Depois de ter escrito um post (vd. aqui) sobre a intencional supressão de uma frase fundamental de um artigo da Reuters publicado pelo Público sobre a situação da Suécia (e que não foi inocente, porque alterava ate o sentido do título), decidi não apenas escrever no link da edição online do jornal, para correcções, como também na caixa de comentários, no sentido de alertar os leitores sobre essa supressão, colocando mesmo o link para o artigo original da Reuters. O comentário foi enviado pelas 22h30.
Foi o meu comentário publicado? Claro que não!
Teve a minha "sugestão" de correcção um contacto de qualquer jornalista do Pública, uma vez que se coloca o e-mail? Claro que não!
Fez o Público alguma coisa? Claro que sim!
O que sucedeu? Ora, o Público acrescentou, muito rapidamente, pelas 22h37, a frase: "Durante a Primavera, pico da doença no país, os hospitais chegaram a receber 1100 pacientes." E no final do texto a menção "Notícia actualizada às 22h37", mas manteve o título a expressão sobre a sobrelotação, e continuou a não seguir o sentido do título do artigo original da Reuters. E, aliás, "notícia actualizada"? A Reuters mexeu na notícia, e actualizou-a? Ou foi antes o Público que a truncou inicialmente e só repõs a frase truncada porque foi apanhado?
Portanto, depois de ter sido "apanhado" a manipular um artigo de uma agência noticiosa, o Público corrigiu verdadeiramente o sentido do texto, incluindo o título? Nada! Informou os leitores da sua omissão inicial? Nada! Fazer "mea culpa"? Nada! Publicar o meu comentário? Nada! É isto o jornalismo a que o Público agora nos habituou? É!
Ou seja, se apanhado de calças na mão, corrige à socapa, assobia para o ar e espera que não volte a ser apanhado. Por mim, não acredito mais sequer numa notícia do Público sobre a pandemia, mesmo se for uma tradução de artigos. Ou sobretudo desses.
Aqui em baixo, para memória futura, deixo o printscreen do trecho originalmente publicado às 20h00, o meu comentário não publicado enviado às 22h30 e o trecho "acrescentado" às 22h37.
Parabéns, Público, foi pior a emenda do que o soneto para a tua credibilidade.
Nota: Eu já deixei de ser ingénuo. Ainda há dois dias um colunista do Público, Miguel Coelho, professor da Universidade Lusíada, teve a ousadia de publicar um artigo de opinião (vd. aqui: https://www.publico.pt/.../portugal-ataca-suecia-marca...) que confrontava a estratégia da Suécia com a de Portugal. Claro que alguém no Público acho que devia ser "contrabalançada", mesmo se "martelando", truncando uma notícia de agência noticiosa. E também os dados reais. Aliás, sobre essa matéria, basta seguir este link das autoridades suecas, mais transparentes do que a nossa DGS: https://experience.arcgis.com/.../09f821667ce64bf7be6f9f8... . Aliás, bem se pode ver que o número de casos em cuidados intensivos é substancialmente inferior ao pico da Primavera.