sábado, 24 de outubro de 2020

DA COVID QUE MATA MAIS PORQUE A PNEUMONIA ESTÁ A MATAR MENOS

Bem sei que isto vai ser lido por umas poucas centenas de pessoas.. Infelizmente, na ausência de debate racional, não há forma de colocar alguma racionalidade na pandemia da covid, e analisar a globalidade dos problemas de Saúde Pública.

Continuo, talvez infelizmente, nesta minha cruzada quase quixotesca, e elaborei, desta vez, com base em dados exclusivamente oficiais (como habitual) mais dois gráficos:

1º Gráfico - Entre 2017 e 2020, no período entre Março e Outubro (até ao dia 22 para o ano corrente), apresentam-se os episódios (casos positivos) acumulados de gripes, outras infecções respiratórias e covid (obviamente só para 2020).

Um aspecto interessante é a fortíssima redução de episódios de gripe (que continuam a existir, embora em menor número, na Primavera e Verão) e sobretudo de outras infecções respiratórias (com pneumonias à cabeça). A descida destas infecções respiratórias anda na ordem dos 60%. Em relação ao ano passado, em período homólogo, a queda é de 65%. Se se somar os casos positivos de covid (112.440 até 22 de Outubro), as infecções respiratórias estão com valores abaixo da média de anos anteriores, Se considerarmos que uma parte substancial são falsos positivos ou infectados assintomáticos (ao contrário do que sucede nos episódios de gripe e infecções respiratórias reportados), não direi que o ano de 2020 seja uma "coisa" de pânico.

2º Gráfico - Apresentam-se os óbitos por infecções respiratórias e covid entre Março e Outubro para os anos de 2017 a 2020 entre Março e Outubro.

Este gráfico ainda é mais interessante, mas proscrito para qualquer debate. Basicamente, compara a mortalidade por pneumonias, bronquites e infecções afins (de acordo com a classificação da OMS de causa de morte, indo do código J100 a J22) nos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020 (entre Março e Outubro) e acrescenta os óbitos de covid a este último ano. Os dados de 2017 e 2018 são reais (SNS) e os de 2019 e 2020 para as infecções respiratórias são estimativas em função das taxas de letalidade apuradas para 2017 e 2018. Basicamente, para calcular os óbitos de 2019 e 2020,  multiplicou-se a taxa de letalidade média daqueles dois anos (1,65%) pelo número de infecções respiratórias no períodos reportados pelo SNS.

Tópico principal para um debate sério: a mortalidade causada pela pandemia da covid é tão grave (ou não) que "apenas" consegue matar uma quantidade mais ou menos equivalente às vidas poupadas pela abrupta diminuição das pneumonias e afins. Ou seja, quase se pode dizer que aquilo que a pneumonia não matou, matou a covid. Isto, obviamente, não é uma relação directa (seria estúpido concluir isso). Aquilo que aqui se mostra é que a covid não é nenhum "papão" (comparando-o com as pneumonias e afins) nem está a causar qualquer hecatombe de mortes do foro respiratório. Mostra mais ser aquilo que já deveríamos saber: é uma doença oportunista. 

Nota: Este e outros textos podems ser lidos no blog "Nos Cornos da Covid" em https://noscornosdacovid.blogspot.com/ . Fonte: Plataforma da Mortalidade (SNS, vd. aqui) e boletins da covid (DGS).




11 comentários:

  1. Uma doença oportunista provocada talvez por um vírus oportunista e de que estão vivendo presentemente milhares de oportunistas... Este pode muito bem ser um vírus, como o HIV que enfraquece o sistema imune a fim de que possam desenvolver-se infecções oportunistas.

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  2. Como sabe sou velho, o que me deixa, cada vez, com menos paciência para patetices.
    A sua luta é paralela à minha. E diz bem: somos quixotescos.
    Durante quase meio século dei aulas a estudantes de medicina. Nos últimos 25-30 anos a malta não sabia, nem queria aprender.
    Quanto mais os a quem biologia, números e cálculos sempre foram bichos a evitar. T'arrenego...

    ...«deixei de medir as palavras»...
    Acho saudável, se bem que deva ter cautela.
    'Não digas mal d’El Rei, nem entre dentes, porque em todo o lado tem parentes'

    abraço do oliveira

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  3. Obrigado pelo seu estudo e perseverança. Não desista de possibilitar que quem persiste em querer usar o cérebro em vez do coração tenha fontes onde possa ir buscar informações que são escondidas ou ignoradas.
    Fernando Gomes da Costa (médico)

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  4. Obrigado pelo seu estudo e perseverança. Não desista de possibilitar que quem persiste em querer usar o cérebro em vez do coração tenha fontes onde possa ir buscar informações que são escondidas ou ignoradas.
    Fernando Gomes da Costa (médico)

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  5. Gostaria de saber como extraiu os dados.

    Não encontro a informação pelo link que indicou (parece que só tem dados até 2018 e não indica o número de óbitos por infeções respiratórias).

    Obrigado.

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    Respostas
    1. Tem de seleccionar as causas pelos códigos (J100 a J22). Como indicado os dados vão apenas até 2018, sendo que para 2019 e 2020 são estimativs em função das taxas de letalidade obtidas em 2017 e 2018.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Uma outra questão:

      de onde obteve o valor 83.827 + 112.440 para "os episódios (casos positivos) acumulados de gripes, outras infecções respiratórias e covid"?

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  6. Há quem leia, Pedro! Há quem leia!
    Cada vez mais!
    Continua a tua louvável batalha, que o inimigo é enorme, mas não é um moinho de vento!
    Muito, muito obrigado pelo teu trabalho!

    ResponderEliminar
  7. Há quem leia, Pedro! Há quem leia!
    Cada vez mais!
    Continua a tua louvável batalha, que o inimigo é enorme, mas não é um moinho de vento!
    Muito, muito obrigado pelo teu trabalho!

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