Os jornalistas do Público andam novamente ufanos, de orelhas arrebitadas, agora que as mortes por covid-19 desceram em Portugal de uns estonteantes 300 óbitos para uns mais "aceitáveis" 50 e tantos. Faço notar que no processo de "chegada" até aos 300 óbitos não se viu uma única notícia ou editorial em tom crítico sobre a actuação do Governo de António Costa.
Entretanto, no Brasil atingiu-se um máximo diário de óbitos esta semana: na quarta-feira registaram-se 1.582 mortes. Motivo mais que justificado para "zupar" em Bolsonaro, porque tudo o que de mau existe é sempre Bolsonaro.
Eu nunca defenderei Bolsonaro na gestão da pandemia, nem nunca em outra qualquer área, mas... caramba: 1.582 óbitos no Brasil correspondem a 76 óbitos em Portugal. Caramba: Portugal teve um pico de 303 óbitos, um pico quatro-4-quatro vezes superior. Foi há um mês, caramba! E não foi nunca, segundo o Público, culpa do Governo de António Costa. Foi culpa, segundo se depreendia pelas notícias e editoriais do Público, dos portugueses e das variantes e do Diabo a quatro. Nunca foi do Governo, nas letras do Público.
A forma enviesada como o Público (ainda mais do que os outros media) enegrece o cenário do Brasil - como contraponto de Portugal - devia constar de uma aula de comunicação social. Para mostrar como não fazer notícias. Como não desenquadrar um problema. Reparem: Portugal tem menos de 5% da populaçºao brasileira (4,8%); e por isso as 251.661 mortes por covid-19 naquele país correspondem a 12.120 em Portugal. No nosso país terão morrido 16.243 pessoas por esta doença, o que equivale a mais de 337 mil mortes no Brasil.
Quem está pior? Porque se aponta (justas) responsabilidades políticas num país estrangeiros, e nada se diz sobre responsabilidades políticas na gestão da pandemia cá no burgo?
Este tipo de jornalismo do Público é mais do que tendencioso. Não é jornalismo. Aliás, não deixa de ser irónco - e até anedótico - que ainda há dias uma série de individualidades (algumas que conheço e até, julgo ainda, são minhas amigas) fizeram publicar uma carta aberta no Público em que se insurgiam contra o tipo de jornalismo televisivo. Eu ainda esperei que fizessem uma conferência de imprensa, transmitida pelas televisões, a insurgirem-se contra o tipo de jornalismo da imprensa escrita. Ainda estou à espera.
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