconhecimento.

A segunda obsessão do Público: ÍNDIA. Não há quase dia em que não se saiba, pelo jornal, quantas mortes e infectados por covid se contabilizam neste país asiático. Tudo muito detalhado em números absolutos. Sucede, porém, que a Índia ocupa a 107a. posição mundial em casos positivos por milhão de habitantes e a 98a. posição mundial na taxa de mortalidade. Razão da obsessão: esquecendo que a Índia tem mais de 1,3 mil milhões de habitantes, o Público sabe que mesmo baixas taxas de incidência e mortalidade dão sempre números absolutos “generosos” para alimentar a campanha do medo. E é isso que interessa. 

Há uma terceira obsessão do Público: PORTUGAL, mas neste caso no sentido de nunca enquadrar a situação nacional num contexto internacional, e jamais investigar, com detalhe, o que se passa nos lares portugueses, que andam a “alimentar” os actuais níveis de mortalidade por covid... mas como não se pergunta... é como se o problema não existisse.




sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

DOS VAMPIROS

Durante meses, o jornalismo português só teve olhos para a covid. A morte de um cidadão ucraniano em Março às mãos do SEF mereceu pouco mais do que umas breves referências. 

Entretanto, mais de oito meses depois, “desenterrou-se” o processo, que se tornou também político. E a estremunhada imprensa, acordada do seu prolongado sono, lançou-se agora furiosamente à “caça” da viúva do ucraniano, com todas as “ferramentas” que mostram o lamaçal por onde se anda a enterrar. 

O DN relata como tem sido o cerco: “Oksana Homeniuk diz-se ‘muito pressionada’ por equipa da RTP que foi à Ucrânia. Outro canal ligou-lhe, conta ao DN, a dizer que se der a entrevista a um tem de dar a todos. Viúva de cidadão ucraniano considera-se alvo de ‘atenção exagerada’ e pede a jornalistas que dirijam atenção para processo.”

Ao pé disto - e estou a lembrar-me do filme do Coppola -, os vampiros são um primor de dignidade e cortesia perante as suas vítimas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

DO REI ACUSADOR E DO PRESIDENTE ELOGIADOR

O Rei Carlos XVI Gustavo da Suécia falou hoje sobre a gestão da pandemia: "Falhámos", disse. Sobre o nosso presidente da República, convido-vos a pesquisar no Google as palavras "Marcelo" e "elogio" (ou suas formas verbais), e vos surgirá um chorrilho de encómio, alguns quase diritambos, em torno da acção de Portugal na luta contra a pandemia, na protecção dos idosos, etc,., etc., etc...

Bem sabemos que Portugal não é a Suécia, e a maior diferença é na postura, na verdade e na transparência dos seus responsáveis políticos. Algo não corre bem na Suécia? Pois bem, admite-se, avalia-se e corrige-se, para não repetir o erro. Algo não corre bem em Portugal? Espera aí?! Algo correu mal em Portugal? Não correu nada! Ou seja, não se admite sequer, porque nem se avalia, e continua-se alegremente a errar, até porque mal nenhum haverá, excepto para quem desse mal directamente sofre, mas também a sua voz é demasiado sumida, de certo que se equivale aos zurros de burros que, como sabido, nunca ao Céu chegam.

Mas, enfim, entre o que parece e a realidade existe uma distância colossal. Os mesmos jornais portugueses que destacam as críticas do rei sueco, não querem ou nem sequer têm capacidade (coitados!) para analisar o comportamento dos dois países durante o ano d 2020 na protecção dos idosos, os mais vulneráveis à covid e a muitas outras doenças que matam. Pois bem, não faz a imprensa portuguesa, faço eu - tem sido essa a minha postura nos últimos meses.

Assim, pegando exclusivamente em dados oficiais (INE, SCB, DGS), analisei a taxa de mortalidade dos maiores de 65 anos (portanto, padronizando) ao longo dos merses de 2020, desde Janeiro até Novembro. 

Os resultados são esclarecedores: mortalidade total até 30 de Novembro para os maiores de 65 anos: Portugal com 41.730 óbitos por milhão de habitantes neste grupo etário, o que  é 12,7% pior do que a Suécia (37.041 óbitos por milhão) em igual período.

Comparando mês a mês, somente a Suécia ultrapassou Portugal em Abril e Maio, quando os lares suecos registaram vários problemas (assumidos desde cedo). A partir daí a taxa de mortalidade tem estado bem acima em Portugal, chegando a ser quase 38% superior no mês de Julho (foi muito mau ser idoso em Portugal neste mês), 20% no mês de Outubro e 26% no mês de Novembro. Dezembro não está nada famoso.

Daqui se conclui que na Suécia o rei pode estar insatisfeito, e em Portugal o presidente pode estar satisfeito, mas no fundo em Portugal os idosos estão a morrer em muito maior número do que na Suécia. É um facto, indiferente a críticas ou encómios. E é esta a realidade que vivemos em Portugal. Por muito que o nosso país se recuse a admitir. Por muito que a cegueira da nossa imprensa faça por ignorar.

Fonte: INE e SCB (estimativs da população com mais de 65 anos em Portugal e na Suécia), SICO-eVM e SCB (mortalidade total em Portugal e na Suécia par maiores de 65 anos).



DAS COMPOTAS E DO COMPORTAMENTO OU DO COMO PREGA FREI TOMÁS

Isto de andar em almoçaradas com este e aquele, e ainda por cima não respeitar a distância social, terá agora o merecido castigo: António Costa terá de se contentar com um Natal isolado, e, quando muito, receberá umas “compotas” através do “patamar das escadas do prédio”. E nem pode celebrar na véspera da véspera de Natal com um pequeno-almoço...





DA SUÉCIA, A IMPURA

A obsessão da imprensa pela Suécia atinge níveis patológicos. Hoje divulgam aos sete ventos, de forma quase orgástica, que o rei sueco assumiu que a abordagem falhou. Que queriam que ele dissesse? Que resultou? Que estava contentíssimo pelas mortes? 

Aquilo que mais me irrita na cobertura noticiosa sobre a Suécia, castigada pelos media por ser “impura", por não seguir a estratégia dos demais, é a falta de reconhecimento de uma estratégia correcta que sempre pressupôs a correcção de erros depois de se assumirem publica e transparentemente falhas nos cuidados dos lares. Numa primeira fase, durante a Primavera, terão aí morrido mais de três mil idosos. Não por falhas na estratégia aplicada à comunidade, mas por falhas nos serviços médicos nos lares, as quais não são responsabilidade da Agência sueca de Saúde Pública. Porém, desde o Verão, a situação sueca não me parece dramática dentro do contexto de uma pandemia que tem afectado países com estratégias muito rígidas, com recurso a máscaras até na rua (um absurdo), lockdowns e recolher obrigatório. Elogio a estratégia da Suécia não por ser imaculada, mas sim por ser racional, por reconhecer falhas, e adequando as medidas em função da situação a cada momento, em vez de andar a accionar medidas como baratas-tontas, sem avaliação, sem bases científicas, só porque sim, e escondendo os verdadeiros problemas.

Ainda mais curioso é reparar como a imprensa portuguesa, do qual o Público se constitui porta-estandarte, não deslarga a Suécia, que tem já menos casos positivos que Portugal, que dentro de um mês terá previsivelmente menos mortes por covid, e que (falarei com detalhe sobre isso muito em breve, com cálculos) tem tratado muito melhor os seus idosos do que o nosso país. Não vejo tanta preocupação com a Bélgica que é o país líder da mortalidade, e ainda por cima com duas ondas muito pronunciadas (aqui sim, evidente) de elevada mortalidade. 

Em todo o caso, convém relembrar que a Suécia está longe, à escala mundial, de ser um modelo de sucesso na pandemia (na Europa há muito poucos), mas não é nenhum inferno. Deixo aqui os 20 países que, apesar da suposta terrível situação da Suécia, estão com mais mortes por milhão de habitantes (e incluindo apenas países com mais de 1 milhão): 

1 - Bélgica

2 - Itália

3 - Peru

4 - Bósnia

5 - Eslovénia 

6 - Macedónia do Norte 

7 - Espanha

8 - Reino Unido 

9 - Estados Unidos 

10 - República Checa

11 - Argentina

12 - França 

13 - Bulgária 

14 - México 

15 - Arménia

16 - Brasil 

17 - Chile

18 - Panamá

19 - Equador 

20 - Hungria

P.S. As fotos são da minha viagem à Suécia em Agosto, onde se vive, apesar da pandemia. Só se morre se se viveu. Se se nasceu e não se viveu, a morte é apenas o inglório regresso ao tempo anterior ao nascimento.






DAS REGRAS

Estou confiante que António Costa não foi infectado por Emmanuel Macron. O nosso primeiro-ministro segue escrupulosamente as regras e recomendações da Direcção-Geral da Saúde, designadamente a “distância social”. Até compotas já terá comprado...





quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

DO EXTRAORDINÁRIO RESULTADO DO CONFINAMENTO NOS FERIADOS OU DOS IDOSOS QUE CONTINUAM DESPROTEGIDOS

Como tenho repetidamente defendido, desde há largos meses, interessam-me pouco os casos positivos totais, porque dependem do número de testes e da probabilidade de falsos positivos se realizados em pessoas sem qualquer sintoma. No entanto, olho com muita atenção para os casos positivos da população mais idosa (70-79 anos e mais de 80 anos), não apenas por ser o grupo mais vulnerável, mas por aí se encaixarem os casos dos lares, onde por norma não há "fumo sem fogo" (i.e., os casos positivos observam-se em grupos onde a prevalência de surtos é maior).

Ora, apesar dos dados da DGS mostrarem uma significativa  diminuição dos novos casos positivos totais desde 19 de Novembro (5.817, média móvel de 7 dias, sendo que ontem era de 3.657), na verdade os novos casos positivos na população mais idosa (mais de 70 anos) não estão a diminuir em relação a meados de Novembro, e mostram mesmo uma ligeiro aumento em relação ao início de Dezembro, quando foi imposto o recolher obrigatório nos fins-de-semana na maior parte do território. No caso da população com mais de 80 anos (alô, alô, lares), os novos casos diários têm estado em níveis bastante elevados, sempre acima dos 400.

Esta situação justifica o nível constante e elevado de mortes nas últimas semanas, e prevejo mesmo um aumento ligeiro nas próximas semanas, sendo muitíssimo provável que se venha  ultrapassar a fasquia simólica dos 100 óbitos por dia ainda este ano ou nos primeiros dias de Janeiro de 2021.

E não vai ser por causa do Natal.

E convinha mesmo saber como andam os lares...

Fonte: DGS (casos por grupo etário); Worldometers (novos casos totais)