quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

DA SUÉCIA (ESSE DESUMANO PAÍS QUE NÃO É COMO PORTUGAL), E QUE ABANDONOU OS VELHOS À MORTE E QUE BLÁ BLÁ BLÁ

Directamente da Human Mortality Database, organizada pelo Max Planck Institute e a Berkeley - University of California, eis um retrato da mortalidade semana a semana (excesso ou défice) entre Portugal e a Suécia para os maiores de 85 anos durante o ano de 2020 em comparação com os anos de referência de 2015-2019.... Quem anda a deixar morrer os velhos que nem tordos, quem é? Ah, pois!, há mais vida (neste caso, morte) para além da "dita" (a tal doença)...

Fonte: Human Mortality Database (vd. aqui).

DA ANÁLISE DA PANDEMIA DENTRO DA UNIÃO EUROPEIA PARA MOSTRAR QUE NEM TUDO É IGUAL; PELO CONTRÁRIO

Apeteceu-me fazer um pequeno exercício de análise multivariada (mais um "ensaio" do que uma análise académica), usando apenas a mortalidade mensal por covid, desde Março até Novembro (padronizada) para a União Europeia, apenas para tentar aperceber como se têm portado os diversos países, dado a convicção empírica de não ser tudo igual. O dendrograma que saiu está aqui em baixo, e, mais uma vez sem pretensões académicas (que neecssitariam de análises mais finas), eis as minhas conclusões relativamente aos diferentes perfis (grupos) que se formam. 

Grupo A - formado pela Bélgica França, Espanha, Itália, Suécia, Irlanda e Holanda, que foram particularmente atingidos durante a primeira fase da pandemia (Março-Maio). Este grupo subdivide-se em três subgrupos, a saber:

 A1 - Bélgica, que se distingue pela elevadíssima mortalidade tanto na primeira como na segunda fase; 

A2 - França, Espanha e Itália, que registam uma segunda onda menor ou sensivelmente superior à primeira, mas num nível inferior á da Bélgica; 

A3 - Suécia, Irlansda e Holanda, que apresentam uma segunda onda com muitíssima menor dimensão da primeira.

Grupo B - formado pela Roménia, Luxemburgo, Portugal, Áustria, Bulgária, Hungria, Polónia, Croácia,  República Checa e Eslovénia, e agregando países em que a onda de Outono (Outubro-Novembro) é substancialmente superior à registada na primeira fase da pandemia, na Primavera, quando tal ocorreu. Este grupo suibdivide-se em três subgrupos, a saber:  

B1 - Roménia, Luxemburgo, Portugal e Áustria, que já tinham sido atingidos na Primavera, embora em menor grau relativamente ao grupo A, e que apresentam na segunda fase (Outubro-Novembro) uma mortalidade mais elevada. Pode afirmar-se que a segunda onda é pior do que a primeira. embora os valores não sejam dos mais elevados na UE-27.

B2 - Bulgária, Hungria, Polónia e Croácia, formado por países que  registaram, por norma, mortalidade muito baixa até Setembro (portanto, sem primeira onda) e que apresentam agora no Outono uma mortalidade muito elevada. Ou seja, a onda de Outono é, na verdade, a primeira onda.

B3 - Eslovénia e República Checa, formado por dois países com semelhanças ao subgrupo B2 mas com uma mortalidade muitíssimo elevada em Outubro e sobretudo em Novembro.

Grupo C - formado pela Alemanha, Chipre, Letónia, Dinamarca, Finlândia, Estónia, Malta, Grécia, Eslováqui e Lituânia, formado pelos países com melhor desempenho na UE, comparativamente aos restantes, embora formando dois subgrupos com perfis distintos, a saber:

C1 - Malta, Grécia, Eslováquia e Lituânia, formado por países que não foram atingidos pela primeira onda da Primavera, mas que apresentam agora (Outubro-Novembro) maior mortalidade, embora num nível menor do que o dos países dos grupos A e B.

C2 - Alemanha, Chipre, Letónia, Dinamarca, Finlância e Estónia, inrtegrando países que têm conseguido suster a mortalidade ao longo da pandemia, registando mesmo, em alguns casos, mortalidade em Novembro inferior à registada em Abril (que nãop foi então muito elevada).

Como em tudo, Portugal está ali no meio: longe do Paraíso, mas também não sendo propriamente um Inferno.  

Fonte: Worldometers. Análise de clusters hierárquico feito através do SPSS 25.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

DO NÃO SE QUERER OLHAR PARA A REALIDADE PARA APRENDER

Uma das coisas que mais me irrita - sim, tenho andado irritado - é a incapacidade da maioria dos Governos europeus em assumirem erros (e o de Portugal, nesse aspecto, tem esse problema crónico) e em procurarem e adoptarem soluções que se mostraram bem-sucedidas noutros contextos - aquilo que se chama benchmarking. 

Isto a pretexto da propalada segunda onda da c0vid, e da preferência por estratégias que de eficácia duvidosa na contenção da pandemia e com evidentes consequências nefastas na Economia e na saúde mental das populações. 

Sendo certo que, na União Europeia (UE-27), o mês Novembro foi o pior desde o início da pandemia (94.193 óbitos contra 75.472 registados em Abril), não se pode afirmar - na minha opinião é errado e abusivo - que a (suposta) segunda onda está a ser pior do que a primeira (Primavera). Com efeito, se compararmos a situação dos cinco países com maior mortalidade por c0vid em Abril (França, Espanha, Itália, Bélgica e Alemanha) com a mortalidade em Novembro observamos uma redução de 16% no número de óbitos. A primeira onda, em termos efectivos no seio da UE-27, foi extremamente localizada. Os cinco países acima identificados agruparam 85% das mortes em Abril; agora em Novembro ronda os 57% (e uma redução absoluta de 10 mil óbitos). Em Abril. e em termos relativos (padronizado à população portuguesa), a situação apenas se mostrou preocupante sobretudo na Bélgica (194 óbitos diários), Espanha (117), França (105), Itália (86), Suécia (86), Irlanda (82) e Holanda (74), sendo que então em 16 países da UE-27 se registou uma mortalidade diária inferior a 20 óbitos (padronizados), a maioria dos quais localizados na região leste e norte da Europa

Na verdade, Novembro veio sobretudo mostrar que a c0vid atacou sobretudo os países que tinham sido poupados ao "ataque" da Primavera. De entre os oito países que em Novembro registaram mais de 100 óbitos diários (padronizados), somente na Bélgica e na Itália se pode dizer que existe uma segunda onda, podendo-se acrescentar também o Luxemburgo (embora seja caso especial, devido à reduzida população). 

De resto, os outros países bastante afectados em Novembro (Eslovénia, República Checa, Bulgária, Hungria, Croácia e Polónia, numa primeira linha, e Áustria, Roménia e Grécia, numa segunda linha), tinham tido valores relativamente reduzidos de mortalidade na Primavera. Ou seja, não se pode dizer que estejam a sofrer uma segunda onda, mas sim uma primeira onda, pois não a tiveram na Primavera.

Porém, na minha opinião, aquilo que se deveria estar a olhar era sobretudo para os casos de sucesso, quer para os países que se estão a portar relativamente bem neste Outono (face à Primavera) quer para aqueles que sempre mantiveram a c0vid longe de constituir um factor de mortalidade excessiva. 

No pimeiro lote, excluindo Chipre (por ser ilha de pequena dimensão), destacaria a Finlândia, a Dinamarca e a Estónia, que têm conseguido, ao longo dos meses, sempre baixa mortalidade, e sobretudo agora em Novembro. Note-se que na Finlândia e na Estónia a máscara não faz parte da estratégia de contenção da pandemia.

Num segundo lote, destacaria as boas evoluções da Espanha (que, mesmo ainda não estando num situação aceitável, conseguiu reduzir a mortalidade de Novembro em 50% face ao valor de Abril) e sobretudo da Irlanda e, em certa medida, da Suécia. Este último país é, como se sabe, o mais "liberal" e menos restritivo de todos os países da UE-27, e embora tenha aumentado significativamente a mortalidade em Novembro, é o oitavo com menos mortes diárias. No caso da Irlanda, cuja realidade e estratégia conheço mal, a evolução desde Abril é impressionamente favorável.

Em suma, de uma forma racional, em vez de se insistir em medidas de eficácia absurda (e.g., máscaras na rua, que é das medidas mais estúpidas, como vos asseguro por experiência própria de 19 dias na Itália) ou contraproducentes (restrições de horários ou de acessos, que mais não fazem do que aumentar congestionamentos e comportamentos de maior risco). parecer-me-ia mais útil analisar as práticas que foram sendo implementadas noutros países e que tiveram sucesso. E aplicá-las, adoptando-as à realidade de cada país. 

E, sobretudo, acabar com o mito de a c0vid estar a ser uma catástrofe equiparada à gripe espanhola, e que existe uma segunda onda pior do que a primeira. Nesta linha, um artigo do "inefável" David Dinis, no Expresso desta semana, é de uma ignorância criminosa... 

A c0vid, assuma-se, é um actualmente problema grave de Saúde Pública, não apenas por causa do SARS-CoV-2 mas sobretudo pelas estratégias políticas seguidas por muitos Governos. E temo cada vez mais que o lastro que deixará, em termos de mortes e de danos para a Economia, será sim catastrófico, se se mantiver o status quo dessas políticas, assente num histerismo generalizado.

O gráfico que em baixo apresento mostra como era a mortalidade por c0vid em finais de Maio e em finais de Novembro, que permite,  interpretando, verificar que Novembro fustigou sobretudo os países poupados aos "ataques" da Primavera, Oprtunamente, se possível, apresentarei aqui mais análises sobre a evolução da pandemia na UE-27.

Fonte: Worldometers (dados actualizados).

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

DIA 19 - POST 5: DA CHEGADA (EM DIA DE CONFINAMENTO)

Com a fluxo aéreo tão baixo, por conta da pandemia, até se chega 30 minutos mais cedo do que o previsto. Em plena histerismo pandémico, durante 19 dias procurei dar, por aqui, um pószinhos do meu périplo por Nápoles, Palermo, Catania, Cagliari, Florença e Bolonha, feito por avião (menos de 50 euros por quatro voos), ferry, comboio e muitas pernas (quase 280 Km, segundo o meu aplicativo)...






DIA 19 - POST 4: DO REGRESSO

Pensavam que ficava em Itália?




DIA 19 - POST 3: DOS CÃES DE BOLONHA

Cães, muitos cães. Não sei se a pandemia fez aumentar a população canídea em Itália, mas certo é que, de entre todas as cidades italianas que visitei neste meu périplo, não vi tantos cães como em Bolonha.






DAS ARCADAS E DAS CORES

Bolonha tem um encanto especial no laranja, no amarelo e nas suas intermináveis e incontáveis arcadas. Deve ter mais, mas como estava tudo fechado (ou quase), fica por descobrir. Incluindo a comida...







DIA 19 - POST 1: DOS CORREIOS DE ITÁLIA

Nunca mais me vou queixar das filas nos CTT... Habituamo-nos a tudo, não é? Filas e mais filas, sempre bem comportadinhos. Não vale a pena melhorar os serviços públicos. Temos tempo para esperar.

Vídeo aqui.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

DA DEVASTAÇÃO E DA CASA DE FERREIRO COM ESPETO DE PAU OU DO BOM NOME DOS JORNALISTAS E DA USURPAÇÃO DE FUNÇÕES

A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e o Sindicato dos Jornalistas condenaram "a usurpação do bom nome dos profissionais" e já apelaram "ao Ministério Público e à entidade reguladora que investiguem e fiscalizem as condutas e os grupos que promovem a desinformação".

Acho bem. Só vejo um problema: se há usurpação não é certamente do "bom nome dos profissionais", que estes já há algum tempo o andam a perder, metendo-o no lamaçal. Eu já não tenho muita paciência, porque me irrita solenemente, estar aqui a elencar a ignorância, o enviesamento tendencioso e sensacionalismo de grande parte da nossa imprensa em torno da pandemia. 

Mas tenhode falar de um artigo do Público de hoje, porque é paradigmático sobre a "desinformação" e até sobre "usurpação" de funções.

O título do artigo (vd.em baixo) vai ao pior estilo do sensacionalismo: Carla viu a “devastação” do vírus e voluntariou-se para receber a vacina de Oxford´'. 

A Carla - e vejam como um título mete um nome próprio para que, subrepticiamente, de forma malandra, se pisque o olho ao leitor, como se a Carla pudesse ser qualquer um de nós - é uma terapeuta ocupacional no Serviço Nacional de Saúde britânico que decidiu voluntariar-se para o ensaio clínico de uma vacina, e explica os motivos da sua decisão e como a coisa correu. Até aqui, enfim, tudo bem. O problema está mesmo no título.

O título diz que a Carla viu a “devastação” do vírus. Está entre aspas, o que significa que seria uma palavra dita pela dita Carla. Só que... essa palavra não consta no interior do texto. Não foi dita nem um qualquer sinónimo. A coisa mais parecida com devastação - a quilómetros de distância - é o seguinte relato: "Tive um paciente que estava a acompanhar há seis meses que faleceu com o vírus. Foi uma experiência bastante negativa na minha carreira (...)". Portanto, estamos falados quanto a devastação.

Vamos agora a uma questão mais delicada. E não é um preciosismo. Se o Sindicato dos Jornalistas e a CCPJ estão tão preocupados com a usurpação de funções de jornalista, comecem então a fiscalizar a própria imprensa. Por exemplo, a autora do dito artigo devastador, Sofia Neves, é apresentada pelo Público como sendo Jornalista, mas, na verdade, é Colaboradora (CO458 A). Isto não é um preciosismo: os Colaboradores são profissionais que exercem "regularmente actividade jornalística sem que esta constitua a sua ocupação principal, permanente e remunerada". Não são jornalistas, nem podem dizer que o são, porque não têm exclusividade, são pagos também por outras entidades fora da esfera da comunicação social. E a exclusividade é um reforço da isenção.

Aliás, acho absurdo que alguém que publica artigos com uma regularidade impressioante sobre cOvid - só este mês assinou, em autoria ou co-autoria, 38 artigos - não tenha como profissão exclusiva o jornalismo. Que outra profissão terá Sofia Neves? 

Espero que não me acusem de estar a deconfiar da Sofia Neves, quem nem sequer conheço. Apenas quero relembrar que no jornalismo se aplica a lei da mulher de César, e relembrar também que foi muito por causa dos jornalistas que os políticos passaram a fazer "declarações de interesse". Daí que também seria bom que os Colaboradores da imprensa declarassem quais são as entidades (fora dos media) às quais estão associados e que os remuneram. Seria em prol da necessária transparência nos tempos que correm.

Nota: Nos primeiros comentários coloco a notícia integral em imagem tirada às 19h30... Não vá o diabo tecê-las e surgir uma versão que adita a palavra "devastação"  no corpo do texto.










DIA 18 - POST 4: DO INSÓLITO

Eu bem que estava a preparar um post para destacar que Bolonha é, à falta de lhe provar a comida condignamente (restaurantes fechados), a cidade laranja e amarela cheia de arcadas... Porém, entrei na Basílica de São Francisco e vi um tipo a passear o cão...


DIA 18 - POST 3: DA IMAGEM DA VERDADEIRA PANDEMIA

Enquanto grande parte dos Governos “brincam” com face masks, lockdowns, curfews & vaccines, a vida continua. Para muitos, uma subvida, esperando migalhas.






DIA 18 - POST 2: DO TRANSBORDO

Antes de Bolonha, o Prato...



DIA 18 - POST 1: DA FLORENÇA, A TRISTE

De todas as cidades italianas que conheço agora (que incluem Veneza, Trieste, Roma, Nápoles, Palermo, Catania, Cagliari e Pisa), Florença é a mais encantadora. Porém, saio daqui com uma tristeza na alma. Com tanto saber na sua alma, de séculos, foi aquela onde senti que o medo, filho da ignorância e da irracionalidade, mais medrou. E isso é uma merda.







domingo, 29 de novembro de 2020

DOS INSONDÁVEIS CRITÉRIOS JORNALÍSTICOS

Talvez me possam acusar de andar a embirrar com o Público, mas, se assim é, deve-se sobretudo ao facto de ter "crescido" a tê-lo como uma referência de bom jornalismo (e eu trabalhei no Expresso e na Grande Reportagem). Por isso, continuo surpreendido com os seus "estranhos" critérios para a selecção das notícias sobre a pandemia no Mundo.

Ora, tenho vindo a reparar que o Público aprecia particularmente países populosos, o que dá sempre garantias de muitos mortos (absolutos), mas também reparo que a sua "apetência" em relação a outros países esmorece à medida que a evolução parece não ser muito "favorável" ao fomento do pânico.

Exemplos disso, são a Suécia (que só surge agora fugazmente se alguma restrição se faz, mas, que raio!, nunca ao nível das máscaras), a Espanha (ora, que chatice!, ainda por cima não há qualquer colapso hospitalar... segundo o último relatório, só 12% das camas-c0vid estão ocupadas e 28% das camas-UCI) e os nossos "irmãos" do Brasil.

Para tentar encontrar uma lógica (ou não) nos critérios do Público, dei-me ao trabalho de analisar a situação dos sete países que mereceram referências em notícias da edição online de hoje, a saber: Reino Unido, Itália, México, Indonésia, Índia, República Checa e Alemanha. A minha análise incidiu na mortalidade por covid no período de 18 a 27 de Novembro (10 dias). Através do gráfico, em que confronto esses países com a situação portuguesa (acrescentando ainda Suécia, Espanha e Brasil), podem ver o quão ridículo é incluir a Indonésia e a Índia sem se enquadrar as suas dimensões populacionais. Além disso, no caso do México - que está sempre a ser apontado periodicamente - nunca é referido que, além de ser menos grave do que a portuguesa (em termos relativos), a sua situação espelha um padrão quase constante de mortalidade desde o Verão, sendo que as flutuações diárias (picos) que reflectem sobretudo o método de contabilização das vítimas.

Ah, e sobre a Suécia, o Brasil e a Espanha? Bom, esqueçamos esses países: não constam já do mapa mundi do Público.

sábado, 28 de novembro de 2020

DA FALSA SEGUNDA ONDA

Muito se tem falado da "segunda onda" da covid, e há quem anuncie uma terceira ou quarta ou quinta... ou, enfim, não tantas porque seremos todos salvos pela fantástica vacina que, afinal, parece não ser eficaz para os mais idosos (o grupo mais vulnerável).

Já tenho feito análises sobre a situação europeia, mas perante uma notícia recente sobre a situação dos Estados Unidos publicada no Washington Post e amplificada pelo nosso Público, decidi olhar para o outro lado do Atlântico com mais atenção. A notícia denunciava que as mortes por c0vid estavam a atingir níveis "sinistros" (tradução sensacionalista do Público) desde o início da pandemia.

Todos estarão ainda certamente recordados dos relatos na Primavera sobre a situação de Nova Iorque. Mas estará Nova Iorque a ter uma segunda onda agora? Resposta: não! Nem Nova Iorque, nem New Jersey nem Massachusetts nem Connecticut nem Louisiana, que são os Estados que apresentam maior taxa de mortalidade acumulada nos EUA. Na maior parte dos Estados que estiveram em situação mais dramática na Primaveira, a mortalidade diária (que padronizei para 10 milhões de habitantes) em Novembro é muitíssimo inferior. Ou seja, após o impacte da primeira onda, não veio uma segunda tão ou mais forte. Esqueçam o "filme" da Gripe Espanhola.

Na verdade, neste país, tal como na maior parte dos países da Europa, as mortes estão a aumentar sobretudo nos Estados que tinham sido poupados na Primavera e que começaram a ser atingidos sobretudo a partir do Verão, como são os casos do Texas, Florida e Illinois. A situação da California é bastante interessante - até pela questão climatática com Portugal -, porque a mortalidade até atingiu o seu máximo durante o Verão, estando agora os valores diário em Novembro muito semelhantes aos da Primavera.

Decidi colocar no gráfico a situação portuguesa como termo de comparação. Até para ver se o Público encontra um adjectivo acima de "sinistro" para colocar em Portugal e, depois, com isso avaliar a actuação do Governo de António Costa.