quarta-feira, 23 de setembro de 2020

DO SERVIÇO PÚBLICO

Tendo os jornalistas, por omissão ou intenção, trocado o seu papel de jornalistas pelo de tarefeiros da Propaganda Mediática, em prol da segunda onda de pânico colectivo, do colapso económico, da hecatombe das relações humanas e do morticínio por outras doenças e afecções, tenho-me virado para as minhas próprias análises.

Como em mais seis meses de pandemia não vi ainda esta contextualização em nenhum, nem um, órgão de comunicação social, deixo-vos aqui, com data final referente a 21 de Setembro, três "simples" gráficos:

a) A taxa de incidência da covid por grupo etário, medida em função dos casos positivos por 100 habitantes no respectivo grupo etário (usando as estimativas populacionais do INE);

b) A taxa de letalidade da covid por grupo etário, medida em função das mortes por 100 casos positivos no respectivo grupo etário;

c) A taxa de mortalidade da covid por grupo etário, medida em função das mortes por covid por 100 habitantes no respectivo grupo etário.

Tenham em consideração que as "vírgulas" a separar as unidades das casas decimais estão correctas.

E tirem as vossas conclusões.

P.S. Claro que há muita gente que vai olhar para estes gráficos e manter-se em pânico. Se assim for é um sinal de entenderem pouco de matemática. Ou então são hipocondríacos.





DA COVID, A DOENÇA IN, E DAS CRIANÇAS QUE NUNCA SERÃO VACINADAS CONTRA A COVID

Anda a circular, a nível internacional e também em Portugal, um movimento de personalidades denominado "Vacina Covid-19 para Todos". Na lista portuguesa constam lá muitas pessoas por mim (e não só) muito consideradas e mesmo muitos amigos. É bom existirem esses movimentos, embora sempre me pareceram servir para serenar consciências. Na verdade, ninguém no seu perfeito juízo recusará subscrever a ideia da vacinação gratuita e universal (embora tenha dúvidas sobre a necessidade de abranger todas as faixas etárias), apesar de o gratuito ter sempre uma factura maior ou menor a ser paga por alguém.

Porém, há sempre um porém. Deu-me a casmurrice, por ver tão lesta mobilização de personalidades, para ir à página da UNICEF observar como andam os programas de vacinação por esse Mundo fora, e como anda a saúde das crianças por esse Mundo fora.

Não vou ser exaustivo, mas rapidamente se fica a saber (vd. aqui), por exemplo:

a) em cada 39 segundos morre uma criança com menos de 5 anos por pneumonia (quantas crianças morrem por covid, alguém me sabe dizer?); no total, em 2018, foram 802 mil crianças mortas antes de chegarem aos 5 anos (não morrerão assim, daqui a 80 anos, de covid).

b) em cada 2 minutos morre uma criança com menos de 5 anos de malária (só há uma vacina desde 2015, e de baixa eficácia e não recomendada a crianças pequenas...)

c) em 2019 cerca de 14 milhões de bébes não tinham ainda tomada a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche)

d) em 2018, apesar dos progressos, por causa da pneumonia, diarreia, sepsis, malária, tétano, meningite, encefalite, sarampo e SIDA morrreram 1,978 milhões de crianças com menos de 5 anos (vd. gráfico).  Notem: apenas crianças com menos de 5 anos.

Mas, entretanto, movimenta-se o Mundo para tornar a vacina contra a covid-19 universal e gratuita e já e para todo o Mundo. Beneficiando, claro está, a África, o berço principal do morticínio de crianças que acabei de elencar. Por ironia, a covid matou até agora em África 0,0028% da sua população, apenas 10% daquilo que tem matado na Europa (0,029% da população).



terça-feira, 22 de setembro de 2020

DO BOLETIM DA DESGRAÇA - 20 DE SETEMBRO

Com algum atraso, mas ainda antes do final do dia, eis aqui o relatório respeitante a 20 de Setembro de 2020. Fazendo a comparação com a média (2009-2019) verifica-se que a mortalidade total neste dia (271), o dia em análise registou mais 13 óbitos, sendo que oito foram por covid. 

Continua a registar-se uma situação que parece ser crónica: a mortalidade nos maiores de 85 anos continua muito acima da média, o que significa que para as outras idades, e sobretudo para os menores de 65 anos, a mortalidade se encontra abaixo da média. 

Principais dados a reter na mortalidade do dia 20 de Setembro de 2020:

a) 8 óbitos em excesso são devido à covid;

b) 5 óbitos em excesso não associados à covid;

c) o grupo dos maiores de 85 anos apresenta um excesso de 14 óbitos;

d) o grupo dos 75-84 anos apresenta uma redução de 2 óbitos;

e) o grupo dos 65-74 anos apresenta um excesso de 5 óbitos;

f) por dedução, o grupo de menores de 65 anos registou uma redução na mortalidade de 4 óbitos em relação à média.




DA ESCANDALOSA PALHAÇADA DOS TESTES E DOS CASOS POSITIVOS OU DO COMO SE "DROGA" UMA SOCIEDADE

Embora oficialmente a DGS não divulgue quantos testes PCR se realizam por dia, estive atento aos dados do Worldometers, e fiquei assim a saber que se realizaram, entre 19 e 21 de Setembro (três dias), 137.771 testes PCR em Portugal. Detectaram-se, nesse período, 1.721 casos positivos. ou seja, apenas 1,25%.

Andam a brincar com coisas sérias. A taxa de falsos positivos dos testes PCR é, como se sabe, em média, de 3% (pode variar aleatoriamente, mas a média é esta), o que significa que a esmagadora maioria das 1.271 pessoas com casos positivos detactados nestes três dias (sobretudo se forem assintomáticos) não estão infectadas. Vivemos, portanto, num mundo de embuste.

Começa a ser evidente que se montou uma "indústria de testes da covid" em Portugal, e em grande parte do Mundo, e essa é a principal razão para a suposta segunda onda que, aliás, não encontra paralelo com a mortalidade pela covid. Fazer testes ao ritmo de 46 mil por dia (média dos três dias analisados) é um absurdo que apenas vai permitir, pelo próprio erro dos testes PCR, aumentar sem parar o número de supostos casos positivos. E expectável será chegarmos, facilmente, a valores próximos ou acima de 1.000. E não porque a doença esteja a disseminar-se mas apenas porque o erro dos testes, sendo maior em termos absolutos, falsamente a faz enganar.

Decorre disto que a "indústria dos testes" se alimentará do próprio erro. Quanto mais testes fizer, maior será o número absoluto de falsos positivos, maior será a pressão para aumentar a testagem, até ao limite do absurdo. Estaremos "drogados", carpindo por cada vez mais testes

Então, no limite, um dia, todos os 10,2 milhões de portugueses serão testados ao mesmo tempo. E mesmo que o SARS-CoV-2 tenha metido férias, e mesmo se a taxa de falsos positivos for apenas de 1% (sejamos moderados), nesse dia morrerão milhares de pânico, simplesmente porque se "detectarão", falsamente, 102.000 casos positivos.

DOS FALSOS POSITIVOS QUE NOS LEVARÃO À VERDADEIRA LOUCURA

A Universidade de Coimbra decidiu fazer 100 testes PCR por dia. Vai ser a verdadeira loucura, porque, atendendo à taxa de falsos positivos (3%), teremos garantidmente, em média, pelo menos 3 casos positivos por dia, MESMO se não houver infectados nem ninguém com sintomas. Que medidas tomará a Universidade de Coimbra quando sistematicamente tiver, todos os santos dias, casos positivos? Sempre, todos os dias. E nunca pararão de testar, porque todos os dias terão casos supostamente positivos, mesmo se são falsos positivos. Como gerir esta loucura quando até as universidades, berços da racionalidade, embarcam no pânico colectivo?



DO NOVO NORMAL

O país vai ser isto nos próximos meses... Nunca tive tanta vontade de fugir daqui.





segunda-feira, 21 de setembro de 2020

DA PROVA DOS NOVE OU DA DIFERENÇA ENTRE ABRIL E SETEMBRO

A pandemia da covid nos países da União Europeia nunca foi similar. Como se sabe, Bélgica (com grande destaque), Espanha, França, Itália e Suécia (num segundo nível) suscitaram as maiores preocupações, e justificaram o medo e pânico generalizados na Europa. Num terceiro grupo, destacaram-se, mas pela positiva, oito países que então registaram menos de 5 óbitos por dia (padronizados à população portuguesa, vd. nota): Bulgária, Grécia, Chipre, Letónia, Lituânia, Malta e Eslováquia. No pior mês para a UE-27, Portugal registou quase 27 óbitos em média por dia. 

Ora, mas comparar os óbitos em Abril com os de Setembro (que está a causar um recrudescimento do medo, apenas por causa de testes em catadupa onde se "descobre"uma nova avalanche de casos positivos), mostra-se bastante interessante. Compare-se então, para confirmar que se Abril foi um tsunami, então Setembro é uma onda dos mares do Algarve.

Com efeito, basta olhar para os três gráficos (para dar escala às diferentes situações)  para constatar que as diferenças se mostram avassaladoras. Os gráficos valem por si, até bastando apenas salientar que na UE-27 se passou de  uma média diária de 65,5 óbitos padronizados à população portuguesa em Abril para apenas 5,4 em Setembro. Apenas a Bugária, Croácia e Roménia se encontram em pior situação, mas em níveis não demasiado elevados. Registam-se 20 países com menos de 5 óbitos por dia (padronizados), dos quais sete com menos de 1 óbito diário.

Tirem, portanto, as vossas conclusões, tendo também sempre presente, como referência, que em média diária de mortes por pneumonia em Portugal é de 16.

Nota: O número de mortes para os diferentes países e para a URE-27 foi padronizado à população portuguesa (cerca de 10,2 milhões de habitantes), de modo a permitir uma comparação mais adequada à nossa realidade. Usar essa padronização é similar à padronização habitual (por milhão de habitante), mas assim permite-se uma melhor percepção da verdadeira dimensão da pandemia. Os dados de mortalidade por covid foram recolhidos no Worldometers e os da população no Eurostat.








DO BOLETIM DA DESGRAÇA - 19 DE SETEMBRO

No dia 19 de Setembro de 2020 houve 13 mortes por covid, um dos valores mais elevados dos últimos meses. A mortalidade total neste dia foi de 250 óbitos, valor semelhante à média (2009-2019). Sem estas mortes por covid, a mortalidade total ficaria assim abaixo da média, algo que não tem sido habitual nos últimos meses e que sucede pela primeira vez em Setembro. 

PORÉM, mantém-se a tendência, particularmente grave, de excesso de óbitos (em relação à média) dos idosos com mais de 85 anos. Abaixo desta faixa etária a mortalidade ficou sempre abaixo da média. 

Principais dados a reter na mortalidade do dia 19 de Setembro de 2020:

a) 13 óbitos em excesso são devido à covid;

b) 0 óbitos em excesso não associados à covid;

c) sem óbitos por covid, a mortalidade total ficaria abaixo da média:

d) o grupo dos maiores de 85 anos apresenta um excesso de 24 óbitos;

d) o grupo dos 75-84 anos apresenta uma redução de 15 óbitos;

e) o grupo dos 65-74 anos apresenta uma redução de 4 óbitos;

f) por dedução, o grupo de menores de 65 anos registou uma redução na mortalidade de 5 óbitos em relação à média.




domingo, 20 de setembro de 2020

Um dos grandes mistérios do SARS-CoV-2 é, na verdade, a sua perda de perigosidade neste Verão em relação à Primavera. Ou, em hipótese alternativa: a política de testes PCR, feitos invariavelmente a sintomáticos e a muitíssimos assintomáticos, é um embuste ao serviço da manutenção de um negócio de milhões (pelas minhas estimativas moderadas já perto dos 100 milhões de euros só em Portugal). Por outras palavras, o crescente pânico, pela perspectiva de uma segunda vaga, serve apenas para justificar a realização massiva de testes PCR e movimentar uma "indústria laboratorial" que se eclipsaria se a covid deixasse de ser um problema publicamente empolado. Tão simples como isto.

Vou dar dois exemplos: Bélgica e Espanha, os dois países com maior incidência (e mortalidade) no pico da covid em Abril.

Na Bélgica registaram-se 28.484 casos positivos entre 15 de Março e 30 de Abril que terão causado 7.771 mortos. A taxa de letalidade foi assim de 27,3%. Porém, embora o número de casos positivos entre 1 de Agosto e 19 de Setembro seja de 31.643 (ou seja, aumentou), apenas se registaram 222 mortos. Ora, isto dá uma taxa de letalidade de 0,7%. Ou seja, o nível de perigosidade do "bicho" na Bélgica foi este Verão apenas de 2,5% do nível que registava na Primavera. No entanto, um caso positivo em Setembro é tratado pela Propaganda Mediática (leia-se imprensa) como se fosse quase uma morte.

No caso da nossa vizinha Espanha sucedeu o mesmo. Entre 1 de Março e 30 de Abril contabilizaram-se 248.224 casos positivos e 24.543 mortos, sendo assim a taxa de letalidade de 9,9%. Mas no período de 1 de Agosto a 19 de Setembro, apesar do aumento de casos positivos (334.459), registaram-se 2.050 óbitos, o que dá uma taxa de letalidade de apenas 0,6%. O "bicho" no estio (incluindo Setembro) também perdeu muita da sua fúria primaveril. No entanto, repita-se, um caso positivo em Setembro é tratado pela Propaganda Mediática (leia-se imprensa) como se fosse quase uma morte.

Amanhã deixarei por aqui uma análise mais detalhada sobre a mortalidade nos 27 países da União Europeia no mês de Abril e no mês de Setembro padronizada à escala populacional de Portugal.



DO BOLETIM DA DESGRAÇA - 18 DE SETEMBRO

No dia 18 de Setembro de 2020 houve 5 mortes por covid. Fazendo a comparação com a média (2009-2019) verifica-se que a mortalidade total neste dia (258) a excede em apenas 5 óbitos, ou seja, o número de vítimas da covid. PORÉM, este é um caso paradigmático sobre o actual problema de mortalidade que atinge os mais idosos. Com efeito, e conforme se observa no segundo gráfico, a mortalidade nos maiores de 85 anos continua muito acima da média, o que significa que para as outras idades, e sobretudo para os menores de 65 anos, a mortalidade se encontra abaixo da média. Este dado apenas confirma a situação grave dos mais idosos.

Principais dados a reter na mortalidade do dia 18 de Setembro de 2020:

a) 5 óbitos em excesso são devido à covid;

b) 0 óbitos em excesso não associados à covid;

c) o grupo dos maiores de 85 anos apresenta um excesso de 27 óbitos;

d) o grupo dos 75-84 anos apresenta uma redução de 2 óbitos;

e) o grupo dos 65-74 anos apresenta uma redução de 1 óbito;

f) por dedução, o grupo de menores de 65 anos registou uma redução na mortalidade de 24 óbitos em relação à média.





sábado, 19 de setembro de 2020

DA LAVANDARIA DO DOUTOR NUNES

O Doutor Baltazar Nunes, actual responsável pela divisão de epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSA), que não conheço, será certamente homem grato. Em 25 de Abril, o Público referia que ele apenas recomendava ser preciso "evitar que haja 'uma disrupção do Serviço Nacional de Saúde', mas também defend[ia] que se ganhe alguma imunidade da população". 

Parece ter mudado de opinião a partir do momento em que começou a fazer a modelação da pandemia para a DGS. E assim, esta semana veio lesto mostrar serviço de "modelação", ou de simples lavagem, garantindo que o «INSA afasta que a quebra de cuidados [de saúde pelo SNS] possa ter sido o motivo ou a 'principal causa' para o aumento de mortalidade". 

Para sustentar a sua "tese" diz que "calcular o valor de óbitos num período e subtrai-lo à média dos últimos cinco anos é um indicador mas é um indicador frágil na perspetiva de perceber quais os fatores que estão associados a esse aumento”.

Ora, até aqui tudo bem. A simples estatística descritiva não identifica factores, mas, contudo, tal não significa que seja impeditiva de encontrar evidências. E a evidência, mais que evidente (desculpem o pleonasmo), é a existência de um grande excesso, persistente, e que não se explica nem pelas (supostas) ondas de calor nem pela covid. 

E devendo saber o Doutor Nunes isto, e muitíssimo mais da "cepa" do que eu, não pode, não deveria eticamente poder, minimizar um excesso consistente, persistente e inalterável ao longo de meses a fio, e que ele sabe não estar associado à covid.

Ademais, tem a DGS, através da base de dados do SICO - e portanto o Doutor Nunes, como consultor -, acesso imediato aos certificados de óbito diários, podendo assim muito, muito rapidamente apurar quais foram as verdadeiras causas de mortes no presente ano, e identificar muito, muito rapidamente as causas do excesso de mortes. Num dia de trabalho, garanto, teriam uma conclusão.

Poderia isto fazer a DGS e o Doutor Nunes. Mas a DGS, já se sabia, não está interessada. Quanto ao Doutor Nunes, constato que também, mostrando porém disponibilidade para servir de lavandaria da DGS. 

Enfim, é muito triste quando chegamos à conclusão que, neste desgraçado país, até em questões de Saúde Pública estamos longe de ver independência no pensamento e na acção.

Nota: A notícia do Público de Abril está aqui (em acesso livre): A posição recente está, por exemplo, aqui

DA MÁQUINA DE FAZER TESTES

Se há número da pandemia da covid-19 que me começa a impressionar é o número de testes PCR. Contabilizo os valores do Worldometers (que não tem para todos os países) e chego já à cifra de 596.280.150 testes. Aproxima-se da média de um teste por cada 10 viventes do Planeta. Vamos ser "meigos" na análise e façamos as contas por 40 euros cada teste. Estamos a falar de um negócio de cerca de 24.000.000.000 euros, isto é, 24 mil milhões de euros, o equivalente a um pouquito mais de 10% do PIB português.

No caso de Portugal, onde se realizaram 2.345.680 testes, se cada um tiver custado ao Estado 40 euros, andamos com a factura a aproximar-se dos 100 milhões de euros...

Parece coisa pouca? Mas enfim, seria dinheiro bem empregue se estivesse a ser útil, porque, na verdade, outra coisa que me surpreende é andar-se sistematicamente, e cada vez mais, à caça de "casos positivos", massificando a testagem mesmo em assintomáticos ou fora dos grupos vulneráveis (idosos e pessoas vulneráveis). 

Com efeito, estive a analisar os dados com algum detalhe e constatei que Portugal é, de entre os países do Mundo com mais de 10 milhões de habitantes, o 6º que mais testa, sendo apenas ultrapassado pela Austrália, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e Bélgica.

Sendo a média a nível mundial de 5,3% de casos positivos contra 94,7% de casos negativos, os Estados Unidos são, neste grupo do top 6, os únicos que estão acima deta fasquia. Portugal está com um índice de 29 casos positivos por cada 1.000 testes (2,9%), enquanto o prémio do "apanha lá um positivo" vai para a Austrália que tem de fazer, em média, 250 testes para encontrar um caso positivo (0,4%)

Bem sei que os testes, tal como qualquer exame, tem um papel crucial para o diagníostico e a definição de uma estrategia adequada de prevenção e combate a uma doença. Porém, nesta pandemia, em que tudo parece já funcionar sem uma base de racionalidade, não há um critério assente na lógica, e está a cair-se rapidamente em exageros, testando apenas já com o fito do negócio e para alimentar o pânico. 

E temo ainda mais que, quando estiver disponível a vacina, se ande a vacinar grupos etários (como, por exemplo, os jovens) não por necessidade de os proteger, mas apenas para facturar.



DOS TESTES E DO CONTROLO DE QUALIDADE

Não sou muito apologista das teorias da conspiração, mas gostava de saber se existe um sistema de inspecção pela DGS (ou de uma entidade reguladora) ao funcionamento dos Laboratórios Referenciados (existe uma longa lista) que realizam os testes PCR para detectar o SARS-Cov-2.

Sei apenas que até ao início de Junho (três meses do início da pandemia, sabendo-se que os picos de casos positivos e de mortalidade foram atingidos em Abril) se tinham realizado menos de 900 mil teses PCR, o que dá uma média de cerca de 300 mil por mês. Entretanto, sabe-se que, actualmente, já se realizaram em Portugal quase 2,4 milhões de testes PCR em Portugal, ou seja, nos últimos três e meio realizaram-se 1,5 milhões de testes, o que dá mais de 400 mil testes por mês, e que "apanharam" o período de Verão que teve poucos casos positivos e ainda menos mortes. Prevejo que se vá intensificar os testes, e sei mesmo que há já contratos para testes em lares cada vez mais frequentes.

Neste momento, não haja dúvidas sobre a existência de uma "indústria de testes", que não nos sairá barato. Haver mais casos positivos, e aumentar o pânico, alimentará a procura desejada por essa nova "indústria". Haver menos casos, significa menos procura. E os laboratórios não são ingénuos. E não sejamos nós também ingénuos. Os milhões (sim, são mesmo milhões de euros) usados para se pagarem testes são desviados de outras necessidades, prementes, de Saúde Pública. Não nos saem de borla, mas serão úteis apenas na medida em que forem rigorosos.

Nessa medida, será legítimo saber como tem sido feito o controlo de qualidade dos testes PCR feitos em laboratórios privados, que sabem de antemão que quanto mais casos positivos houver, mais solicitações lhe serão feitas. E saber quais os protocolos de comunicação e de garantia no rigor nos números, quer em relação ao número de testes efectivamente realizados, quer ao nível do controlo à posteriori dos resultados obtidos.

Isto não é estar a desconfiar dos laboratórios. É sim defender o óbvio dever de o Estado garantir rigor e credibilidade. E defender os interesses dos cidadão, ainda mais numa matéria sensível como é a Saúde Pública.



17 DE SETEMBRO - DO BOLETIM DA DESGRAÇA /

No dia 17 de Setembro de 2020 houve 6 mortes por covid. A mortalidade total neste dia (303) foi anormalmente elevada para esta época do ano, registando-se um excesso de 60 óbitos. 

Principais dados a reter: 

a) 6 óbitos em excesso são devido à covid;

b) 54 óbitos em excesso não associados à covid;

c) o grupo dos maiores de 85 anos apresenta um excesso de 21 óbitos;

d) o grupo dos 75-84 anos apresenta um excesso de 25 óbitos;

e) o grupo dos 65-74 anos apresenta um excesso de 14 óbitos;

f) por dedução, o grupo de menores de 65 anos registou uma mortalidade igual à média.




sexta-feira, 18 de setembro de 2020

DO BOLETIM DA DESGRAÇA (16 de Setembro) OU DO QUE NÃO SE REVELA NOS NÚMEROS DA COVID

Porque o Governo e a imprensa nos vai inundar com números da covid, auxiliada por uma zelosa Propaganda Mediática (leia-se,imprensa), vou começar a apresentar, espero que diariamente, um boletim próprio que apresentará os dados mais relevantes da mortalidade total referente sempre ao dia N-2 (ou seja, anteontem em relação ao dia em que se publica, para haver maior estabilidade dos números de óbitos totais no SICO-eVM). 

Destacarei apenas, em dois gráficos distintos:

1) mortalidade total do dia em causa, a média de 2009-2019, o número de óbitos registados por covid e o excesso de mortalidade não-covid.

2) mortalidade média e excesso de mortalidade, em função da média (2009-2019) para os grupos etários menos jovens (65-74 anos; 75-84 anos e maiores de 85 anos).

A análise estatística é simples e tem como mero objectivo alertar, de uma forma rápida, sempre que ocorrem excesso de mortalidade não explicada pela covid. Julgo ser necessário tendo em conta a urgência de repor o SNS em condições normais. O excesso de mortalidade não-covid é, neste momento, é a nossa pandemia principal.

Em todo o caso, quando publicar estes boletins diários não farei, em princípio, grandes comentários. Cada um que retire as suas conclusões.