sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

DA OUTRA PERSPECTIVA

Como tenho salientado, ao longo dos meses, a minha fundamental crítica à estratégia anti-covid é a sua obsessiva focagem nesta doença, de má sorte que a mortalidade por doenças não-covid tem sido largamente superior à causada directamente pelo SARS-CoV-2, consequência da ausência de confiança das populações nos hospitais e do adiamento de cirurgias, exames e diagnósticos.

Portanto, acho que a campanha do Governo/SNS/DGS que nos "responsabiliza" por não usarmos máscaras (imagem de cima), deveria ser devidamente enquadrada e complementada. Deixo o meu contributo na imagem de baixo.

DAS CAMPANHAS DE SENSIBILIZAÇÃO

Tenho estado a apreciar as campanhas do Governo/SNS/DGS em redor da covid. O "almoço de família" é um must: de repente, somos confrontados com uma visão tipo raio-X que transforma um alegre convívio gastronómico numa esverdeante pocilga marciana.

O Governo tem "visão" para a coisa. Aliás, está explicado porque os transportes públicos não são um problema quando nós, enfim, simples terráqueos, pensávamos que eram. Na verdade, metendo a "máquina especial" do Governo, para se ver aquilo que nós não vemos, constatamos que, afinal, qualquer carruagem da CP depois da hora de ponta servia perfeitamente para fazer as cirurgias que se adiaram nos hospitais.



DA CAMPANHA: OS FILIPES

Um pouco de (tentativa de) humor para aplacar a "campanha do André" do nosso querido SNS...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

DA DOENÇA MAIS RARA DO MUNDO OU DO ACREDITAR NO PAI NATAL

Quero prestar a minha maior solidariedade, e desejos de rápidas melhoras, ao único português (anónimo) a quem ontem foi diagnosticada a (actual) mais rara doença do Mundo: a gripe.

De facto, ontem, o SNS registou 1 caso de gripe (incluindo sídrome gripal), o que constitui 0,3% (arredondado para cima) do número contabilizado para o mesmo dia do ano passado, sendo que sobe para 8,4% em relação às outras infecções respiratórias, que incluem pneumonias, bronquites e broncopneumonias... E estamos no Inverno!

Os Governos e a imprensa garantem-nos que o SARS-CoV-2 anda a multiplicar-se em estirpes, variantes, castas, cepas, raças, linhagens, pervincos e o diabo a quatro, causando infecções múltiplas, reinfecções e co-infecções... Já os vírus da gripe e os vírus e bactérias (que são muitos) causadores de pneumonias, bronquites e broncopneumonias, esses todos, fizeram férias. 




DA CAMPANHA

Sou apologista de campanhas direccionadas. O SNS fez uma focalizada nos "Andrés"; eu, que sou menos criativo, recorrendo ao plágio, fiz a minha para os "Antónios". Também vou fazer para as "Graças"...



DO TERRORISMO DE ESTADO

A suposta campanha da Direcção-Geral da Saúde é inqualificável. Isto é sensibilização pelo pânico e pelo terror...

P.S. Já agora, porquê André? Não podia ser António? Ou Graça?





DA NORMALIDADE TRAVESTIDA DE ANORMALIDADE

O Público tem adorado vender notícias do “cão morde o homem” como se fossem “homem morde o cão”... Infecções simultâneas com variantes, reinfecções, co-infecções e o diabo a quatro com vírus causadores de infecções respiratórias, desde gripes até resfriados, passando agora pela covid (onde é vulgar a co-infecção com vírus da influenza) têm sido reportados em artigos científicos nos mais variados anos. É uma coisa natural, e não merece o destaque sensacionalista que começa a ser norma neste jornal. Deixo aqui exemplos numa pesquisa em revistas que me demorou um minuto. O primeiro artigo é de 1979...




quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

DA IGNORÂNCIA, MÃE DO MEDO, O MARIDO DA HISTERIA, ou DA VERDADE, SUA IRMÃ IGNORADA

No ano da pandemia da covid, e de um massacre mediático sem precedentes em que a morte e o pânico se moldou à nossa vivência - como a Igreja fazia na sociedade até ao século XVIII -, afinal fica-se a saber que a percentagem de óbitos em 2020 nos diferentes grupos etários dos maiores de 45 anos foi menor do que em 1995, menor do que foi em 2000 e menor do que em 2010.  Não me recordo de, nesses anos de 1995, 2000 e 2010, assim não tão longínquos, se ter vivido com tanto medo. Podia colocar aqui os gráficos com mais anos para provar que 2020 está a ser um ano pouco anormal, para não dizer normal...

Amanhã mostro-vos a situação para os diversos grupos etários dos menores de 45, só para vos azucrinar o Natal. 

Ah, e caso não saibam: vamos todos morrer... mesmo se mais tarde e em menor quantidade relativa em comparação com a esmagadora maioria dos anos precedentes. Mesmo com a covid por aqui.

Fonte: INE e SICO-eVM. A taxa de mortalidade erm 2020 foi estimada tendo em conta os registos acumulados de óbitos por grupo etário até 20 de Dezembro e assumindo que nos restantes 11 dias do ano a mortalidade diária era equivalente à média dos primeiros 20 dias de Dezembro. A taxa de mortalidade é contabilizada em relação à estimativa da população do ano anterior feita pelo INE.






DA APARENTE CHATICE E DO DRAMA DE SE MORRER VELHO... QUE AFINAL DEVIA SER UMA CELEBRAÇÃO

Pelas mais diversas maleitas, incluindo covid, este ano deverão morrer um pouco  mais de 52 mil idosos de idade superior a 85 anos. Um drama!, dirão muitos. Sim, se fizermos mal as comparações. Por exemplo, se compararmos directamemnte com 1971 seria impossível tal suceder, porque... enfim, só existiam então 44 mil idosos nesta faixa etária.

Na verdade, assistindo ao chinfrim e ao horror deste ano de 2020 - em que o objectivo da maioria é apenas sobreviver, e não viver, e prescindindo de conviver - parece que estávamos muito bem nos anos 70 ou mesmo antes disso, quando os velhos com  mais de 85 anos morriam muito pouco. Era um aqui, outro ali; um hoje, outro daqui a uma semana ou mês. Deduzo que no tempo da gripe espanhola morreram poucos idosos com mais de 85 anos. Desconfio, aliás, que na época da Peste Negra não terão sido mais de meia dúzia em Portugal... pelo simples facto de ser raríssimo chegar-se a essa idade.

De forma muito estranha, vivemos hoje, especialmente nesta época de pandemia histérica, um paradoxo: choramos o sucesso. Com efeito, se compararmos para Portugal as taxas de mortalidade de 2020 em TODAS as faixas etárias, TODAS sem excepção serão mais baixas do que foram no ano 2000, mesmo para os mais idosos. isto devia ser motivo de regozijo, mesmo em época de pandemia, mas não é: sente-se o medo e o pânico. A imprensa mostra u cenário apocalíptico.

Numa sociedade de baixa literacia matemática, sobretudo nas elites "culturais" (o que torna este tipo de literacia ainda mais pernicioso, porque não há pessoa mais perigosa do que, por exemplo, um filósofo completamente ignorante em Matemática), por certo que se considerará negativo que 43% do total das mortes sejam de maiores de 85 anos (como acontecerá em 2020), quando em 1995 este grupo representava apenas 22,2% do total dos óbitos. O drama é morrer-se velho quando, nas anteriores gerações, se morria novo, ou quando ser-se velho era ter 65 anos, ou mesmo 40 anos como se vêem em alguns documentos do século XVIII ou XIX, 

Morrer mais velhos, morrermos cada vez mais velhos, meus amigos e minhas amigas, não é um drama. Pelo contrário. É uma vitória, mesmo se efémera. O drama é, sim, a morte; o drama não é conseguirmos adiar a morte, não é conseguirmos (como estamos a conseguir) reduzir a mortalidade em todas as faixas etárias ao longo das últimas décadas. 

Devíamos sim estar optimistas, e a celebrar a vida que a Ciência e a Medicina nos prolonga, de sorte a chegarmos ao final da segunda década do século XXI e estamos perante um novo vírus que mata proporcionalmente menos pessoas do que uma gripe mais agressiva nos anos 90 do século XX. E sobretudo vivermos e convivermos, não deixando que a Política e a Imprensa nos convençam que é um perigo viver e conviver; e que a vida serve apenas para sobreviver sob a promessa impossível de risco zero de morte.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

DO VERDADEIRO IMPACTE DA PANDEMIA NOS IDOSOS DE PORTUGAL: QUASE NADA

Isto chega a ser irónico, se não fosse trágico. Nas últimas duas décadas e meia, Portugal triplicou a sua população com mais de 85 anos (eram pouco mais de 100 mil; em 2019 suplantavam os 315). Desde o início da década aumentou quase 40%. Isso é bom? Para muitos parece que não, porque, embora seja bom sintoma de crescimento da expectativa de vida, aumentando a população idosa, hélas, há assim mais mortes de pessoas com mais de 85 anos em cada ano. 

Enfim. Não se pode querer tudo. E, por muito que me esforce, não há forma de mostrar essa evidência. Deste modo, no meio do histerismo colectivo, torna-se difícil chamar as pessoas à razão, pedindo-lhes que olhem para a realidade com o devido enquadramento. Olhem para a realidade através de uma análise racional. Olhem para a realidade através da taxa de mortalidade, porque se assim não fosse então até eu diria que a Peste Negra matou menos pessoas de 85 anos do que a covid, pelo simples facto de ser muitíssimo raro chegar-se aos 85 anos no século XIV....

Peço-vos, encarecidamente, que mostrem ao número máximo possível de pessoas esta breve análise (e posso fazer, a pedido,para outros grupos etários). Vejam o que está a acontecer no ano da suposta "grande desgraça" de 2020 para os maiores de 85 anos, e assumindo que nos últimos 11 dias de Dezembro irão morrer, em média por dia, o mesmo número registado nos primeiros 20 dias do mês. 

Se assim for, contabilizam-se 53.142 óbitos em maiores de 85 anos. É muito? Respondo já: É. E acrescento mais: será primeiro ano desde que há registos que terá mais de 50 mil óbitos nesta faixa etária. 

Mas, pergunto ainda eu (de forma retórica);: isto deve ser relevado assim, de uma forma desenquadrada? Resposta, a gritar a plenos pulmões: NÃO. Será uma estupidez, uma ignorância, se alguém não contextualizar esses óbitos na população (estimada pelo INE) no ano anterior. Isto é, se não calcular a taxa de mortalidade.

Ora, se assim fizer - como só pode -, o ano de 2020 terá 166 óbitos por mil habitantes (ou 16,6%). É lamentável porque todo o fim de vida é lamentável, mas é uma situação praticamente normal. Na verdade, o ano de 2020 será, para o grupo etários dos maiores de 85 anos (os mais vulneráveis à covid e a todas as doenças mortais), o pior desde 2010 mas será apenas o 16º pior ano desde 1995, não se destacando negativamente muito dos valores da presente década, que andaram quase sempre na "casa" dos 160 óbitos por 1.000 habitantes desta faixa.

Na verdade, se alguém olhar, num futuro longínquo, para a taxa de mortalidade em 2020 para o grupo dos mais idosos não dirá que houve qualquer pandemia: este ano aparenta ser apenas um ano em que morreu um pouco mais porque veio na sequência de um outro (2019) que tinha sido menos mortífero. E concluírá, porventura, que ser-se idoso nos anos 90 - onde "só" havia gripes - era bem pior do que ser-se idoso em 2020, quando houve covid.

Fonte: INE (óbitos por grupo etário e estimativa da população por grupo etário).




DO FRETE E DA ESQUIZOFRENIA

O Público continua a sua campanha sobre a Suécia, com mais um extenso artigo sobre o quão mal anda aquele país escandinavo. Não encontro, sinceramente, nenhuma outra explicação para este interesse do Público que não seja por este país ter adoptado uma estratégia flexível  e racional, apostando em recomendações em vez de imposições, não ter embandeirado nas máscaras e, hélas, ter admitido erros nos lares. A Suécia, insisto, não é o Paraíso em termos de resultados mas está longuíssimo de ser um qualquer Inferno; e pelo menos não está a colapsar socialmente, nem tem autoridades de saúde que tomam a vez de comediantes.

O curioso é ver que o Público não olha sequer para Portugal com um décimo do olhar crítico que dispõe para a Suécia, o que é estranho sendo um jornal português... Que está a acontecer com a mortalidade total em Portugal, senhor Público? Silêncio! E com os lares portugueses? Silêncio! E as mortes nos lares em Julho e agora no Outono? Silêncio! E a mortalidade por covid no Outono que até está em níveis superiores aos máximos do Brasil? Silêncio! E, etc., etc.. Caramba, será que ninguém no Público sabe olhar sequer para gráficos básicos?

Porém, hoje o Público mostra também o seu lado simultaneamente esquizofrénico e ignorante. Disponibilizou-se, aleluia!, a dar voz a um português emigrante na Suécia, Tiago Franco, que de forma muito incisiva e equilibrada expõe a filosofia de vida dos suecos que justifica a sua estratégia e as reações até do rei. E também denuncia o abuso dos media internacionais nas descrições sobre a situação da Suécia, por descontextualização ou utilização de fontes sensacionalistas. Aliás, até esclarece, fazendo de tradutor, que quando o rei sueco disse (o que chocou muitas almas europeias) que a situação era “tråkigt” não significava que para ele era “trágica” (como pareceria à primeira vista pela parecença das palavras) mas sim “aborrecida” (já agora, o Google Tradutor até traduz para o simples “chata”). 

Contudo, a jornalista do Público Andrea Cunha Freitas - que obviamente não é obrigada a saber sueco, a usar o Google Tradutor, a ler artigos de opinião no seu próprio jornal, a evitar copiar notícias sensacionalistas da imprensa sueca e, desconfio, que também não se verá obrigada a ser verdadeiramente uma jornalista - decidiu que o rei sueco classificou a situação de “terrível” em vez de “chata”. Pessoalmente, eu acho que é um bocado “chato” o Público ter ficado como está. E também “terrível “.





segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

DO FÍSICO E DO MENTAL

O vice-presidente da autarquia da Azambuja mostra nesta breve entrevista ao Correio da Manhã que o impacte da covid do ponto de vista psicológico é 24 vezes superior ao impacte sobre o físico, patente no número de linhas necessárias para descrever os efeitos em cada uma destas “facetas”. E não se pense que Silvino Lúcio foi um caso “mild”: o autarca não teve só que tomar Bufren OU só tomar Ben-u-ron para sobreviver, como muito boa gente. Teve de levar dose dupla: Bufren E Ben-u-ron. Isso deve equivaler a 1/2 dia em UCI...

DAS ESCADAS ROLANTES

O meu barómetro de Portugal são as escadas rolantes do Metropolitano de Lisboa: só acredito que as coisas que suposta e naturalmente deveriam funcionar bem acabam por funcionar mesmo bem - e estou a lembrar-me da gestão da pandemia e do plano de vacinação - quando uma Administração desta empresa pública conseguir que as ditas escadas estejam a funcionar sempre... vá lá, durante duas semanas sem avarias.

DA SEDE, A ‘DROGA’ MAIS EFICAZ PRÓS VELHOS PORTUGAS

Antes da pandemia estava eu habituado a viver numa sociedade com (alguns) ignorantes. Neste momento, chateia-me deveras viver numa sociedade que, afinal, aparenta ser de ignorantes. Ignorantes ou pessoas ideologicamente cegas... 

O escândalo em redor da suposta estratégia da Suécia por se ter ministrado morfina aos idosos em vez de os levar ao hospital em tempos de pandemia - e que, em muitos casos, derivam de opções dos próprios e/ou familiares - pode e deve chocar mentes mais cristãs como as portuguesas... Isso eu até compreendo, embora se saiba que clinicamente a esmagadora maioria dos doentes com covid sejam “inelegíveis” para as UCI (cuidados intensivos).

Só acho insuportável que, quem critique o modelo sueco, opte por enterrar a cabeça sobre o nosso burgo, e não queira saber, ou pior, queira esquecer, como morrem, morreram e morrerão os idosos portugueses em lares durante esta pandemia ou durante eventos de calor... Falta de água, a maioria das vezes, caríssimos. Isso mesmo! Deduzo, aliás, que a opção morfina só não se aplica em Portugal porque, faltando até quem possa dar um copo de água aos velhos, não haveria quem lhes pudesse dar a injecção. E talvez nem morfina houvesse. 

P. S. Edições como as do Público de ontem, de homenagem aos idosos, só servem para descansar más consciências. Pagava para que o Público insistisse junto da DGS para que fosse divulgado em cada dia o número de infectados e mortes nos lares causadas por covid e outras doenças, e comparando com outros anos. Isso sim seria jornalismo.




DO MONÓTONO PÂNICO EM FORMA DE BOCEJO

Isto da pandemia está a ficar um filme de terror que ameaça tornar-se enfadonho. Agora temos a mutação VUI - 202012/01 no Reino Unido que, no meio de muitas milhares já detectadas, supostamente está a ser o novo ai-Jesus-que-vamos-morrer-todos, apesar já ter sido apanhada no Brasil em Abril, e observada posteriormente na Austrália, em Junho, e circulada nos Estados Unidos em Julho.