O Governo italiano entrou em pânico no início de Outubro, quando a incidência de novos casos positivos por dia naquele país era inferior a 50 por milhão de habitantes (média móvel de 7 dias). Os valores estavam mais baixos do que, por exemplo, na Suécia, que então rondava os 60, e muito abaixo dos de Portugal (então próximos dos 80).
Decidiu assim o Governo italiano, ainda no dia 3 de Outubro, impor o uso de máscaras nas ruas de Roma; três dias mais tarde em todo o país.
Os resultados foram catastróficos, mesmo descontando ser expectável, pelo perfil de sazonalidade do SARS-CoV-2 (similar aos vírus e bactérias que causam infecções respiratórias), um incremento de casos no decurso do Outono (e continuará a aumentar no Inverno).
Com efeito, se olharem para a evolução dos novos casos positivos na Suécia - que não usa nem nunca usou as máscaras como estratégia anti-covid em nenhuma circunstância -, observa-se um incremento desde Setembro, que acelerou em Outubro. Mas não é uma situação surpreendente, antes sim expectável, e que apenas deve merecer atitudes racionais e manter um sistema de saúde a jusante que faça uma gestão adequada dos casos mais graves do ponto de vista clínico. Sem histerias, sem dramas, sem chinfrim, sem pânico.
O crescimento de casos na Suécia (sem máscaras, repita-se) não aparenta descontrolo. A actual incidência neste país nórdico (143 novos casos diários por milhão de pessoas) é, actualmente, metade da Itália (308 casos por milhão). Repita-se: a Suécia teve isto sem máscaras; Itália teve um crescimento na incidência por milhão de habitantes de quase quatro vezes depois de obrigar os seus cidadãos a usar máscaras "até ao tutano".
Aliás, notem bem o gráfico. Esta clara divergência observou-se "apenas" quando a Itália impõs máscaras na rua. Antes isso, ao longo de todo o mês de Setembro, Itália e Suécia tinham incidências similares. E notem também que a curva de crescimento da Itália, que é assustadora, não dando ideia de estar para achatar.
Mesmo assim, mais preocupante parece-me ser o futuro em Portugal. Se o efeito contraproducente das máscaras nas rua em Itália - que me parece evidente - se repetir em Portugal, os próximos tempos não vão ser nada agradáveis, Com efeito, a incidência de novos casos em Portugal, que já era relativamente elevada em Setembro, está actualmente a níveis próximos dos de Itália. Bem sei que uma grande parte dos casos positivos são falsos positivos, mas não me surpreenderia que a situação se descontrolasse ainda mais por causa do suposto "remédio", leia-se, imposição de máscaras nas rua.
E, neste caso, se as máscaras na rua forem indutoras de um aumento das infecções, vamos dar-nos muito mal. Porque, nesse caso, são infecções reais que, se atingirem grupos vulneráveis, causará um aumento significativo de mortes. E a culpa não será do SARS-CoV-2, mas sim da estratégia política.
Fonte: Worldometers.