terça-feira, 22 de setembro de 2020

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

DA PROVA DOS NOVE OU DA DIFERENÇA ENTRE ABRIL E SETEMBRO

A pandemia da covid nos países da União Europeia nunca foi similar. Como se sabe, Bélgica (com grande destaque), Espanha, França, Itália e Suécia (num segundo nível) suscitaram as maiores preocupações, e justificaram o medo e pânico generalizados na Europa. Num terceiro grupo, destacaram-se, mas pela positiva, oito países que então registaram menos de 5 óbitos por dia (padronizados à população portuguesa, vd. nota): Bulgária, Grécia, Chipre, Letónia, Lituânia, Malta e Eslováquia. No pior mês para a UE-27, Portugal registou quase 27 óbitos em média por dia. 

Ora, mas comparar os óbitos em Abril com os de Setembro (que está a causar um recrudescimento do medo, apenas por causa de testes em catadupa onde se "descobre"uma nova avalanche de casos positivos), mostra-se bastante interessante. Compare-se então, para confirmar que se Abril foi um tsunami, então Setembro é uma onda dos mares do Algarve.

Com efeito, basta olhar para os três gráficos (para dar escala às diferentes situações)  para constatar que as diferenças se mostram avassaladoras. Os gráficos valem por si, até bastando apenas salientar que na UE-27 se passou de  uma média diária de 65,5 óbitos padronizados à população portuguesa em Abril para apenas 5,4 em Setembro. Apenas a Bugária, Croácia e Roménia se encontram em pior situação, mas em níveis não demasiado elevados. Registam-se 20 países com menos de 5 óbitos por dia (padronizados), dos quais sete com menos de 1 óbito diário.

Tirem, portanto, as vossas conclusões, tendo também sempre presente, como referência, que em média diária de mortes por pneumonia em Portugal é de 16.

Nota: O número de mortes para os diferentes países e para a URE-27 foi padronizado à população portuguesa (cerca de 10,2 milhões de habitantes), de modo a permitir uma comparação mais adequada à nossa realidade. Usar essa padronização é similar à padronização habitual (por milhão de habitante), mas assim permite-se uma melhor percepção da verdadeira dimensão da pandemia. Os dados de mortalidade por covid foram recolhidos no Worldometers e os da população no Eurostat.








DO BOLETIM DA DESGRAÇA - 19 DE SETEMBRO

No dia 19 de Setembro de 2020 houve 13 mortes por covid, um dos valores mais elevados dos últimos meses. A mortalidade total neste dia foi de 250 óbitos, valor semelhante à média (2009-2019). Sem estas mortes por covid, a mortalidade total ficaria assim abaixo da média, algo que não tem sido habitual nos últimos meses e que sucede pela primeira vez em Setembro. 

PORÉM, mantém-se a tendência, particularmente grave, de excesso de óbitos (em relação à média) dos idosos com mais de 85 anos. Abaixo desta faixa etária a mortalidade ficou sempre abaixo da média. 

Principais dados a reter na mortalidade do dia 19 de Setembro de 2020:

a) 13 óbitos em excesso são devido à covid;

b) 0 óbitos em excesso não associados à covid;

c) sem óbitos por covid, a mortalidade total ficaria abaixo da média:

d) o grupo dos maiores de 85 anos apresenta um excesso de 24 óbitos;

d) o grupo dos 75-84 anos apresenta uma redução de 15 óbitos;

e) o grupo dos 65-74 anos apresenta uma redução de 4 óbitos;

f) por dedução, o grupo de menores de 65 anos registou uma redução na mortalidade de 5 óbitos em relação à média.




domingo, 20 de setembro de 2020

Um dos grandes mistérios do SARS-CoV-2 é, na verdade, a sua perda de perigosidade neste Verão em relação à Primavera. Ou, em hipótese alternativa: a política de testes PCR, feitos invariavelmente a sintomáticos e a muitíssimos assintomáticos, é um embuste ao serviço da manutenção de um negócio de milhões (pelas minhas estimativas moderadas já perto dos 100 milhões de euros só em Portugal). Por outras palavras, o crescente pânico, pela perspectiva de uma segunda vaga, serve apenas para justificar a realização massiva de testes PCR e movimentar uma "indústria laboratorial" que se eclipsaria se a covid deixasse de ser um problema publicamente empolado. Tão simples como isto.

Vou dar dois exemplos: Bélgica e Espanha, os dois países com maior incidência (e mortalidade) no pico da covid em Abril.

Na Bélgica registaram-se 28.484 casos positivos entre 15 de Março e 30 de Abril que terão causado 7.771 mortos. A taxa de letalidade foi assim de 27,3%. Porém, embora o número de casos positivos entre 1 de Agosto e 19 de Setembro seja de 31.643 (ou seja, aumentou), apenas se registaram 222 mortos. Ora, isto dá uma taxa de letalidade de 0,7%. Ou seja, o nível de perigosidade do "bicho" na Bélgica foi este Verão apenas de 2,5% do nível que registava na Primavera. No entanto, um caso positivo em Setembro é tratado pela Propaganda Mediática (leia-se imprensa) como se fosse quase uma morte.

No caso da nossa vizinha Espanha sucedeu o mesmo. Entre 1 de Março e 30 de Abril contabilizaram-se 248.224 casos positivos e 24.543 mortos, sendo assim a taxa de letalidade de 9,9%. Mas no período de 1 de Agosto a 19 de Setembro, apesar do aumento de casos positivos (334.459), registaram-se 2.050 óbitos, o que dá uma taxa de letalidade de apenas 0,6%. O "bicho" no estio (incluindo Setembro) também perdeu muita da sua fúria primaveril. No entanto, repita-se, um caso positivo em Setembro é tratado pela Propaganda Mediática (leia-se imprensa) como se fosse quase uma morte.

Amanhã deixarei por aqui uma análise mais detalhada sobre a mortalidade nos 27 países da União Europeia no mês de Abril e no mês de Setembro padronizada à escala populacional de Portugal.



DO BOLETIM DA DESGRAÇA - 18 DE SETEMBRO

No dia 18 de Setembro de 2020 houve 5 mortes por covid. Fazendo a comparação com a média (2009-2019) verifica-se que a mortalidade total neste dia (258) a excede em apenas 5 óbitos, ou seja, o número de vítimas da covid. PORÉM, este é um caso paradigmático sobre o actual problema de mortalidade que atinge os mais idosos. Com efeito, e conforme se observa no segundo gráfico, a mortalidade nos maiores de 85 anos continua muito acima da média, o que significa que para as outras idades, e sobretudo para os menores de 65 anos, a mortalidade se encontra abaixo da média. Este dado apenas confirma a situação grave dos mais idosos.

Principais dados a reter na mortalidade do dia 18 de Setembro de 2020:

a) 5 óbitos em excesso são devido à covid;

b) 0 óbitos em excesso não associados à covid;

c) o grupo dos maiores de 85 anos apresenta um excesso de 27 óbitos;

d) o grupo dos 75-84 anos apresenta uma redução de 2 óbitos;

e) o grupo dos 65-74 anos apresenta uma redução de 1 óbito;

f) por dedução, o grupo de menores de 65 anos registou uma redução na mortalidade de 24 óbitos em relação à média.





sábado, 19 de setembro de 2020

DA LAVANDARIA DO DOUTOR NUNES

O Doutor Baltazar Nunes, actual responsável pela divisão de epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSA), que não conheço, será certamente homem grato. Em 25 de Abril, o Público referia que ele apenas recomendava ser preciso "evitar que haja 'uma disrupção do Serviço Nacional de Saúde', mas também defend[ia] que se ganhe alguma imunidade da população". 

Parece ter mudado de opinião a partir do momento em que começou a fazer a modelação da pandemia para a DGS. E assim, esta semana veio lesto mostrar serviço de "modelação", ou de simples lavagem, garantindo que o «INSA afasta que a quebra de cuidados [de saúde pelo SNS] possa ter sido o motivo ou a 'principal causa' para o aumento de mortalidade". 

Para sustentar a sua "tese" diz que "calcular o valor de óbitos num período e subtrai-lo à média dos últimos cinco anos é um indicador mas é um indicador frágil na perspetiva de perceber quais os fatores que estão associados a esse aumento”.

Ora, até aqui tudo bem. A simples estatística descritiva não identifica factores, mas, contudo, tal não significa que seja impeditiva de encontrar evidências. E a evidência, mais que evidente (desculpem o pleonasmo), é a existência de um grande excesso, persistente, e que não se explica nem pelas (supostas) ondas de calor nem pela covid. 

E devendo saber o Doutor Nunes isto, e muitíssimo mais da "cepa" do que eu, não pode, não deveria eticamente poder, minimizar um excesso consistente, persistente e inalterável ao longo de meses a fio, e que ele sabe não estar associado à covid.

Ademais, tem a DGS, através da base de dados do SICO - e portanto o Doutor Nunes, como consultor -, acesso imediato aos certificados de óbito diários, podendo assim muito, muito rapidamente apurar quais foram as verdadeiras causas de mortes no presente ano, e identificar muito, muito rapidamente as causas do excesso de mortes. Num dia de trabalho, garanto, teriam uma conclusão.

Poderia isto fazer a DGS e o Doutor Nunes. Mas a DGS, já se sabia, não está interessada. Quanto ao Doutor Nunes, constato que também, mostrando porém disponibilidade para servir de lavandaria da DGS. 

Enfim, é muito triste quando chegamos à conclusão que, neste desgraçado país, até em questões de Saúde Pública estamos longe de ver independência no pensamento e na acção.

Nota: A notícia do Público de Abril está aqui (em acesso livre): A posição recente está, por exemplo, aqui

DA MÁQUINA DE FAZER TESTES

Se há número da pandemia da covid-19 que me começa a impressionar é o número de testes PCR. Contabilizo os valores do Worldometers (que não tem para todos os países) e chego já à cifra de 596.280.150 testes. Aproxima-se da média de um teste por cada 10 viventes do Planeta. Vamos ser "meigos" na análise e façamos as contas por 40 euros cada teste. Estamos a falar de um negócio de cerca de 24.000.000.000 euros, isto é, 24 mil milhões de euros, o equivalente a um pouquito mais de 10% do PIB português.

No caso de Portugal, onde se realizaram 2.345.680 testes, se cada um tiver custado ao Estado 40 euros, andamos com a factura a aproximar-se dos 100 milhões de euros...

Parece coisa pouca? Mas enfim, seria dinheiro bem empregue se estivesse a ser útil, porque, na verdade, outra coisa que me surpreende é andar-se sistematicamente, e cada vez mais, à caça de "casos positivos", massificando a testagem mesmo em assintomáticos ou fora dos grupos vulneráveis (idosos e pessoas vulneráveis). 

Com efeito, estive a analisar os dados com algum detalhe e constatei que Portugal é, de entre os países do Mundo com mais de 10 milhões de habitantes, o 6º que mais testa, sendo apenas ultrapassado pela Austrália, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e Bélgica.

Sendo a média a nível mundial de 5,3% de casos positivos contra 94,7% de casos negativos, os Estados Unidos são, neste grupo do top 6, os únicos que estão acima deta fasquia. Portugal está com um índice de 29 casos positivos por cada 1.000 testes (2,9%), enquanto o prémio do "apanha lá um positivo" vai para a Austrália que tem de fazer, em média, 250 testes para encontrar um caso positivo (0,4%)

Bem sei que os testes, tal como qualquer exame, tem um papel crucial para o diagníostico e a definição de uma estrategia adequada de prevenção e combate a uma doença. Porém, nesta pandemia, em que tudo parece já funcionar sem uma base de racionalidade, não há um critério assente na lógica, e está a cair-se rapidamente em exageros, testando apenas já com o fito do negócio e para alimentar o pânico. 

E temo ainda mais que, quando estiver disponível a vacina, se ande a vacinar grupos etários (como, por exemplo, os jovens) não por necessidade de os proteger, mas apenas para facturar.



DOS TESTES E DO CONTROLO DE QUALIDADE

Não sou muito apologista das teorias da conspiração, mas gostava de saber se existe um sistema de inspecção pela DGS (ou de uma entidade reguladora) ao funcionamento dos Laboratórios Referenciados (existe uma longa lista) que realizam os testes PCR para detectar o SARS-Cov-2.

Sei apenas que até ao início de Junho (três meses do início da pandemia, sabendo-se que os picos de casos positivos e de mortalidade foram atingidos em Abril) se tinham realizado menos de 900 mil teses PCR, o que dá uma média de cerca de 300 mil por mês. Entretanto, sabe-se que, actualmente, já se realizaram em Portugal quase 2,4 milhões de testes PCR em Portugal, ou seja, nos últimos três e meio realizaram-se 1,5 milhões de testes, o que dá mais de 400 mil testes por mês, e que "apanharam" o período de Verão que teve poucos casos positivos e ainda menos mortes. Prevejo que se vá intensificar os testes, e sei mesmo que há já contratos para testes em lares cada vez mais frequentes.

Neste momento, não haja dúvidas sobre a existência de uma "indústria de testes", que não nos sairá barato. Haver mais casos positivos, e aumentar o pânico, alimentará a procura desejada por essa nova "indústria". Haver menos casos, significa menos procura. E os laboratórios não são ingénuos. E não sejamos nós também ingénuos. Os milhões (sim, são mesmo milhões de euros) usados para se pagarem testes são desviados de outras necessidades, prementes, de Saúde Pública. Não nos saem de borla, mas serão úteis apenas na medida em que forem rigorosos.

Nessa medida, será legítimo saber como tem sido feito o controlo de qualidade dos testes PCR feitos em laboratórios privados, que sabem de antemão que quanto mais casos positivos houver, mais solicitações lhe serão feitas. E saber quais os protocolos de comunicação e de garantia no rigor nos números, quer em relação ao número de testes efectivamente realizados, quer ao nível do controlo à posteriori dos resultados obtidos.

Isto não é estar a desconfiar dos laboratórios. É sim defender o óbvio dever de o Estado garantir rigor e credibilidade. E defender os interesses dos cidadão, ainda mais numa matéria sensível como é a Saúde Pública.



17 DE SETEMBRO - DO BOLETIM DA DESGRAÇA /

No dia 17 de Setembro de 2020 houve 6 mortes por covid. A mortalidade total neste dia (303) foi anormalmente elevada para esta época do ano, registando-se um excesso de 60 óbitos. 

Principais dados a reter: 

a) 6 óbitos em excesso são devido à covid;

b) 54 óbitos em excesso não associados à covid;

c) o grupo dos maiores de 85 anos apresenta um excesso de 21 óbitos;

d) o grupo dos 75-84 anos apresenta um excesso de 25 óbitos;

e) o grupo dos 65-74 anos apresenta um excesso de 14 óbitos;

f) por dedução, o grupo de menores de 65 anos registou uma mortalidade igual à média.




sexta-feira, 18 de setembro de 2020

DO BOLETIM DA DESGRAÇA (16 de Setembro) OU DO QUE NÃO SE REVELA NOS NÚMEROS DA COVID

Porque o Governo e a imprensa nos vai inundar com números da covid, auxiliada por uma zelosa Propaganda Mediática (leia-se,imprensa), vou começar a apresentar, espero que diariamente, um boletim próprio que apresentará os dados mais relevantes da mortalidade total referente sempre ao dia N-2 (ou seja, anteontem em relação ao dia em que se publica, para haver maior estabilidade dos números de óbitos totais no SICO-eVM). 

Destacarei apenas, em dois gráficos distintos:

1) mortalidade total do dia em causa, a média de 2009-2019, o número de óbitos registados por covid e o excesso de mortalidade não-covid.

2) mortalidade média e excesso de mortalidade, em função da média (2009-2019) para os grupos etários menos jovens (65-74 anos; 75-84 anos e maiores de 85 anos).

A análise estatística é simples e tem como mero objectivo alertar, de uma forma rápida, sempre que ocorrem excesso de mortalidade não explicada pela covid. Julgo ser necessário tendo em conta a urgência de repor o SNS em condições normais. O excesso de mortalidade não-covid é, neste momento, é a nossa pandemia principal.

Em todo o caso, quando publicar estes boletins diários não farei, em princípio, grandes comentários. Cada um que retire as suas conclusões.




quinta-feira, 17 de setembro de 2020

DO REGRESSO DO PÂNICO

10 mortos por covid num só dia. Pânico, não é? Sim, mas ninguém se incomoda por num dia de Setembro (mês geralmente pouco mortífero) terem morrido 332 pessoas? Ninguém se incomoda por se registar 66 óbitos em excesso (acima da média), que não é explicado pelo SARS-CoV-2? Ou será que, afinal,66 é um número inferior a 10?



DAS CORES E DO MEDO

Para aumentar o pânico está já a imprensa a anunciar a TWIN PANDEMIC, o encontro do vírus influenza com o SARS-CoV-2. 

Estou aqui a imaginar uma conversa de bar entre os dois virus. Primeiro, discutem a razão para um ser retratado pelos humanos como azul, cor mais pacífica, e o outro com um tenebroso encarnado, cor de sangue, quando na verdade nem um nem outro têm cor porque não interagem com o espectro visível. 

Depois, seguem para a magna decisão sobre a quantidade de mortais que cada um vai ceifar, e muito ordeiramente determinam uma estratégia em que nenhum deles vai matar alguém que o outro já matou. 

Chegam, porém, à lamentável conclusão que, assim, não matarão muito mais do que um só deles mataria, mas ficam satisfeitos porque mesmo assim matarão muito mais que o habitual. É que muitas mortes serão por pânico.

Nota: Convém referir que, habitualmente, numa época gripal se misturam já diversos vírus que causam gripe. Nunca há só um.




quarta-feira, 16 de setembro de 2020

DA SUÉCIA, AQUELE MALDITO PAÍS DO MATA-VELHOS (E PORTUGAL, NÃO É, CLARO QUE NÃO!)

Durante meses, a nossa (e não só) imprensa fustigou a estratégia da Suécia, e os "covideiros" devem ter torcido para que a coisa ainda desse mais para o torto.

Efectivamente, a mortalidade em 2020 na Suécia continua, globalmente acima da média (cerca de 5,7% até Setembro), e a situação é pior do que a dos seus vizinhos escandinavos. Ainda há dias vi as estatísticas da Noruega que indicavam que 2020 estava com mortalidade total abaixo da média, fruto das medidas draconianas que seguiram. 

Porém, durante o pico da pandemia, e quando em Maio a Suécia ainda apresentava muitas mortes por covid, crucificava-se a sua estratégia, considerando-a desumana: o Governo e as autoridades de saúde da Suécia andavam, dizia-se por cá, a deixar morrer os velhos.

Enquanto isso, Portugal auto-elogiava-se. Governo e o impagável Presidente da República garantiam-nos que estávamos perante um "milagre", invejado por todos.

Tretas! Tretas, mil. Mil vezes tretas.

Eu bem sei que isto começa a tornar-se cansativo, talvez para vós que me acompanham, mas não resisto a vos colocar aqui um pequeno gráfico que mostra a evolução da mortalidade acumulada para os maiores de 65 anos desde Janeiro até 7 de Setembro de 2020 para Portugal e para a Suécia, sendo que os dados estão padronizados em função da população desta faixa etária.

E, como podem observar, nunca - repito, NUNCA - em qualquer altura do ano a Suécia esteve com uma taxa de mortalidade acumulada no grupo dos mais idosos acima da de Portugal. Nunca! 

Primeiro, porque a gripe foi lá menos letal até Fevereiro (deixou-se morrer velho de gripe em Portugal, será?!!).

Segundo, porque, embora tenha havido muita mortandade da covid na Suécia até Maio, muita gente se esquece que em Portugal começou desde cedo a registar-se um excesso de mortalidade não-covid em Portugal.

Terceiro, a partir sobretudo de Julho, a situação na Suécia normalizou (a mortalidade tem estado abaixo da média), enquanto em Portugal temos assistido a um Verão de completo mortícinio da população que nada tem a ver com a covid. Vejam, aliás, a divergência nas curvas da mortalidade acumulada que abaixo vos apresento.

Portanto, se a Suécia é um país de mata-velhos; que será então Poortugal?

Nota: Os dados de Portugal são obtidos, como habitualmente, no SICO-eVM. Os dados da Suécia podem ser consultados aqui: https://www.scb.se/en/finding-statistics/statistics-by-subject-area/population/population-composition/population-statistics/?fbclid=IwAR3Ash_sTy5oagP-7ES8lghWjgR92ZEDrsFpwuqtHUZgEe5y9mDLSwjHeEM#_Statisticalnews . 



DO DAR DOZE VIVAS AO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

Morreram 54 pessoas por covid na primeira quinzena de Setembro, o que significa 3,6 óbitos por dia. Entretanto, como não só se morre de covid (ao contrário do muitos devem pensar), na primeira quinzena morreram, por dia, uma média de 309 pessoas. Destes, contas feitas, e arredondando, cerca de 305 morreram livres de covid, ou seja, "cheios de saúde", porquanto livres do mal que aflige obcecadamente o país, a DGS e o Governo. No período 2009-2019, a média diária na primeira quinzena de Setembro foi de 257 (Setembro é o mês menos mortífero do ano)....

Digam-me lá então qual a parte do gráfico que não entendem. Ainda acham que o SNS está bem? E que a DGS e o Governo estão a fazer tudo para que fique "tudo bem"?



DA INSANIDADE SOBRE A SEGUNDA VAGA (UMA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA PANDEMIA NA UNIÃO EUROPEIA)

Para este exercício, posso dizer-vos que demorei menos de duas horas a recolher os dados dos óbitos covid-19 por mês para cada país da UE-27, a fazer os cálculos para determinar a média diária por milhão de habitantes, e a fazer os gráficos. Humildemente, acho que isto é mais útil do que andar (como fez o Público) a "desvendar" no Google Maps os cafés que estão a menos de 300 metros das escolas. 

Porventura, a tabela e o gráfico não precisarão muito de interpretações, pela evidências, mas sempre vos digo cinco "coisas": 

1) achar que já estamos numa segunda vaga é acreditar, por exemplo, que 19,2 = 0,2 [vejam o caso da Bélgica, por exemplo, em Abril e Setembro];

2) achar que já estamos numa segunda vaga é acreditar que 2.550 = 185 [sendo que o primeiro valor se refere à média dos óbitos (valor absoluto) por dia em Abril e o segundo refere-se à média dos óbitos diários (valor absoluto) na primeira quinzena de Setembro];

3) achar que estamos numa segunda vaga é acreditar que os valores das manchas destacadas a vermelho, laranja e amarelo (Abril) são semelhantes aos valores de Setembro (vd. quadro);

4) achar que estamos numa segunda vaga é acreditar que as barras do gráfico em Abril ocupam a mesma área das barras dos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro;

5) achar que estamos numa segunda vaga é, enfim, estar à beira da insanidade, embora sem sanção, porque o mundo anda louco.