domingo, 27 de dezembro de 2020

DAS PINÇAS

Independentemente de eu julgar que algumas medidas anti-covid são absurdas, sou adepto do Estado de Direito, a ser aplicado por igual, quer às maiorias quer às minorias. 

Consta haver um casamento que dura há 6 dias num bairro de Alter do Chão - e não é necessário que os jornais refiram de que casamento se trata - e supostamente a GNR não consegue parar a festança. 

Ler numa notícia que “os moradores insistiram no alerta à GNR [sobre o reatar das celebrações], mas em desvantagem numérica os militares do posto local foram impotentes para pôr fim à festa”, é lamentável quer nos confins do Alentejo, quer em Lisboa, e apenas contribui para agudizar a percepção, mesmo que errada, de fraqueza do Estado e de inexistência de leis para certas minorias (independentemente das circunstâncias sociais). 

São coisas destas, tão simples, que fazem crescer “coisas” como o Chega. E isso, a prazo, é péssimo. Para todos, incluindo as minorias.

sábado, 26 de dezembro de 2020

DAS JANELAS ABERTAS E DAS PORTAS FECHADAS

Ainda sobre a campanha de terror do Governo/SNS/DGS, que tal seria se abrissem as portas do SNS para se fazerem os exames, os diagnosticos e as consultas que têm vindo a ser sucessivamente adiados?

Nota: Em cima, frame da campanha do SNS; em baixo, minha proposta para campanha alternativa.

DA PERGUNTA ESSENCIAL

Se eu (ainda) fosse jornalista, haveria uma pergunta essencial a ser feita ao Ministério da Saúde, podendo, em função da resposta, adicionar outra:

Quando todos os utentes e todos os funcionários de um lar em concreto forem vacinados, essas pessoas podem deixar de usar máscaras, passar a receber visitas e recuperar as actividades normais pré-pandemia?

Se NÃO, porquê?

DOS DOIS METROS

Quem não cumprir a distância dos 2 metros pode ter duas consequências: 

a) vai parar aos cuidados intensivos (como na campanha tétrica do Governo/SNS/DGS), 

b) para visitar o Marcelo só por holograma (como na minha sugestão para a versão 2.0 da campanha).... 

Nota: Estou a fazer estas sugestões pro bono.´

DO NOVO ENTRETÉM

Com a chegada das vacinas a Portugal, a nossa imprensa tem novo entretenimento. Aposto 100 euros como a partir do início do programa de vacinação os media vão começar a injectar-nos os números de pessoas vacinadas em cada dia.

As notícias passarão a ser assim: “Hoje foram vacinadas X pessoas e houve Y casos positivos, menos Z do que ontem... também houve W mortes, menos T do que ontem... Estranhamente, morreram em todo o país U pessoas por causas diversas, mais Q do que ontem”... 

A última frase da citação é ficção: os media nunca informam que há mais mortes além da covid.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

DA OUTRA PERSPECTIVA

Como tenho salientado, ao longo dos meses, a minha fundamental crítica à estratégia anti-covid é a sua obsessiva focagem nesta doença, de má sorte que a mortalidade por doenças não-covid tem sido largamente superior à causada directamente pelo SARS-CoV-2, consequência da ausência de confiança das populações nos hospitais e do adiamento de cirurgias, exames e diagnósticos.

Portanto, acho que a campanha do Governo/SNS/DGS que nos "responsabiliza" por não usarmos máscaras (imagem de cima), deveria ser devidamente enquadrada e complementada. Deixo o meu contributo na imagem de baixo.

DAS CAMPANHAS DE SENSIBILIZAÇÃO

Tenho estado a apreciar as campanhas do Governo/SNS/DGS em redor da covid. O "almoço de família" é um must: de repente, somos confrontados com uma visão tipo raio-X que transforma um alegre convívio gastronómico numa esverdeante pocilga marciana.

O Governo tem "visão" para a coisa. Aliás, está explicado porque os transportes públicos não são um problema quando nós, enfim, simples terráqueos, pensávamos que eram. Na verdade, metendo a "máquina especial" do Governo, para se ver aquilo que nós não vemos, constatamos que, afinal, qualquer carruagem da CP depois da hora de ponta servia perfeitamente para fazer as cirurgias que se adiaram nos hospitais.



DA CAMPANHA: OS FILIPES

Um pouco de (tentativa de) humor para aplacar a "campanha do André" do nosso querido SNS...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

DA DOENÇA MAIS RARA DO MUNDO OU DO ACREDITAR NO PAI NATAL

Quero prestar a minha maior solidariedade, e desejos de rápidas melhoras, ao único português (anónimo) a quem ontem foi diagnosticada a (actual) mais rara doença do Mundo: a gripe.

De facto, ontem, o SNS registou 1 caso de gripe (incluindo sídrome gripal), o que constitui 0,3% (arredondado para cima) do número contabilizado para o mesmo dia do ano passado, sendo que sobe para 8,4% em relação às outras infecções respiratórias, que incluem pneumonias, bronquites e broncopneumonias... E estamos no Inverno!

Os Governos e a imprensa garantem-nos que o SARS-CoV-2 anda a multiplicar-se em estirpes, variantes, castas, cepas, raças, linhagens, pervincos e o diabo a quatro, causando infecções múltiplas, reinfecções e co-infecções... Já os vírus da gripe e os vírus e bactérias (que são muitos) causadores de pneumonias, bronquites e broncopneumonias, esses todos, fizeram férias. 




DA CAMPANHA

Sou apologista de campanhas direccionadas. O SNS fez uma focalizada nos "Andrés"; eu, que sou menos criativo, recorrendo ao plágio, fiz a minha para os "Antónios". Também vou fazer para as "Graças"...



DO TERRORISMO DE ESTADO

A suposta campanha da Direcção-Geral da Saúde é inqualificável. Isto é sensibilização pelo pânico e pelo terror...

P.S. Já agora, porquê André? Não podia ser António? Ou Graça?





DA NORMALIDADE TRAVESTIDA DE ANORMALIDADE

O Público tem adorado vender notícias do “cão morde o homem” como se fossem “homem morde o cão”... Infecções simultâneas com variantes, reinfecções, co-infecções e o diabo a quatro com vírus causadores de infecções respiratórias, desde gripes até resfriados, passando agora pela covid (onde é vulgar a co-infecção com vírus da influenza) têm sido reportados em artigos científicos nos mais variados anos. É uma coisa natural, e não merece o destaque sensacionalista que começa a ser norma neste jornal. Deixo aqui exemplos numa pesquisa em revistas que me demorou um minuto. O primeiro artigo é de 1979...




quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

DA IGNORÂNCIA, MÃE DO MEDO, O MARIDO DA HISTERIA, ou DA VERDADE, SUA IRMÃ IGNORADA

No ano da pandemia da covid, e de um massacre mediático sem precedentes em que a morte e o pânico se moldou à nossa vivência - como a Igreja fazia na sociedade até ao século XVIII -, afinal fica-se a saber que a percentagem de óbitos em 2020 nos diferentes grupos etários dos maiores de 45 anos foi menor do que em 1995, menor do que foi em 2000 e menor do que em 2010.  Não me recordo de, nesses anos de 1995, 2000 e 2010, assim não tão longínquos, se ter vivido com tanto medo. Podia colocar aqui os gráficos com mais anos para provar que 2020 está a ser um ano pouco anormal, para não dizer normal...

Amanhã mostro-vos a situação para os diversos grupos etários dos menores de 45, só para vos azucrinar o Natal. 

Ah, e caso não saibam: vamos todos morrer... mesmo se mais tarde e em menor quantidade relativa em comparação com a esmagadora maioria dos anos precedentes. Mesmo com a covid por aqui.

Fonte: INE e SICO-eVM. A taxa de mortalidade erm 2020 foi estimada tendo em conta os registos acumulados de óbitos por grupo etário até 20 de Dezembro e assumindo que nos restantes 11 dias do ano a mortalidade diária era equivalente à média dos primeiros 20 dias de Dezembro. A taxa de mortalidade é contabilizada em relação à estimativa da população do ano anterior feita pelo INE.






DA APARENTE CHATICE E DO DRAMA DE SE MORRER VELHO... QUE AFINAL DEVIA SER UMA CELEBRAÇÃO

Pelas mais diversas maleitas, incluindo covid, este ano deverão morrer um pouco  mais de 52 mil idosos de idade superior a 85 anos. Um drama!, dirão muitos. Sim, se fizermos mal as comparações. Por exemplo, se compararmos directamemnte com 1971 seria impossível tal suceder, porque... enfim, só existiam então 44 mil idosos nesta faixa etária.

Na verdade, assistindo ao chinfrim e ao horror deste ano de 2020 - em que o objectivo da maioria é apenas sobreviver, e não viver, e prescindindo de conviver - parece que estávamos muito bem nos anos 70 ou mesmo antes disso, quando os velhos com  mais de 85 anos morriam muito pouco. Era um aqui, outro ali; um hoje, outro daqui a uma semana ou mês. Deduzo que no tempo da gripe espanhola morreram poucos idosos com mais de 85 anos. Desconfio, aliás, que na época da Peste Negra não terão sido mais de meia dúzia em Portugal... pelo simples facto de ser raríssimo chegar-se a essa idade.

De forma muito estranha, vivemos hoje, especialmente nesta época de pandemia histérica, um paradoxo: choramos o sucesso. Com efeito, se compararmos para Portugal as taxas de mortalidade de 2020 em TODAS as faixas etárias, TODAS sem excepção serão mais baixas do que foram no ano 2000, mesmo para os mais idosos. isto devia ser motivo de regozijo, mesmo em época de pandemia, mas não é: sente-se o medo e o pânico. A imprensa mostra u cenário apocalíptico.

Numa sociedade de baixa literacia matemática, sobretudo nas elites "culturais" (o que torna este tipo de literacia ainda mais pernicioso, porque não há pessoa mais perigosa do que, por exemplo, um filósofo completamente ignorante em Matemática), por certo que se considerará negativo que 43% do total das mortes sejam de maiores de 85 anos (como acontecerá em 2020), quando em 1995 este grupo representava apenas 22,2% do total dos óbitos. O drama é morrer-se velho quando, nas anteriores gerações, se morria novo, ou quando ser-se velho era ter 65 anos, ou mesmo 40 anos como se vêem em alguns documentos do século XVIII ou XIX, 

Morrer mais velhos, morrermos cada vez mais velhos, meus amigos e minhas amigas, não é um drama. Pelo contrário. É uma vitória, mesmo se efémera. O drama é, sim, a morte; o drama não é conseguirmos adiar a morte, não é conseguirmos (como estamos a conseguir) reduzir a mortalidade em todas as faixas etárias ao longo das últimas décadas. 

Devíamos sim estar optimistas, e a celebrar a vida que a Ciência e a Medicina nos prolonga, de sorte a chegarmos ao final da segunda década do século XXI e estamos perante um novo vírus que mata proporcionalmente menos pessoas do que uma gripe mais agressiva nos anos 90 do século XX. E sobretudo vivermos e convivermos, não deixando que a Política e a Imprensa nos convençam que é um perigo viver e conviver; e que a vida serve apenas para sobreviver sob a promessa impossível de risco zero de morte.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

DO VERDADEIRO IMPACTE DA PANDEMIA NOS IDOSOS DE PORTUGAL: QUASE NADA

Isto chega a ser irónico, se não fosse trágico. Nas últimas duas décadas e meia, Portugal triplicou a sua população com mais de 85 anos (eram pouco mais de 100 mil; em 2019 suplantavam os 315). Desde o início da década aumentou quase 40%. Isso é bom? Para muitos parece que não, porque, embora seja bom sintoma de crescimento da expectativa de vida, aumentando a população idosa, hélas, há assim mais mortes de pessoas com mais de 85 anos em cada ano. 

Enfim. Não se pode querer tudo. E, por muito que me esforce, não há forma de mostrar essa evidência. Deste modo, no meio do histerismo colectivo, torna-se difícil chamar as pessoas à razão, pedindo-lhes que olhem para a realidade com o devido enquadramento. Olhem para a realidade através de uma análise racional. Olhem para a realidade através da taxa de mortalidade, porque se assim não fosse então até eu diria que a Peste Negra matou menos pessoas de 85 anos do que a covid, pelo simples facto de ser muitíssimo raro chegar-se aos 85 anos no século XIV....

Peço-vos, encarecidamente, que mostrem ao número máximo possível de pessoas esta breve análise (e posso fazer, a pedido,para outros grupos etários). Vejam o que está a acontecer no ano da suposta "grande desgraça" de 2020 para os maiores de 85 anos, e assumindo que nos últimos 11 dias de Dezembro irão morrer, em média por dia, o mesmo número registado nos primeiros 20 dias do mês. 

Se assim for, contabilizam-se 53.142 óbitos em maiores de 85 anos. É muito? Respondo já: É. E acrescento mais: será primeiro ano desde que há registos que terá mais de 50 mil óbitos nesta faixa etária. 

Mas, pergunto ainda eu (de forma retórica);: isto deve ser relevado assim, de uma forma desenquadrada? Resposta, a gritar a plenos pulmões: NÃO. Será uma estupidez, uma ignorância, se alguém não contextualizar esses óbitos na população (estimada pelo INE) no ano anterior. Isto é, se não calcular a taxa de mortalidade.

Ora, se assim fizer - como só pode -, o ano de 2020 terá 166 óbitos por mil habitantes (ou 16,6%). É lamentável porque todo o fim de vida é lamentável, mas é uma situação praticamente normal. Na verdade, o ano de 2020 será, para o grupo etários dos maiores de 85 anos (os mais vulneráveis à covid e a todas as doenças mortais), o pior desde 2010 mas será apenas o 16º pior ano desde 1995, não se destacando negativamente muito dos valores da presente década, que andaram quase sempre na "casa" dos 160 óbitos por 1.000 habitantes desta faixa.

Na verdade, se alguém olhar, num futuro longínquo, para a taxa de mortalidade em 2020 para o grupo dos mais idosos não dirá que houve qualquer pandemia: este ano aparenta ser apenas um ano em que morreu um pouco mais porque veio na sequência de um outro (2019) que tinha sido menos mortífero. E concluírá, porventura, que ser-se idoso nos anos 90 - onde "só" havia gripes - era bem pior do que ser-se idoso em 2020, quando houve covid.

Fonte: INE (óbitos por grupo etário e estimativa da população por grupo etário).