segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

DO BALLET RUSSO OU DA ROLETA RUSSA

Manuel Carvalho, que como director se está a comportar como o coveiro da credibilidade do Público, sentenceia em editorial que o “primeiro dia [da vacinação] correu bem”, como um “ballet russo”, e portanto “ponto final”. 

Começo a desconfiar que Manuel Carvalho não lê o seu próprio jornal nem sequer olha para as fotos. Como é que um director feito paladino e defensor devotado e acrítico de todas as medidas e todas as declarações do Governo, que promove e publica anúncios de campanhas tétricas a apelar contra convivência familiar e da proximidade física, acha sensato o ajuntamento de jornalistas, e dos seus, numa dos mais patéticos eventos à la Coreia. Aquilo que eu vi, pelas imagens das televisões e fotografias, não foi um ballet russo; foi uma roleta russa.


DA IRRESPONSÁVEL PALHAÇADA OU DO ANDAR A GOZAR COM A MALTA

A ministra da Saúde aprovou uma campanha tétrica do SNS que culpabiliza os encontros familiares e a não distância social por casos graves de internamento (e presumo, morte). 

Ontem, porém, Marta Temido participou na festa da primeira vacina, esteve presente na sala, bateu palmas e viu bem o amontoado de repórteres de imagem. A campanha do SNS deveria assim ser revista. Aqui em baixo segue a minha sugestão.



domingo, 27 de dezembro de 2020

DOS MALVADOS SUECOS E DOS OUTROS POVOS QUE DETESTAM VELHOS

Numa rápida consulta, constatei que a primeira pessoa a ser vacinada na Suécia foi uma idosa de 91 anos num lar (primeira foto). Notem, como bem foi salientado num comentário em baixo, que a idosa sueca não usa máscara, enquanto a enfermeira sim, o que me parece correctíssimo.

Na Espanha foi uma idosa de 96 anos (segunda foto), também num lar.

Na França, uma outra idosa de 76 anos, que vive num centro de cuidados continuados (terceira foto).

Na Alemanha, um idosa de 101 anos, que também vive num lar (quarta foto).

Na Dinamarca, um reformado de 79 anos.

Por sua vez, a Itália decidiu ser melhor começar numa enfermeira de 29 anos. A Polónica optou também por uma enfermeira, de idade que não consegui apurar. 

Portugal, como se sabe, começou por um médico de 65 anos. De entre as cerca de 10.000 vacinas que chegaram no primeiro lote, nenhuma se destinou a lares (utentes e funcionários) ou a reformados. Em Portugal, onde vivem 100 mil pessoas em lares registam-se cerca de 1/3 das mortes por covid (números não são divulgados com regularidade).




DA REALIDADE EM ANO DE PANDEMIA OU DA PROVA DOS NOVE SOBRE O IMPACTE EFECTIVO DA COVID

Faltam cinco dias para o fim do ano, os dados de 2020 têm 11 dias baseados em estimativas, mas pode fazer-se já o balanço do impacte da pandemia, comparando as taxas de mortalidade (a forma mais objectiva de se fazer uma análise racional) com a média dos últimos cinco anos (2015-2019) e dos últimos 20 anos (2000-2019).

Conclusões principais:

1 - Infelizmente, ou talvez felizmente, o ano de 2020 não mostra um perfil "contra-natura", ou seja, a taxa de mortalidade por faixa etária apesesenta uma evolução natural, com baixíssima mortalidade até aos 44 anos, baixa até ao 64 anos, e depois progressivamente a subir até ser bastante alta a partir dos 85 anos.

2 - Comparando com a média de 2000-2019, no ano de 2020 nenhuma faixa etária regista um agravamento. Repito: NENHUMA, nem mesmo no grupo dos maiores de 85 anos.

3 - Comparando com a média de 2015-2019, no ano de 2020 observa-se um agravamento a partir dos 55 anos, mas apenas estatisticamente significativo a partir dos 75 anos, e maior ainda nos maiores de 85 anos. No entanto, convém salientar que a taxa de mortalidade está em permilagem. Ou seja, em termos percentuais, em 2020 morrerão 16,8% dos idosos com mais de 85 anos, quando a média dos últimos cinco anos foi de 16,1%. Estamos portanto a falar de um ano de pandemia em que se regista um agravamento de 0,7 pontos percentuais na taxa de mortalidade dos mais idosos, sabendo também que para esse acréscimo houve também o contributo de afecções não-covid.

4 - Para os pais que vivem apavorados perante as os seus filhos pequenos, a boa notícia: o ano de 2020 foi menos mortífero do que a média dos últimos cinco anos para as faixas etárias dos menores de 15 anos. 

5 - Para o grupo de jovens desde os 15 anos até aos adultos com menos de 55 anos, no ano de 2020 nada de anormal se passou. Em alguns dos grupos etários a taxa de mortalidade até desceu em relação aos anos mais recentes.

6 - Pela primeira vez, agrupando toda a população, a taxa bruta de mortalidade em Portugal (pelo menos desde que existem registos mais fidedignos) irá ultrapassar os 12 por mil, mas esse valor explica-se em grande medida pelo envelhecimento da população e por a mortalidade se concentrar (felizmente) na população mais idosa. Por exemplo, em 1995, apenas 22% das mortes foi de maiores de 85 anos; e desde 2017 tem ultrapassado os 40%. Isto explica-se porque, enfim, as pessoas passaram a viver mais e já não são tantas a ficar pelo caminho antes de chegarem aos 85 anos.

Tendo em conta tudo isto, aqueles que andam pelos caminhos da histeria podem continuar assim a comparar a covid com a Gripe Espanhola, e a "hiperventilar" face ao bombardeamento mediático e político em torno da presente pandemia.

Nota metodológica - Tendo em conta que o INE só divulgará a estimativa da população de 2020 dentro de alguns meses, as taxas de mortalidade no ano N foram calculadas com a população estimada no ano N-1. Para o ano de 2020, utilizou-se os dados do SICO-eVM até 20 de Dezembro, estimando-se a mortalidade dos restantes 11 dias do ano com a média de óbitos registados nos primeiros 20 dias de Dezembro. Para os restantes anos usou-se os dados de óbitos do INE. Embora fosse escusado de dizer, mas como sei que muitas pessoas ignoram a forma de cálculo da taxa de mortalidade, convém referir que para cada grupo etário se divide os óbitos das pessoas desse grupo pela população desse (e apenas desse) grupo.



DO HUMOR E DAS REGRAS RIGOROSAS

Bem dizia o outro que nunca fazia férias para que ninguém notasse que ele não fazia falta alguma... O Ricardo Araújo Pereira entrou de férias, e surgem logo comediantes a quererem provar que fazem melhor humor. Depois da rábula do subdirector-geral da Saúde na semana passada, eis que os jornalistas do Público entram agora em competição com o Inimigo Público...



DAS PINÇAS

Independentemente de eu julgar que algumas medidas anti-covid são absurdas, sou adepto do Estado de Direito, a ser aplicado por igual, quer às maiorias quer às minorias. 

Consta haver um casamento que dura há 6 dias num bairro de Alter do Chão - e não é necessário que os jornais refiram de que casamento se trata - e supostamente a GNR não consegue parar a festança. 

Ler numa notícia que “os moradores insistiram no alerta à GNR [sobre o reatar das celebrações], mas em desvantagem numérica os militares do posto local foram impotentes para pôr fim à festa”, é lamentável quer nos confins do Alentejo, quer em Lisboa, e apenas contribui para agudizar a percepção, mesmo que errada, de fraqueza do Estado e de inexistência de leis para certas minorias (independentemente das circunstâncias sociais). 

São coisas destas, tão simples, que fazem crescer “coisas” como o Chega. E isso, a prazo, é péssimo. Para todos, incluindo as minorias.

sábado, 26 de dezembro de 2020

DAS JANELAS ABERTAS E DAS PORTAS FECHADAS

Ainda sobre a campanha de terror do Governo/SNS/DGS, que tal seria se abrissem as portas do SNS para se fazerem os exames, os diagnosticos e as consultas que têm vindo a ser sucessivamente adiados?

Nota: Em cima, frame da campanha do SNS; em baixo, minha proposta para campanha alternativa.

DA PERGUNTA ESSENCIAL

Se eu (ainda) fosse jornalista, haveria uma pergunta essencial a ser feita ao Ministério da Saúde, podendo, em função da resposta, adicionar outra:

Quando todos os utentes e todos os funcionários de um lar em concreto forem vacinados, essas pessoas podem deixar de usar máscaras, passar a receber visitas e recuperar as actividades normais pré-pandemia?

Se NÃO, porquê?

DOS DOIS METROS

Quem não cumprir a distância dos 2 metros pode ter duas consequências: 

a) vai parar aos cuidados intensivos (como na campanha tétrica do Governo/SNS/DGS), 

b) para visitar o Marcelo só por holograma (como na minha sugestão para a versão 2.0 da campanha).... 

Nota: Estou a fazer estas sugestões pro bono.´

DO NOVO ENTRETÉM

Com a chegada das vacinas a Portugal, a nossa imprensa tem novo entretenimento. Aposto 100 euros como a partir do início do programa de vacinação os media vão começar a injectar-nos os números de pessoas vacinadas em cada dia.

As notícias passarão a ser assim: “Hoje foram vacinadas X pessoas e houve Y casos positivos, menos Z do que ontem... também houve W mortes, menos T do que ontem... Estranhamente, morreram em todo o país U pessoas por causas diversas, mais Q do que ontem”... 

A última frase da citação é ficção: os media nunca informam que há mais mortes além da covid.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

DA OUTRA PERSPECTIVA

Como tenho salientado, ao longo dos meses, a minha fundamental crítica à estratégia anti-covid é a sua obsessiva focagem nesta doença, de má sorte que a mortalidade por doenças não-covid tem sido largamente superior à causada directamente pelo SARS-CoV-2, consequência da ausência de confiança das populações nos hospitais e do adiamento de cirurgias, exames e diagnósticos.

Portanto, acho que a campanha do Governo/SNS/DGS que nos "responsabiliza" por não usarmos máscaras (imagem de cima), deveria ser devidamente enquadrada e complementada. Deixo o meu contributo na imagem de baixo.

DAS CAMPANHAS DE SENSIBILIZAÇÃO

Tenho estado a apreciar as campanhas do Governo/SNS/DGS em redor da covid. O "almoço de família" é um must: de repente, somos confrontados com uma visão tipo raio-X que transforma um alegre convívio gastronómico numa esverdeante pocilga marciana.

O Governo tem "visão" para a coisa. Aliás, está explicado porque os transportes públicos não são um problema quando nós, enfim, simples terráqueos, pensávamos que eram. Na verdade, metendo a "máquina especial" do Governo, para se ver aquilo que nós não vemos, constatamos que, afinal, qualquer carruagem da CP depois da hora de ponta servia perfeitamente para fazer as cirurgias que se adiaram nos hospitais.



DA CAMPANHA: OS FILIPES

Um pouco de (tentativa de) humor para aplacar a "campanha do André" do nosso querido SNS...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

DA DOENÇA MAIS RARA DO MUNDO OU DO ACREDITAR NO PAI NATAL

Quero prestar a minha maior solidariedade, e desejos de rápidas melhoras, ao único português (anónimo) a quem ontem foi diagnosticada a (actual) mais rara doença do Mundo: a gripe.

De facto, ontem, o SNS registou 1 caso de gripe (incluindo sídrome gripal), o que constitui 0,3% (arredondado para cima) do número contabilizado para o mesmo dia do ano passado, sendo que sobe para 8,4% em relação às outras infecções respiratórias, que incluem pneumonias, bronquites e broncopneumonias... E estamos no Inverno!

Os Governos e a imprensa garantem-nos que o SARS-CoV-2 anda a multiplicar-se em estirpes, variantes, castas, cepas, raças, linhagens, pervincos e o diabo a quatro, causando infecções múltiplas, reinfecções e co-infecções... Já os vírus da gripe e os vírus e bactérias (que são muitos) causadores de pneumonias, bronquites e broncopneumonias, esses todos, fizeram férias. 




DA CAMPANHA

Sou apologista de campanhas direccionadas. O SNS fez uma focalizada nos "Andrés"; eu, que sou menos criativo, recorrendo ao plágio, fiz a minha para os "Antónios". Também vou fazer para as "Graças"...