terça-feira, 27 de outubro de 2020

DAS CULPAS DO MORDOMO, DE SEU NOME SARS-COV-2

Em Março, no início da pandemia - e escrevi sobre isso -, não tenho dúvidas sobre as mortes por covid se terem iniciado ainda na primeira quinzena, por via do aumento anormal da mortalidade total antes do anúncio oficial da primeira morte.

Depois dessa primeira fase, e sobretudo com o recurso massivo aos testes PCR, sucedeu o oposto. Quem morresse com um teste positivo, a menos que tivesse sido trucidado por um comboio, certo e garantido que ficava catalogado como "morto covid".

Não sendo médico, estas certezas absolutas no número de mortes por covid causam-me bastante espanto e estranheza, sobretudo porque os contextos desses desfechos fatais não são "cristalinos, em especial em idosos. Os seus quadros clínicos nem sempre são claros e, como se destaca nas estatísticas mais detalhadas do CDC norte.-americano, à covid associa-se, muitas vezes, outras doenças, com as pneumonias à cabeça.

E escrevo aqui pneumonias, mas deveria acrescentar bronquites, gripes (que directamente matam pouco) e outras infecções respiratórias, que no conjunto "ceifam" que se fartam.

Porém, aquilo que me causa mais espanto, como escrevia, é a certeza absoluta da DGS (e de outras congéneres estrangeiras) na catalogação dos óbitos covid, ou seja, na identificação do SARS-CoV-2 como agente causador do óbito. Isto porque, na verdade, no caso das pneumonias e afins não se em conseguidos, nos cerificados de óbitos, tantas certezas. 

Com efeito, analiando a Plataforma da Mortalidade, para os anos de 2014 a 2018, observa-se que, usando a classificação internacional da OMS (CID-19, abrangendo, para esta análise os códigos J100 a J22), pode ser declarado como agentes da morte por infecções respiratórias uma longa lista de vírus e bactérias, a saber: diversos vírus da gripe, adenovírus, vírus sincicial respiratório, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza, pseudomonas, estafilococos, estreptococos, Mycoplasma pneumoniae e até a babal Escherichia coli.

Pergunta de um milhão: mas consegue-se, em todos os casos, saber quais destas "bichezas" foi a culpada em cada caso? Resposta: nem pensar. Em 2014 apenas se identificou o agente em 3,5% dos casos de infecções respiratórias; em 2015 foi apenas 4,1%; em 2016 de 5,0%, em 2017 de 4,5%; e em 2018 chegou-se aos 6,3%. No resto (ou seja, em cerca de 95% dos casos), o agente infeccioso não foi identificado. Ou seja, a culpa morreu solteira.

Contudo, na actual pandemia, tem-se sempre a certeza absoluta, absolutérrima, que, se há teste positivo PCR, está garantido que o SARS-CoV-2 arcará sempre com as culpas se houver óbito... mesmo se outras "bichezas" se aproveitem para dar a facada final. O SARS-CoV-2 é, na verdade, um mordomo de um policial de série B.

Fonte: Plataforma da Mortalidade em Portugal (DGS), consultável aqui



4 comentários:

  1. A OMS e os seus 'sábios':
    1o - aconselharam a que não se fizesse autópsias pelos «riscos de contágio». Nunca se saberia a histopatologia fatal nos mortinhos da covid. Médicos houve que se borrifaram para a OMS.
    2o - sugeriram que qualquer falecido portador de um teste positivo para o SARS-CoV-2 deveria ter morrido pela covid e não por atropelamento ou por enfarto. Não devem ter pensado nas empresas seguradoras.

    Com um abraço de permeio, segue 2a parte.
    oliveira

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  2. Décadas de assistência a autópsias e de preenchimento de Certidões de Óbito...

    Uma Certidão de Óbito é um documento obrigatório por lei e com responsabilidade criminal para quem aldrabar. Tem uma 'lógica' derivada da classificação das doenças da OMS.

    Todos os animais com aparelho circulatório morrem quando, sendo causa ou efeito, este parar de funcionar.
    É proibido por na Certidão "morte por paragem cardíaca" ou "morte por fibrilhação ventricular" — a causa comum de "paragem cardíaca". É péssima práctica mencionar sintomas — creio que é proibido.

    Exemplo: Pessoa que sofre de diabetes e tem pneumonia por estafilococos após uma ferida ulcerada num pé (zona que por má circulação, gangrenou).
    Assim:
    Morte por pneumonia por estafilococus aureus;
    na sequência de septicémia (a bactéria segue sempre pela corrente sanguínea até aos pulmões);
    na sequência de gangrena diabética num pé, infectada.
    Outra causas que possam ter contribuído para a morte:
    Diabetes Mellitus descompensada, doença arterial obstructiva dos membros inferiores.

    Quase todas são simples de preencher. Parte-se do Fim para o Início.

    oliveira

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  3. 3a parte.
    Há uns anos, democraticamente aceitou-se que a família tinha o direito de se opor a uma autópsia. Os médicos resolviam a tontice enviando o corpo para o Instituto de Medicina Legal. Lá, após a autópsia, era feita a Certidão. Estava tudo legal.
    Os tontos políticos fizeram uma lei que se a família continuasse a se opor, a solução passaria pelo delegado de justiça (em turno) da comarca. Gente esta que não ia às aulas de Medicina Legal (em Direito) por nojo.
    No nosso novo requerimento vinha a pergunta saca***: há suspeita de crime? Como nunca havia (e não éramos a judiciária) o delegado em nada se opunha à ausência de autópsia.
    Como a Certidão de óbito tinha de ser feita, rapidamente espalho-se pelos hospitais que os médicos mão assinariam aquele 'aborto legal' e escreviam que se seguiriam as doutas palavras de um manga de alpaca.

    oliveira

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