Agradeço aos meus poucos amigos e amigas que se afastem de mim durante os próximos 70 dias, se me virem na rua. Vou fazer todos os esforços para garantir o distanciamento social enquanto andar nas ruas, de modo a não ter de meter trapo na cara em pleno ar livre. Prefiro não falar convosco ao vivo do que colaborar numa fantochada sem nexo e que, como se tem visto noutros países, até contribui para o aumento de casos positivos (vd. Itália). Sobre máscaras em zonas fechadas e com ajuntamentos (e.g., transportes públicos) vou continuar a cumprir.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
DO "MILAGRE PORTUGUÊS" QUE NOS COLOCA NO GRUPO DOS PIORES OU DO "NEM SÓ DE COVID SE AVALIA UM SISTEMA
Nos últimos dias fiz uma análise cruzada de dois indicadores simples (keep simple) que revelam, por um lado, o impacte da covid e, por outro, como esse impacte se reflectiu no Sistema de Saúde dos países, sendo que o output é a variação da mortalidade total. Estão incluídos na análise 21 países da OCDE, tendo sido incluídos aqueles que tinham dados até Setembro de 2020, bem como as médias dos anos anteriores em período homólogo (vd. metodologia em baixo).
Simplificando a análise, encontramos cinco grupos:
Grupo 1 - Situação má - inclui países com mortalidade por covid num nível médio a elevado e simultamente indícios de colapso do seu sistema de saúde (ou seja, agravamento da mortalidade total superior ao peso da covid)
* Chile
* Espanha
* Estados Unidos
* Reino Unido
* Holanda
* PORTUGAL
* Israel
Grupo 2 - Situação sofrível - inclui países com mortalidade por covid num nível bastante elevado mas com bons indícios de ausência de colapso do seu sistema de saúde (ou seja, agravamento da mortalidade total inferior ao pesod da covid)
* Bélgica
* Suécia
* França
Grupo 3 - Situação razoável - inclui países com mortalidade por covid baixa (menos de 2% da mortalidade total) mas com ligeiro agravamento da mortalidade não-covid, embora em níveis baixos.
* Polónia
* Áustria
* Finlãndia
* Islândia
Grupo 4 - Situação boa - inclui países com mortalidade por covid superior á média mas com muito baixo agravamento da mortalidade total, reveladora de um bom funcionamento do seu sistema de saúde pública para afecções não-covid.
* Suíça
Grupo 5 - Situação excelente - inclui países com muito baixa mortaldide por covid (geralmente inferior a 2% do total) e com um muito ligeiro aumento da mortalidade total (menos de 1% em relação à média) ou mesmo uma redução, revelador de um sexcelente sistema de saúde pública.
* Alemanha
* Estónia
* Dinamarca
* Noruega
* Nova Zelândia
* Bulgária
* Lituânia
* Hungria
* Letónia
Fonte: Our World in Data (https://ourworldindata.org/excess-mortality-covid) e Worldometers, com tratamento de dados, segundo a seguinte metodologia: 1) cálculo da mortalidade total em 2020 até 20 de Setembro [excepto Hungria, França e EUA (até 6 de Setembro) e Nova Zelândia, Alemanha e Suíça); 2) cálculo da mortalidade por covid até até respectiva data de referência, permitindo assim saber o peso da covid na mortalidade total; 3) cálculo da média dos cinco anos anteriores até à data de referência, permitindo assim saber a variação da mortalidade total em 2020 em relação à média.
DAS ONDAS QUE NÃO SE VÊEM
O Dicionário Houaiss refere que ONDA, por metáfora ou extensão de sentido, é uma força impetuosa; agitação, movimento intenso; ímpeto, torrente, tumulto; movimento sinuoso, ondulatório; ondulação, sinuosidade.
domingo, 25 de outubro de 2020
DO SABER COMO OS PAÍSES SE "SAFARAM"
Vou, por agora, apresentar-vos dois gráficos para que, mais tarde, talvez amanhã, vos mostrar uma breve conclusão sobre como diversos países de um conjunto de países da OCDE (incluindo Portugal) se comportaram durante a pandemia, não apenas no que diz respeito à mortalidade por covid mas sobretudo nos cuidados assistenciais para as outras afecções.
Como tenho dito, não vale a pena um país ter um desempenho razoável no combate a uma pandemia quando, em simultâneo, o respectivo serviço nacional de saúde descura tudo o resto. Portugal é um caso paradigmático, como tenho repetido, e esta análise apenas evidencia com factos. E com comparações. Não somos os piores, mas estamos muito longe do "milagre lusitano"; pelo contrário, os indicadores são preocupantes.
Os gráficos que em baixo surgem são os seguintes:
2) Variação (%) da mortalidade total em 2020 (até meados de Setembro) em função da média dos últimos cinco anos. (verde significa que houve redução; vermelho que houve excesso; Portugal está a amarelo)
1) Contributo (%) da covid para a mortalidade total em cada pais ao longo de 2020 (até Serembro, vd, nota final)
Estes gráficos mostram duas distintas mas complementares perspectivas. Por um lado revela-se que o impacte da covid (até Setembro) foi muito distinto regionalmente, mesmo na Europa. Por exemplo, enquanto na Bélgica por cada 100 óbitos por todas as afecções, 11 foram por covid, em Portugal foram apenasd 2 e em diversos países do Leste e nórdicos foi inferior a 1. Aliás, a maior incidência e mortalidade por covid no mês de Outubro em alguns países de Leste (e.g. Hungria) não surpreende demasiado. Portugal, neste aspecto, está numa posição bastante razoável, com o peso da mortalidade por covid muito mais baixo do qu Chile, Bélgica, Estados Unidos, Suécia, Espanha, França e mesmo Holanda e Suíça.
Por outro lado, revela-se que a covid levou a estratégias em termos de políticas públicas de saúde (e de Saúde Pública) que tiveram muito distintos efeitos. Com efeito, há um grupo de países que registou mesmo uma redução na mortalidade em relação à média; outros em que a covid teve um impacte mínimo; outros ainda que tiveram um agravamento na mortalidade total que não é explicada apenas pela covid (e.g., Portugal, que tem um excesso de mortalidade de 7,5% quando a covid representou 2,2% da mortalidade total); e outros ainda que, apesar de uma mortalidade elevada por covid, a mortalidade total teve uma variação inferior (revelador de os serviços de saúde terem conseguido dar resposta às outras afecções). Portugal, neste aspecto, não tem ums situação famosa: dos países em análise é o sétimo com maior acréscimo, com a agravante de a variação da mortalidade total ser superior ao peso da covid na mortalidade total.
Mas uma análise cruzada (com um gráfico que cruza este dois), com maior detalhe, será apresentada mais tarde. E com conclusões para debate.
Fonte: Our World in Data (vd. aqui) e Worldometers, com tratamento de dados, segundo a seguinte metodologia: 1) cálculo da mortalidade total em 2020 até 20 de Setembro [excepto Hungria, França e EUA (até 6 de Setembro) e Nova Zelândia, Alemanha e Suíça); 2) cálculo da mortalidade por covid até até á respectiva data de referência, permitindo assim saber o peso da covid na mortalidade total; 3) cálculo da média dos cinco anos anteriores até à data de referência, permitindo assim saber a variação da mortalidade total em 2020 em relação à média.
sábado, 24 de outubro de 2020
DA COVID QUE MATA MAIS PORQUE A PNEUMONIA ESTÁ A MATAR MENOS
Bem sei que isto vai ser lido por umas poucas centenas de pessoas.. Infelizmente, na ausência de debate racional, não há forma de colocar alguma racionalidade na pandemia da covid, e analisar a globalidade dos problemas de Saúde Pública.
Continuo, talvez infelizmente, nesta minha cruzada quase quixotesca, e elaborei, desta vez, com base em dados exclusivamente oficiais (como habitual) mais dois gráficos:
1º Gráfico - Entre 2017 e 2020, no período entre Março e Outubro (até ao dia 22 para o ano corrente), apresentam-se os episódios (casos positivos) acumulados de gripes, outras infecções respiratórias e covid (obviamente só para 2020).
Um aspecto interessante é a fortíssima redução de episódios de gripe (que continuam a existir, embora em menor número, na Primavera e Verão) e sobretudo de outras infecções respiratórias (com pneumonias à cabeça). A descida destas infecções respiratórias anda na ordem dos 60%. Em relação ao ano passado, em período homólogo, a queda é de 65%. Se se somar os casos positivos de covid (112.440 até 22 de Outubro), as infecções respiratórias estão com valores abaixo da média de anos anteriores, Se considerarmos que uma parte substancial são falsos positivos ou infectados assintomáticos (ao contrário do que sucede nos episódios de gripe e infecções respiratórias reportados), não direi que o ano de 2020 seja uma "coisa" de pânico.
2º Gráfico - Apresentam-se os óbitos por infecções respiratórias e covid entre Março e Outubro para os anos de 2017 a 2020 entre Março e Outubro.
Este gráfico ainda é mais interessante, mas proscrito para qualquer debate. Basicamente, compara a mortalidade por pneumonias, bronquites e infecções afins (de acordo com a classificação da OMS de causa de morte, indo do código J100 a J22) nos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020 (entre Março e Outubro) e acrescenta os óbitos de covid a este último ano. Os dados de 2017 e 2018 são reais (SNS) e os de 2019 e 2020 para as infecções respiratórias são estimativas em função das taxas de letalidade apuradas para 2017 e 2018. Basicamente, para calcular os óbitos de 2019 e 2020, multiplicou-se a taxa de letalidade média daqueles dois anos (1,65%) pelo número de infecções respiratórias no períodos reportados pelo SNS.
Tópico principal para um debate sério: a mortalidade causada pela pandemia da covid é tão grave (ou não) que "apenas" consegue matar uma quantidade mais ou menos equivalente às vidas poupadas pela abrupta diminuição das pneumonias e afins. Ou seja, quase se pode dizer que aquilo que a pneumonia não matou, matou a covid. Isto, obviamente, não é uma relação directa (seria estúpido concluir isso). Aquilo que aqui se mostra é que a covid não é nenhum "papão" (comparando-o com as pneumonias e afins) nem está a causar qualquer hecatombe de mortes do foro respiratório. Mostra mais ser aquilo que já deveríamos saber: é uma doença oportunista.
Nota: Este e outros textos podems ser lidos no blog "Nos Cornos da Covid" em https://noscornosdacovid.blogspot.com/ . Fonte: Plataforma da Mortalidade (SNS, vd. aqui) e boletins da covid (DGS).
DAS MORTES POR MEDO
Enquanto o discurso do medo alimenta a pandemia, as mortes evitáveis aumentam. Enquanto o discurso da alegada falta de camas hospitalares para a covid impera, a fuga às urgências mantém-se. E as mortes por afecções não-covid aumentam para níveis insanos.
Cada vez mais fico abismado com as evidências de uma crise de Saúde Pública que passa despercebida em Portugal: as mortes evitáveis, que parecem não chocar ninguém. Neste post coloco três gráficos para vossa apreciação:
1 - Excesso de mortalidade no período de 12 a 22 de Outubro em relação à média (2009-2019)e contributo da covid e das afecções não-covid. Apesar do crescimento dos óbitos por covid, estes são em menor número: 182 contra 323.
2 - Evolução, entre 12 e 21 de Outubro, para todas as unidades hospitalares, do número de episódios emergentes (pulseira vermelha da Triagem de Manchester) para o ano de 2020 e para a média dos anos de 2017-2019.
3 - Evolução, entre 12 e 21 de Outubro, para todas as unidades hospitalares, do número de episódios muito urgentes (pulseira laranja da Triagem de Manchester) para o ano de 2020 e para a média dos anos de 2017-2019.
Reparem apenas na queda brutal sobretudo nos casos "muitos urgentes", em que existe perigo de morte se não houver um atendimento rápido. Não estamos a falar de casos pouco urgentes que enchem desnecessariamente as urgências (a Triagem de Manchester tem mais três cores de pulseiras abaixo da laranja). Estes são os casos graves que necessitam mesmo de assistência médica imediata, de contrário o risco de morte é certo ou elevadíssimo em pouco tempo. Ora, temos aqui, só para os casos muito urgentes, uma descida de 30%. Foram menos 468 atendimentos "muito urgentes" por dia!
Poder-se-ia pensar que, de repente, a população portuguesa começou a ser saudável, e a não ficar com tantas afecções súitas e graves (que representam as pulseiras vermelha e laranja),. Mas se esse milagre estivesse a suceder, então não teríamos o excesso de mortes que assistimos paulatinamente desde a Primavera.
Na verdade, aquilo que estes gráficos mostram é uma coisa simples e tenebrosa: com a campanha de alarmismo da covid, muitas pessoas têm medo de ir ao hospital mesmo quando se sentem muito mal. Muitas acabam por "visitar" a morgue pouco depois.
E a DGS, Ministério da Saúde e uma parte muito considerável dos médicos assobia para o ar. E uma "coisa" outrora chamada Imprensa, nada. Tudo para a covid. Tudo para a morte. Silenciosa. A loucura de uma sociedade é isto que estamos a assistir.
Fonte: SICO-eVM para o primeiro gráfico); Monitorização dos Serviços de Urgência (SNS, dashboard 6, que pode ser consultado aqui).
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
DA LOUCURA, DO POLÍGRAFO OU DA VERDADE SOBRE A LETALIDADE DA COVID E DAS PNEUMONIAS
A covid é doença perigosa? Vamos responder que sim. Com base nas mortes oficialmente atribuídas, e com base nos casos positivos oficialmente confirmados, temos uma taxa de letalidade de 2,02% (até 22 de Outubro).
Ora, mas essa taxa de letalidade justifica esta histeria e todas as medidas absurdas que se estão a tomar? Se sim, porque nunca se fez o mesmo com a generalidade das infecções respiratórias? Sim. Comparemos a covid com as "banais" infecções respiratórias.
De facto, a menos que inventem um Polígrafo que transforme a verdade em mentira, feito pela cambada de ignorantes que pululam as redacções (desculpem, deixei de medir as palavras), os dados que aqui apresento são à prova de desmentidos. Considerando, nos períodos de Março a Outubro dos anos de 2017 e de 2018 (infiormação disponível), as infecções respiratórias (que incluem os episódios de gripes) contabilizads pelo SNS (que assim correspondem a casos positivos) e a mortalidade por infecções respiratórias (pneumonias, bronquites e afins, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças – CID 10 da OMS, que vai do código J100 até ao J22) , temos uma letalidade de 1,68% em 2017 e de 1,61% em 2018.
Ou seja, todos este escarcéu, todo este colapso no SNS, todo este colapso na Economia, todo este colapso das relações sociais, todos este colapso nos direitos constitucionais, tem sido por causa de uma doença que apresenta uma taxa de letalidade superior em míseros 0,4 pontos percentuais à das pneumonias e doenças respiratórias afins.
Isto é de loucos!
Nota: Para os cálculos da letalidade, além dos dados dos boletins da covid da DGS, usaram-se os dados das infecções respiratórias do SNS (vd. aqui) e os dados da mortalidade para as infecções respiratórias em 2017 e 2018, seleccionando em ambos os casos o período Março-Outubro (inclusive) para as doenças com os códigos J100 a J22. Em 2017, registaram-se 3.479 óbitos deste grupo de doenças neste período e 206.576 infecções respiratórias; em 2018 registaram-se 3.721 óbitos e 231.220 infecções. Não há dados de mortalidade por causas em 2019 e 2020 para as infecções respiratórias, mas posso adiantar que se registou uma brutal diminuição das infecções respiratórias em 2020. Escreverei, em breve, sobre isso...
DA ELITE OU DO FIM DA DEMOCRACIA
Mesmo admitindo, por absurdo, que existe um risco elevado de contaminação num espaço aberto como um cemitério, o Governo decidiu decretar a proibição de deslocamentos entre concelhos. Encerrar os cemitérios não bastava? Não! Fechar um espaço não chega para estes democratas. Decretar “não fazes isto, porque eu quero que não faças” é muito melhor; causa-lhes um prazer próximo do orgasmo. Porém, isto de proibições não é para todos. Reparem: a proibição não incluiu “titulares de cargos políticos e magistrados”. Gente fina é outra coisa.
DAS BICICLETAS QUE FORAM GIRAS E DA PRUDÊNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Sou adepto das bicicletas eléctricas numa cidade como Lisboa, sobretudo em deslocações com subidas. O grande problema é a autarquia lisboeta continuar a achar que é giro criar um serviço mas depois deixá-lo avacalhar. Há meses que achar uma bicicleta eléctrica funcional do GIRA é mais difícil do que encontrar agulha em palheiro.
Hoje cheguei a percorrer vários spots para encontrar uma. Peguei nela e 300 metros à frente pifou. A alternativa para me locomover para uma consulta de documentos na zona da Praça de Alvalade seria seguir de metro.
Ora, eu, que não sou adepto de máscara na rua (por irrelevantes é contraproducentes), acho que deveria encontrar-se boas alternativas, nesta fase, para o uso de transportes públicos, que são locais de risco, sobretudo para desanuviar a sua utilização e diminuir o risco de infecção (como sustenta, por exemplo, a Agência de Saúde Pública da Suécia). As bicicletas são uma extraordinária alternativa, mas a autarquia de Lisboa em vez de melhorar o serviço, deixa que piore.
Desse modo, falhei a consulta de documentos informando a entidade, por e-mail, que “por razões de prudência epidemiológica, tomei a precaução de não me deslocar esta semana às vossas instalações”.
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
DO JORNALISMO CRÁPULA E PATIFE
Rodrigo Guedes de Carvalho personifica o actual estado do jornalismo português: alarmista, misto de hiena e abutre. Patife. Na SIC, agora mesmo, palavras suas (sic): "Boa noite e bem-vindos. Eu quero muito, muito, muito, voltar a abrir este jornal com notícias que não seja covid. Mas hoje não é ainda esse dia. Hoje é, aliás, o pior dia da pandemia em Portugal".
Isto é nojento. Além do estilo do discurso, vergonhoso num jornalismo que se quer rigoroso, informativo e isento, esta coisa de ser "o pior dia da pandemia em Portugal" é objectivamente falso, excepto se se considerar, de forma sensacionalista, que são os testes positivos (a esmagadora maioria assintomáticos, até pelos falsos positivos) que constituem a medida de gravidade ou de uma tragédia, e não as mortes.
Ontem, morreram 16 pessoas por covid, o que é aliás valor que encontra paralelo com a mortalidade habitual nesta época do ano para as pneumonias. Estas 16 mortes estão muito longe do pico de mortes de Abril: 37 no dia 2. A mortalidade total ontem (últimos dados, ainda não consolidados) terá rondado as 300 mortes, o que sendo valor acima da média, não é trágico. Vejam: o dia mais mortífero deste ano foi em 15 de Janeiro (antes da covid) com 425 óbitos. E em Julho até houve três dias com mais de 400 óbitos, quando a covid andava então a matar três pessoas por dia.
Isto é tudo muito mau. O jornalismo começa a dar-me asco. Patifes!
DA CORRELAÇÃO ENTRE PÂNICO E PAPEL HIGIÉNICO
Na Alemanha, as vendas de papel higiénico aumentaram 90% numa semana. Tem lógica: o pessoal anda borrado de medo.
Entretanto, deve andar por aí uma festa por a Suécia ter imposto restrições. Restrições? Continuam sem máscara, reduziram para 8 pessoas o número máximo de pessoas na mesma mesa e para 50 em bares. Isto são restrições ou bom senso? Por essa Europa fora anda-se como baratas tontas com máscaras na rua e até recolher obrigatório.
DAS CARPIDEIRAS
Portanto, no dia 2 de Novembro vamos ter um dia de luto nacional pelos mortos por covid, decretado pelo Governo. Os outros 97,5% de mortos, que se finaram de outras enfermidades, incluindo os mais de 6.500 acima do expectável, muito por culpa do estado de sítio do SNS, esses, esses que se lixem. Não deixam saudades... Este país não existe.
DOS INTERNAMENTOS, DA RELES MANIPULAÇÃO E DO JORNALISMO PÉ-DE-MICROFONE
Tantos meses depois do início da pandemia, e a nossa Imprensa segue sendo a Propaganda Mediática do Governo. Preguiça, incompetência ou reverência pela publicidade paga: não sei qual destes factores é o mais importante. Talvez todos, em partes iguais.
Isto a pretexto do suposto "quase"esgotamento das camas hospitalares por causa da covid, uma questão "premente" que a nossa Propaganda Mediática não pára de gritar, alimentando assim o pânico. Bem sabemos que o Governo e a nossa DGS tentam, por todos os meios, esconder e manipular informação. Fazem o serviço que conseguem para justificar o colapso da estratégia anti-covid, que tem matado mais pessoas do que o SARS-CoV-2. Porém, há muita informação disponível que, mesmo não sendo fácil de tratar e de interpretar, um jornalista de cultura mediana e conhecimentos básicos de matemática (bem sei que muitos nem sabem fazer uma regra de três simples) tinha obrigação de saber.
Pois bem, não fazem eles; faço eu...
Portanto, peguei na informação da Monitorização Diária dos Serviços de Urgência e estive a comparar, para os dias 1 a 20 de Outubro, os fluxos de episódios de urgência (de acordo com a Triagem de Manchester) nos anos de 2020, 2019, 2018 e 2017, bem como os internamentos no decurso.
Eis as conclusões. No total dos episódios de urgência (incluindo outras situações, sinalizadas a branco e a cinzento), o mês de Outubro de 2020 tem sido bastante mais calmo do que os anos anteriores, com apenas cerca de 251 mil episódios contra uma média (2017-2019) de quase 353 mil episódios, i.e., uma descida de 29%. Se se considerar os casos mais urgentes (vermelho, laranja e amarelo), a descida é ainda maior (36%), passando de uma média de 185 mil para apenas 118 mil este ano.
No caso dos internamentos, embora esteja a abordar fluxos (e não a situação pontual ou diária), porque a DGS esconde informação, na verdade não é expectável que se esteja à beira de qualquer colapso. Na verdade, a situação actual aparenta ser mais favorável do que em anos anteriores. Com efeito, entre 1 e 20 de Outubro, em valor acumulado, foram feitos este ano 22.416 internamentos,, ou seja, cerca de 15% menos do que a média (2017-2019). No caso dos internamentos que resultaram de episódios mais urgentes (vermelho, laranja e amarelo), e que, em princípio, podem resultar em internamentos mais duradouros, o mês de Outubro (até dia 20) registou um valor muito inferior à média: 15.778 contra 20.674, i.e., uma redução de quase 24%.
Portanto, apesar da informação esconida, mesmo com covid (ou talvez por causa dela, mas por má razões), não parece existir qualquer situação próxima do esgotamento dos internamentos. Ou se houver, acaba por ser por razões de má logística, tendo em consideração que um número desconhecido (mas provavelmente elevado) de camas está a ser ocupado por doentes covid por razões sociais, e nestes casos deveriam estar a ser reactivadas já os famigerados hospitais de campanha montados e desmontados na Primavera, quase sem qualquer préstimo.
Fonte: Monitorização dos Serviços de Urgência (SNS, vd. aqui). O valor dos casos de urgência máxima (emergência, pulseira vermelha) são, felizmente, bastante reduzidos (820 este ano, em Outubro, e um pouco menos de 1.100 nos outros anos em período homólogo), razão pela qual no gráfico não aparece visível. A Triagem de Manchester tem apenas cinco cores. A cor branca representa casos de registo na urgência, mas que, na realidade, não o são, incluindo, em muitos casos, internamentos programados. O cinzento são outras situações não explicitadas. Curiosamente, o mês de Outubro tem um valor relativamente elevado de casos zinzentos (2.933 contra uma média de 1.856). Serão internamentos covid a aumentarem esta parcela? Enigma.
terça-feira, 20 de outubro de 2020
DA EMENDA PIOR DO QUE O SONETO OU DO CASO DAS MÁSCARAS NA RUA
Fui consultar com detahe os dados dos novos casos positivos em todas as regiões de Itália para aprofundar o efeito da imposição naquele país do uso de máscaras na rua, em vigor desde 7 de Outubro..
Aliás, a propósito, no site do Ministério da Saúde italiano consegue-se saber mais sobre a covid na Itália do que nós aqui sobre a covid em Portugal, mas isto é uma crítica de um "traidor à Pátria" (eu), de acordo com a bitola da Dra. Graça Freitas.
Pois bem, comparando, para as 21 regiões italianas, os novos casos positivos do período 4-6 de Outubro (imediatamente antes da imposição de máscaras na rua) e os dias 17-19 de Outubro, verifica-se que, em vez de uma diminuição, se observa um aumento global de 42%. Registam-se 17 regiões com subidas e apenas quatro regiões com descidas, embora apenas a região de Ligúria (capital: Génova) tenha uma incidência mais elevada de casos (em número absoluto).
Uma das piores evoluções ocorreu na Lombardia (capital: Milão), exactamente a região mais fustigada pela covid. Entre 4 e 6 de Outubro tinha uma média de novos casos diários de 915, depois de se ter imposto as máscaras na rua subiram para 2.442 novos casos diários (média noa dias 17 a 19 de Outubro).
Além da Lombardia, as quatro outras regiões no top 5 de casos de covid registaram aumentos : Piemonte (capital: Turim) teve um aumento de 80%, Emilia-Romagna (capital: Bolonha) subiu 11%, Veneto (capital: Veneza (2%), e Campania (capital: Nápoles) 18%. A região de Roma (lazio) teve um crescimento de 36%.
Portanto, sobre máscaras na ruas, parece que o efeito está muito longe do desejado. Em vez de diminuir as infecções, estão associadas a aumentos... Claro que virá quem nega uma associação entre máscaras na rua e aumento de infecções, mas então, se não houver essa relação, o que fazem afinal então as máscaras na rua? São um placebo?
Nota: os dados de Itália podem ser consultados aqui.
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
DA EVIDÊNCIA DOS EFEITOS DOS TRAPOS NAS RUAS OU COMO DEVEMOS APRENDER COM O CASO DA ITÁLIA
Como sabemos, as máscaras faciais passaram, em poucos meses, de panos irrelevantes (criticados por pneumologistas e desaconselhados pela DGS e OMS) para supostos instrumentos salvíficos na estratégia de alguns países no combate à covid.
De repente, sem sequer se pensar nos efeitos de um uso intensivo, muitos Governos caíram na moda de imporem máscaras faciais mesmo nas ruas. Durante infindáveis horas, as pessoas passaram assim a ser obrigadas a usar máscaras sem que ninguém de bom senso (exceptuando os responsáveis de Saúde Pública em países nórdicos) se questione se, em vez de proteger, as máscaras não serão, nessas circunstâncias, focos de infecção. As pessoas transformaram-se simplesmente em cobaias do desnorte dos políticos.
Fui analisar os efeitos da imposição de mácaras na Itália. Na região de Lazio, que inclui a capital Roma, a imposição ocorreu a partir de 3 de Outubro (eu estava lá e assisti). De acordo com os dados do Ministério da Saúde de Itália, esta região contabilizou, naquele dia, 261 novos casos positivos. Se se considerar uma semana (tempo médio de incubação), então significa que a partir do dia 10 de Outubro todos os novos casos positivos seriam de pessoas infectadas já no período de uso obrigatório de máscara nas ruas. Ou seja, esperar-se-ia então uma diminuição dos casos, assumindo que as ditas máscaras dominuíam o risco de infecção, não é?
Mas o que aconteceu a partir do dia 10 de Outubro na região de Lazio? Ora, um grande aumento de novos casos positivos. Nesse dia 10 já eram 384 (uma subida de 47% em relação ao dia 3). No dia 18 eram já 1.198 novos casos, i.e., uma subida de 359% em relação ao primeiro dia de imposição.
Similar situação se verificou em outras regiões e em toda a Itália, onde a obrigatoriedade de uso de máscara nas ruas se estendeu a partir de 7 de Outubro. Nesse dia a Itália registou 3.677 novos casos positivos. Uma semana mais tarde, o impacte das máscaras na rua era também o oposto do desejado: no dia 14 já subira, e de forma abrupta, para os 7.332 novos casos. No dia 18 de Outubro atingiu os 11.705. Ou seja, 11 dias depois de se imporem as máscaras na rua, os novos casos positivos diários em Itália tinham mais do que triplicado, registando um aumento absoluto de 9.028 casos.
Fiz similar exercício para a Lombardia (uma das regiões mais fustigadas pela covid na Primavera) e, mais uma vez, similar efeito: as máscaras na rua em vez de fazerem diminuir as infecções afinal resultaram num aumento: entre 7 e 18 de Outubro os casos positivos aumentaram 472% com uma subida absoluta de novos casos de 520 (dia 7) para 2.975 (dia 18).
É nesta aventura que Portugal se vai meter dentro em breve, quando também impuser máscaras nas ruas. Os doutores Froes e as doutoras Freitas devem ficar muito satisfeitos com estas experiências. E então, depois do desastre que se avizinha com esta coisa dos trapos em todo o lado, os doutores Costa e Sousa encontrar-se-ão, pesarosos, e decretarão estados de sítios e recolheres obrigatórios, até porque, na verdade, a culpa é sempre nossa. Nunca deles.
Nota: os dados de Itália, por dia e região, podem ser consultados aqui.