terça-feira, 1 de dezembro de 2020

DIA 19 - POST 4: DO REGRESSO

Pensavam que ficava em Itália?




DIA 19 - POST 3: DOS CÃES DE BOLONHA

Cães, muitos cães. Não sei se a pandemia fez aumentar a população canídea em Itália, mas certo é que, de entre todas as cidades italianas que visitei neste meu périplo, não vi tantos cães como em Bolonha.






DAS ARCADAS E DAS CORES

Bolonha tem um encanto especial no laranja, no amarelo e nas suas intermináveis e incontáveis arcadas. Deve ter mais, mas como estava tudo fechado (ou quase), fica por descobrir. Incluindo a comida...







DIA 19 - POST 1: DOS CORREIOS DE ITÁLIA

Nunca mais me vou queixar das filas nos CTT... Habituamo-nos a tudo, não é? Filas e mais filas, sempre bem comportadinhos. Não vale a pena melhorar os serviços públicos. Temos tempo para esperar.

Vídeo aqui.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

DA DEVASTAÇÃO E DA CASA DE FERREIRO COM ESPETO DE PAU OU DO BOM NOME DOS JORNALISTAS E DA USURPAÇÃO DE FUNÇÕES

A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e o Sindicato dos Jornalistas condenaram "a usurpação do bom nome dos profissionais" e já apelaram "ao Ministério Público e à entidade reguladora que investiguem e fiscalizem as condutas e os grupos que promovem a desinformação".

Acho bem. Só vejo um problema: se há usurpação não é certamente do "bom nome dos profissionais", que estes já há algum tempo o andam a perder, metendo-o no lamaçal. Eu já não tenho muita paciência, porque me irrita solenemente, estar aqui a elencar a ignorância, o enviesamento tendencioso e sensacionalismo de grande parte da nossa imprensa em torno da pandemia. 

Mas tenhode falar de um artigo do Público de hoje, porque é paradigmático sobre a "desinformação" e até sobre "usurpação" de funções.

O título do artigo (vd.em baixo) vai ao pior estilo do sensacionalismo: Carla viu a “devastação” do vírus e voluntariou-se para receber a vacina de Oxford´'. 

A Carla - e vejam como um título mete um nome próprio para que, subrepticiamente, de forma malandra, se pisque o olho ao leitor, como se a Carla pudesse ser qualquer um de nós - é uma terapeuta ocupacional no Serviço Nacional de Saúde britânico que decidiu voluntariar-se para o ensaio clínico de uma vacina, e explica os motivos da sua decisão e como a coisa correu. Até aqui, enfim, tudo bem. O problema está mesmo no título.

O título diz que a Carla viu a “devastação” do vírus. Está entre aspas, o que significa que seria uma palavra dita pela dita Carla. Só que... essa palavra não consta no interior do texto. Não foi dita nem um qualquer sinónimo. A coisa mais parecida com devastação - a quilómetros de distância - é o seguinte relato: "Tive um paciente que estava a acompanhar há seis meses que faleceu com o vírus. Foi uma experiência bastante negativa na minha carreira (...)". Portanto, estamos falados quanto a devastação.

Vamos agora a uma questão mais delicada. E não é um preciosismo. Se o Sindicato dos Jornalistas e a CCPJ estão tão preocupados com a usurpação de funções de jornalista, comecem então a fiscalizar a própria imprensa. Por exemplo, a autora do dito artigo devastador, Sofia Neves, é apresentada pelo Público como sendo Jornalista, mas, na verdade, é Colaboradora (CO458 A). Isto não é um preciosismo: os Colaboradores são profissionais que exercem "regularmente actividade jornalística sem que esta constitua a sua ocupação principal, permanente e remunerada". Não são jornalistas, nem podem dizer que o são, porque não têm exclusividade, são pagos também por outras entidades fora da esfera da comunicação social. E a exclusividade é um reforço da isenção.

Aliás, acho absurdo que alguém que publica artigos com uma regularidade impressioante sobre cOvid - só este mês assinou, em autoria ou co-autoria, 38 artigos - não tenha como profissão exclusiva o jornalismo. Que outra profissão terá Sofia Neves? 

Espero que não me acusem de estar a deconfiar da Sofia Neves, quem nem sequer conheço. Apenas quero relembrar que no jornalismo se aplica a lei da mulher de César, e relembrar também que foi muito por causa dos jornalistas que os políticos passaram a fazer "declarações de interesse". Daí que também seria bom que os Colaboradores da imprensa declarassem quais são as entidades (fora dos media) às quais estão associados e que os remuneram. Seria em prol da necessária transparência nos tempos que correm.

Nota: Nos primeiros comentários coloco a notícia integral em imagem tirada às 19h30... Não vá o diabo tecê-las e surgir uma versão que adita a palavra "devastação"  no corpo do texto.










DIA 18 - POST 4: DO INSÓLITO

Eu bem que estava a preparar um post para destacar que Bolonha é, à falta de lhe provar a comida condignamente (restaurantes fechados), a cidade laranja e amarela cheia de arcadas... Porém, entrei na Basílica de São Francisco e vi um tipo a passear o cão...


DIA 18 - POST 3: DA IMAGEM DA VERDADEIRA PANDEMIA

Enquanto grande parte dos Governos “brincam” com face masks, lockdowns, curfews & vaccines, a vida continua. Para muitos, uma subvida, esperando migalhas.






DIA 18 - POST 2: DO TRANSBORDO

Antes de Bolonha, o Prato...



DIA 18 - POST 1: DA FLORENÇA, A TRISTE

De todas as cidades italianas que conheço agora (que incluem Veneza, Trieste, Roma, Nápoles, Palermo, Catania, Cagliari e Pisa), Florença é a mais encantadora. Porém, saio daqui com uma tristeza na alma. Com tanto saber na sua alma, de séculos, foi aquela onde senti que o medo, filho da ignorância e da irracionalidade, mais medrou. E isso é uma merda.







domingo, 29 de novembro de 2020

DOS INSONDÁVEIS CRITÉRIOS JORNALÍSTICOS

Talvez me possam acusar de andar a embirrar com o Público, mas, se assim é, deve-se sobretudo ao facto de ter "crescido" a tê-lo como uma referência de bom jornalismo (e eu trabalhei no Expresso e na Grande Reportagem). Por isso, continuo surpreendido com os seus "estranhos" critérios para a selecção das notícias sobre a pandemia no Mundo.

Ora, tenho vindo a reparar que o Público aprecia particularmente países populosos, o que dá sempre garantias de muitos mortos (absolutos), mas também reparo que a sua "apetência" em relação a outros países esmorece à medida que a evolução parece não ser muito "favorável" ao fomento do pânico.

Exemplos disso, são a Suécia (que só surge agora fugazmente se alguma restrição se faz, mas, que raio!, nunca ao nível das máscaras), a Espanha (ora, que chatice!, ainda por cima não há qualquer colapso hospitalar... segundo o último relatório, só 12% das camas-c0vid estão ocupadas e 28% das camas-UCI) e os nossos "irmãos" do Brasil.

Para tentar encontrar uma lógica (ou não) nos critérios do Público, dei-me ao trabalho de analisar a situação dos sete países que mereceram referências em notícias da edição online de hoje, a saber: Reino Unido, Itália, México, Indonésia, Índia, República Checa e Alemanha. A minha análise incidiu na mortalidade por covid no período de 18 a 27 de Novembro (10 dias). Através do gráfico, em que confronto esses países com a situação portuguesa (acrescentando ainda Suécia, Espanha e Brasil), podem ver o quão ridículo é incluir a Indonésia e a Índia sem se enquadrar as suas dimensões populacionais. Além disso, no caso do México - que está sempre a ser apontado periodicamente - nunca é referido que, além de ser menos grave do que a portuguesa (em termos relativos), a sua situação espelha um padrão quase constante de mortalidade desde o Verão, sendo que as flutuações diárias (picos) que reflectem sobretudo o método de contabilização das vítimas.

Ah, e sobre a Suécia, o Brasil e a Espanha? Bom, esqueçamos esses países: não constam já do mapa mundi do Público.

sábado, 28 de novembro de 2020

DA FALSA SEGUNDA ONDA

Muito se tem falado da "segunda onda" da covid, e há quem anuncie uma terceira ou quarta ou quinta... ou, enfim, não tantas porque seremos todos salvos pela fantástica vacina que, afinal, parece não ser eficaz para os mais idosos (o grupo mais vulnerável).

Já tenho feito análises sobre a situação europeia, mas perante uma notícia recente sobre a situação dos Estados Unidos publicada no Washington Post e amplificada pelo nosso Público, decidi olhar para o outro lado do Atlântico com mais atenção. A notícia denunciava que as mortes por c0vid estavam a atingir níveis "sinistros" (tradução sensacionalista do Público) desde o início da pandemia.

Todos estarão ainda certamente recordados dos relatos na Primavera sobre a situação de Nova Iorque. Mas estará Nova Iorque a ter uma segunda onda agora? Resposta: não! Nem Nova Iorque, nem New Jersey nem Massachusetts nem Connecticut nem Louisiana, que são os Estados que apresentam maior taxa de mortalidade acumulada nos EUA. Na maior parte dos Estados que estiveram em situação mais dramática na Primaveira, a mortalidade diária (que padronizei para 10 milhões de habitantes) em Novembro é muitíssimo inferior. Ou seja, após o impacte da primeira onda, não veio uma segunda tão ou mais forte. Esqueçam o "filme" da Gripe Espanhola.

Na verdade, neste país, tal como na maior parte dos países da Europa, as mortes estão a aumentar sobretudo nos Estados que tinham sido poupados na Primavera e que começaram a ser atingidos sobretudo a partir do Verão, como são os casos do Texas, Florida e Illinois. A situação da California é bastante interessante - até pela questão climatática com Portugal -, porque a mortalidade até atingiu o seu máximo durante o Verão, estando agora os valores diário em Novembro muito semelhantes aos da Primavera.

Decidi colocar no gráfico a situação portuguesa como termo de comparação. Até para ver se o Público encontra um adjectivo acima de "sinistro" para colocar em Portugal e, depois, com isso avaliar a actuação do Governo de António Costa.




terça-feira, 24 de novembro de 2020

DO FERNANDO NOBRE, DA PIMENTA NA LÍNGUA, DO POLÍGRAFO, DA ESTAGIÁRIA E DA PIMENTA A DEVOLVER EM SUPOSITÓRIOS

Isto seria cómico se não fosse trágico. O famigerado Polígrafo utilizou uma estagiária de jornalismo, de seu nome Maria Leonor Gaspar - com o extraordinária currículo de licenciada em Estudos Portugueses pela FCSH e pós-graduada em Jornalismo e Comunicação Audiovisual pela ETIC (que nem sequer é de ensino superior) -, para desmentir categoricamente Fernando Nobre, médico com longo e meritoso percurso, além de professor universitário. Em causa estavam as suas declarações na entrevista ao 'invertebrado' Unas de que "os assintomáticos não transmitem o vírus".

Mas não foi um simples desmentido. A estagiária Gaspar lá foi falar com este e mais aquelE e aqueloutro. E depois zás!, "pimenta na língua" de Fernando Nobre. Eis com que "massa" se faz um Polígrafo: fermentando-se com uma estagiária de jornalismo que, do alto da sua "cátedra de ignorância", disserta sobre assuntos complexos.

Nem de propósito, no dia anterior (dia 20) à escrita desta 'coisada', a Nature (que tem uma cotação mais elevada, parece-me, do que essa "coisa" chamado Polígrafo) publicou um artigo científico sobre um estudo em Wuhan, envolvendo quase 10 milhões de habitantes, onde se concluiu que "não houve evidência de transmissão de pessoas positivas assintomáticas para contatos próximos rastreados". Que chatice: a estagiária Gaspar não lê a Nature.

Enfim, acho que Fernando Nobre deveria devolver de imediato a pimenta ao Polígrafo sob a forma de supositórios. 

Nota: O título da estagiária pode ser consultada na Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (aqui). O artigo da Nature pode ser consultado aqui. O DN fez notícia no dia 22, que pode ser consultada aqui.





DA DESGRAÇA DOS LARES OU DA PERGUNTA QUE OS JORNALISTAS NÃO FAZEM NUNCA

As informações são escassas - apenas se sabe o número de surtos - e a nossa imprensa, enfim, continua a fazer vista grossa, entretida com a análise das restrições. Vejam esta evolução:

a) No dia 2 de Setembro, a DGS divulga no seu site que há 23 lares com surtos activos.

b) Cerca de duas semanas depois, no dia 16, o Observador aponta surtos em 35 lares.

c) Em 23 de Outubro, o Ministério da Saúde revela que existiam então 107 lares com surtos, afectando cerca de 1.400 utentes. 

d) Um mês depois, a 23 de Novembro, é divulgada a existência de 182 surtos em lares de idosos.

Em cerca de dois meses e meio, os surtos em lares aumentam 8 vezes, e 159 em termos absolutos

Isto pode parecer pouco, mas é imenso. É catastrófico. Por um lado, embora a DGS continue a sonegar essa informação, cada surto afecta, por norma, uma muito elevada quantidade de idosos (os mais vulneráveis), que quase apenas têm contacto com funcionários (o que revela falhas de protecção activa nessas instituições).

Por outro lado, e ainda mais importante, 182 surtos em lares significa mais de 8% do total (assumindo que, entre legais e ilegais, existirão 2.200 lares em Portugal). Mostra sobretudo uma gritante falta de protecção dos mais idosos. 

Se acham que não, vejam: se esta incidência fosse semelhante fora dos lares (na casa dos portugueses, cerca de 4 milhões de alojamentos de residência permanente) e mesmo assim só estivesse a infectar uma pessoa teríamos então, actualmente, 332.000 infectados. Ora, incluindo idosos nos lares, temos actualmente 84 mil infectados. 

Em suma, grande parte das medidas políticas (muitas absurdas) têm, em última análise, como escopo, proteger os lares de idosos. Porém, a facilidade com que a c0vid entra nos lares continua a surpreender-me, o que apenas é suplantado pela indiferença com que esta matéria é tratada a nível político e meditático. 

Seria muito bom sabermos, nesta fase crucial, quantos mortos por covid em Novembro eram utentes dos lares. Há por aí algum jornalista com coragem ou vontade de saber isso? Ou não?



segunda-feira, 23 de novembro de 2020

DO MILAGRE

A gripe e as outras infecções respiratórias nos primeiros 22 dias de Novembro representam apenas cerca de 30% da média dos últimos quatro anos, e registam uma descida de quase 80% em relação a 2019. Além disso, mostram uma estranha tendência de decréscimo ao longo do presente mês, em contra-ciclo com o seu padrão de sazonalidade. Há tanta coisa aqui a merecer explicações sérias...



domingo, 22 de novembro de 2020

DA ANÁLISE À MORTALIDADE DOS MAIS IDOSOS OU DA BOA NOTÍCIA E DA MÁ NOTÍCIA

Vamos a uma análise detalhda (mesmo estando em terras italianas) que, em certa medida, explica porque, em primeiro lugar, eu julgo que a histeria em redor da pandemia é injustificável, mas simultaneamente me mostro extremamente preocupado com a situação dos idosos. Não é um contra-senso, como verão. Aliás, como tenho defendido, tem sido a histeria, as medidas políticas do tipo baratas tontas e o estado comatoso do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que é a nossa verdadeira "pandemia", estando a causar já graves efeitos colaterais imprevisíveis, que se prolongarão a médio e longo prazo.

Um ponto prévio, que raramente é alvo de análise. Em termos absolutos, seria "normal", independentemente da pandemia, que morressem mais idosos. A população com mais de 85 anos tem vindo a aumentar de forma galopante. Segundo o INE, em 2013 viviam cerca de 249 mil pessoas desta faixa etária; em 2019 eram já 316 mil. Ora, neste grupo a mortalidade é sempre elevada, estando por ano acima dos 150 óbitos por 1.000 habitantes, i.e., em cada 100 idosos desta idade é expectável que morram 15. É a lei da vida, infelizmente, que muitos se esquecem.

Posto isto, para a faixa etária dos maiores de 85 anos, considerando a mortalidade em cada ano (ano N) e cruzando com a população deste grupo do ano anterior (ano N-1), podemos assim calcular a taxa de mortalidade num determinado período. Para os menos atentos, a taxa de mortalidade MEDE o número de óbitos por 1.000 pessoas para um determinado grupo etário. Significa isso que num determinado ano pode suceder um aumento absoluto de óbitos mas observar-se uma diminuição da taxa de mortalidade, se a população alvo tiver aumentado bastante. Esse deve ser sempre o indicador de referência.

Assim, fiz cálculos da taxa de mortalidade do grupo dos maiores de 85 anos para 2014 até 2020, e nos seguintes períodos (vd. gráficos e, para os cálculos vd. dois primeiros comentários):

a) 1 de Janeiro até 20 de Novembro; 

b) 1 de Janeiro até 15 de Março (pré-pandemia);

c) 16 de Março até 30 de Junho (1ª fase da pandemia); 

d) 1 de Julho até 20 de Setembro (período entre as duas fases da pandemia, incluindo o Verão "negro" com elevada mortalidade)

e) 1 de Outubro até 20 de Novembro.

Principais conclusões, sempre referentes aos maiores de 85 anos, a população mais vulnerável à c0vid e a outras doenças, que talvez sejam surpreendentes, para quem anda desatento:

1 - Apesar de toda a histeria, a taxa de mortalidade (TM) em 2020, até 20 de Novembro, não é a mais elevada desde 2014. O ano de 2015 registou uma TM 1,5 pontos permilagem (p.p.m.) acima do valor deste ano. O valor deste ano é, porém, muito mais elevado do que 2019 (+ 7,6 p.p.m.).

2 - O agravamento da mortalidade em 2020 pode explicar-se, em grande medida, por o ano de 2019 ter sido particularmente menos mortífero para os maiores de 85 anos, e sobretudo por o período imediatamente anterior à pandemia ter tido um surto gripal pouco agressivo. Com efeito, no período de 1 de Janeiro até 15 de Março, o ano de 2020 foi o menos mortífero, com uma TM que foi 12,6 p.p.m. abaixo da de 2015 e mesmo mais baixa 5,1 p.p.m. em relação a 2019. Significa que a c0vid surgiu com um sugrupo populacional vivo mas bastante vulnerável.

3 - A primeira fase da pandemia (16 de Março até 30 de Junho) teve um impacte na mortalidade nos mais idosos, mas não exagerada. Com efeito, apesar de ser 2020 ter sido o ano com mais elevada TM, esteve apenas 1,1 p.p.m. acima de 2015, mas já 4,2 p.p.m. acima de 2019. Note-se, porém, que mesmo assim, a TM acumulada em 30 de Junho era então ainda ligeiramente menor em 2020 (83,5 por mil) do que em 2019 (84,5). Ou seja, a primeira fase da pandemia não trouxe um efeito relevante na mortalidade dos mais idosos.

4 - O período estival (Julho a Setembro), quando a c0vid estava a matar pouco, a TM em 2020 foi a mais elevada no período em análise, estando 1,5 p.p.m. acima do ano mais próximo (2016) e 5,6 p.p.m. acima de 2019. Este foi o período que, de forma inequívoca, demonstrou o colapso do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que se mostrava já evidente durante a primeira fase da pandemia.

5 - O período outonal (1 de Outubro até 20 de Novembro), correspondente à segunda fase da pandemia, mostra um reforço da tendência de uma TM mais elevada em 2020 do que nos anos anteriores, estando com valores 2,0 p.p.m e 2,8 p.p.m. acima dos anos de 2016 e 2019, respectivamente. São valores elevados, mas ainda não catastróficos, se se considerar que, mesmo assim, como se indicou no ponto 1, a TM de 2020 ainda não é a mais elevada. Contudo, a tendência é preocupante, pois parece evidente que, mais do que a c0vid, subsiste o estado comatoso do SNS, que atinge com particular gravidade os mais idosos, que, mesmo não tendo c0vid, estão sujeitos a mil e um problemas que necessitam de acompanhamento médico quase contínuo. Não o tendo, simplesmente morrem mais.