sábado, 31 de outubro de 2020

DA CULPA DOS PORTUGUESES E DA DESCULPA DO GOVERNO PORTUGUÊS OU DA ESPANHA QUE SOUBE PREPARAR-SE E NÓS NÃO

António Costa não tem culpa de nada. O Governo muito menos. A culpa é dos portugueses que alegremente andam em festejos e a infectarem-se agora tanto que “esta subida conduzir-nos-á a uma situação insustentável do SNS”, disse-nos agora mesmo o primeiro-ministro.

Com tantos Froes e Nunes que por lá andam a cirandar nos corredores da DGD, entre os quais o Filipe e o Baltazar originais, será que ninguém avisou o Governo que seria natural um aumento de infecções causadas por um vírus que tem "comportamento" similar (e até mais "agressivo") que os vírus de outras infecções respiratórias? Ninguém esperava esta subida de casos e, obviamente, de hospitalizações?

Como se pode compreender que nos últimos meses, em que houve milhões e milhões de euros a jorrarem para testes PCR e mais ajustes directos de milhões e milhões de euros até para lojas de brindes ganharem milhões, o SNS não tenha tido capacidade para se preparar estruturas e logística para aguentar um aumento de internamentos? Ninguém se questiona onde param os hospitais de campanha e as camas e mais o reforço de pessoal que se anunciou na Primavera?

Vejam a Espanha. Veja bem, por favor, o quadro que anexo sobre a situação de Espanha que apresentava, no dia 29 de Outubro, 18.162 hospitalizaçõe, isto dá um rácio de 387 internamentos por milhão de habitantes. Nesse dia, Portugal contava 1.927 internamentos, o que significa 189 internamentos por milhão de habitantes. Ou seja, a Espanha tinha o dobro da pressão no seu serviço nacional de saúde.

E como estava então a situação nos hospitais espanhóis nas hospitalizações c*v*d e ns UCI para esses doentes nesse dia? Vejam o quadro: a percentagem de camas ocupadas era de 14,7%, com o máximo em Melilla (a sua pequena comunidade no Norte de África) de 28,5% e em Madrid estava nos 18,9%. Nas UCI estava uma ocupação nacional de 26,6%, com um máximo também em Melilla de 64,3% e em Madrid de 38,4%. Estão os espanhóis, portanto, muito longe de qualquer saturação e com grande capacidade ainda de encaixe. E a situação é duas vezes pior do que a portuguesa.

Enfim, como sempre, Costa e a sua ministra Temido andaram a confiar na Nossa Senhora como Paulo Portas, há uns anos, confiava na mãe de Cristo para um derrame de petróleo (do Prestige) não chegar às nossas costas. Portas teve sorte, porque a Nossa Senhora não faz assim milagres. Costa confiou também na Nossa Senhora ou na sorte (como aliás sempre sucede com as épocas gripais, onde os velhos morrem que nem tordos sem que ninguém ligue), e quem paga agora somos nós.

A culpa de tudo isto é dos portugueses. Nunca do Governo. E a nossa Propaganda Mediática ajudará a culpabilizar-nos. 



DO ESTADO DA NOSSA SAÚDE PÚBLICA E DOS TEMPOS QUE NOS ESPERAM

Ontem, o conhecido Hospital Amadora-Sintra, que no seu site se apresenta "uma unidade de saúde que combina a excelência dos seus profissionais com as mais modernas práticas médicas, procurando responder a uma população de mais de 600 mil habitantes nos concelhos de Amadora e Sintra", contava com 65 doentes covid (tenho de escrever assim por causa da censura do FB), dos quais nove em medicina intensiva.

O Conselho de Administração do hospital diz estar na contingência de alocar mais camas para doentes covid, o que implicará "redução da actividade programada". 

Portanto, lá vamos nós voltar ao mesmo: "chutar" utentes (mesmo se necessitarem de internamento) para morrerem prematuramente daqui a uns dias, semanas ou meses, até porque desses não há contabilização nem a imprensa se preocupa. Não é por acaso que Portugal é um dos poucos países europeus que, desde o início da pandemia, apresenta um excesso de mortalidade não-covid. Por exemplo, a França, a Bélgica e a Suécia, que registaram mair mortalidade por covid, não registam excesso nã-covid, pelo contrário, tiveram uma redução.

P.S. Uma das coisas que a pandemia veio revelar foi a "pobreza franciscana" do nosso SNS. Pesquisando a página do Hospital Amadora-Sintra fica a saber-se, por exemplo, que antes da pandemia existiam apenas quatro camas de UCI nível II (existem três níveis), sendo que uma obra urgente em curso vai conseguir, por 802 mil euros, aumentar em 15 camas esta unidade. Parece muito? Não é nada! É quase o que nos anda a custar a parafernália de testes PCR em apenas um dia.



DO RECOLHER OBRIGATÓRIO

Depois do lockdown, já criticado pela OMS, que só surtiu efeito em descambar a actividade económica, os políticos europeus lançaram-se para as máscaras na ruas (com os lindos resultados da Itália) e agora estão a criar a moda do célebre recolher obrigatório. Em Portugal estará por dias, a Propaganda Mediática (imprensa) lavra já para que o povo não só aceite como o exija.

Só consigo encontrar uma explicação para a imposição de recolher obrigatório na Europa pelos políticos: um “tique saudosista” de poder, porque se agora se vive em sistemas democráticos. Na verdade, não consigo encontrar nenhuma outra vantagem do recolher obrigatório se acrescida aos fechos da restauração e comércio em horário nocturno. 

Será para evitar que os danados dos velhos (os mais vulneráveis) andem e se juntem em aglomerados nas ruas pelas 2 da madrugada a beber copos? 

Ah! não! É para evitar que sejam os jovens a juntarem-se nas ruas a beberem copos clandestinamente, infectando-se e infectando depois os seus avozinhos. Isso!

Ah! Mas deixa cá ver o que vai suceder: os jovens vão passar a juntar-se em casa um dos outros antes do recolher obrigatório e mantém-se lá pela noite dentro, dormindo em sofás e camas improvisadas. Aumentando ainda mais o risco de infecção se comparado com um regresso às casas de cada um. Depois, durante o dia, infectarão os avozinhos...

Ah! Mas acabaremos com as festas nocturnas ilegais dos jovens. Muito bem! Criando-se “gestapos”?



sexta-feira, 30 de outubro de 2020

DOS IGNORANTES ENCARTADOS

Hugo Sequeira (vd. perfil aqui), que se apresenta aqui no FB como cirurgião plástico do Hospital de Braga, decidiu, num comentário a um meu post, passar-me um "atestado de ignorância", e de forma sarcástica, por eu ter destacado esta tarde que a taxa de ocupação de um determinado centro hospitalar (Tâmega e Sousa) estar quase sempre no limite (acima de 90%) e atingindo mesmo períodos de sobrelotação antes da pandemia.

Escreveu ele em tom gozão (vd. em baixo):  "O facto de trabalhar com uma ocupação de 90% deveria ser boa gestão. Ter um doutorado ou doutorando a questionar isso é surpreendente... a produção cirúrgica é equivalente?", acrescentando mais tarde: "Trabalhar com ocupação acima de 90% no verão só teria implicações no Inverno se fossem ocupações prolongadas... que por norma não são! E o Sr. Professor devia saber isso. Estamos de acordo que o problema é o desinvestimento de anos no SNS (que obviamente lhe tira flexibilidade) e o desnorte, comprovado pelo verão que passou sem que qualquer estratégia tivesse sido delineada (por exemplo esses hospitais de campanha)."

Sendo que eu não sou Professor, nem médico nem epidemiologista nem virologista (e são estas as recorrentes  acusações que me fazem nos últimos tempos, como se apenas esses profissionais tivessem neurónios), e sendo o Doutor Hugo Sequeira um médico encartado, sei bem como o argumento do título académico ainda conta muito em Portugal. Como se um disparate dito por um suposto especialista deixasse de ser um disparate por ser dito por um suposto especialista; e como se uma análise rigorosa e correcta de um suposto não-especialista fosse um disparate apenas porque ele não é supostamente um especialista.

Venho, portanto, colocar o Doutor Hugo Sequeira no devido pedestal de especialista encartado apenas com um objectivo: chamar-lhe ignorante encartado, expondo-o aqui como o paradigma da arrogância, que, conhecendo apenas o seu umbigo, não se esforça para estudar a "real" realidade, zurzindo lesto em todos os que ele julga lhe são inferiores na sapiência, apenas pela "falha" crucial de não serem médicos.

Com efeito, conforme podem observar no gráfico que aqui coloco, com dados do SNS (vd. link em baixo), exemplificando com 2019 para o hospital em questão, o número total de dias de internamento na especialidade médica e na especialidade cirúrgica são superiores nos meses de Outono-Inverno (Dez-Mar) do que nos meses de Verão (Jun-Set).

Para que não me viesem dizer que isto é um caso especial, fiz também as contas a nível nacional. Somando internamentos das duas especialidades, o mês com mais dias de internamento em 2019 foi Janeiro (540.105 horas) e o mês com menos foi Agosto (486.581 horas), ou seja, ou seja, menos 10% neste mês de Verão em relação ao mês de Inverno. Que quiser que vá fazer mais anos para confirmar uma situação óbvia para quem conhece minimamente a realidade da Saúde Pública em Portugal. Significa isto que se estiver a trabalhar no Verão acima de 90% de taxa de ocupação em internamento quase de certeza terei esgotamento no Inverno e sem capacidade de suportar picos. Isto é elementar.

Espero, enfim,  sinceramente, que o Doutor Hugo Sequeira seja melhor a fazer cirurgias plásticas... 

Fonte: Actividade de internamento hospitalar (SNS, vd. aqui).





DAS PANTANAS EM DOSE DUPLA

1 - Em 12 de Janeiro de 2018, o Público dava voz a um incrédulo médico: "Porque que é que o SNS está de pantanas se a gripe ainda é ligeira?" Esse médico é o nosso conhecido Filipe Froes... Será que a jornalista do Público, Alexandra Campos, lhe podia perguntar agora se o SNS não está, neste momento, de pantanas?

2 - Por falar no Público: hoje faz uma reportagem sobre os internamentos nos hospitais,destacando o Centro Hospitalar de Tâmega e Sousa que "está a transbordar pelas costuras, o que o obriga a transferir muitos doentes para outras unidades." Coisa nunca vista, não é? Claro que não! Está quase sempre a abarrotar, essa é que é essa! Basta ver o gráfico com a evolução dos internamentos, segundo dados do SNS. Este ano rebentou pelas "costuras" (mais de 100%) em Janeiro, Fevereiro e Março (grande parte do período pré-pandemia), e desde Julho de 2016 até Junho de 2020 esteve sempre acima de 90% da capacidade de internamento (actualmente 464 camas). Por ironia, o mês de menor ocupação desde o ano de 2016 foi exactamente Setembro de 2020. O mês passado, com uma taxa de 87,9%.

Fonte: Taxa de Ocupação Hospitalar (SNS, vd. aqui).






DO BANQUETE

Desde que "isto" começou, e tenho questionado a "nararativa" oficial, muitos amigos, alguns de verdade, foram-se afastando, entre críticas e silêncios. Tenho agora estado a lembrar-me de imensos amigos da área da Cultura, cultíssimos e mui democratas, que nem um 'ai' nem um 'clic' me disseram quando o "democrata" FB me censurou um post, mesmo se eu usava dados oficiais e colocava os links das fontes. Silenciar aqueles de quem se discorda não parece afinal mal de todo, pensarão eles. 

Sobretudo para eles (e estou a lembrar-me de uma boa lista), dedico-lhes uma passagem do meu romance "A Mão Esquerda de Deus", que me parece bastante apropriada para os tempos que correm. Aliás, não me parece só apropriado; encaixa na perfeição. Foi escrito em 2009:

"O famoso Erasmo de Roterdão, morto há quatro anos, deixou-nos muitos escritos cheios de boas verdades, embora a Igreja, lesta, se tenha já aprontado a considerá-los heréticos. Explicou ele, com refinada ironia, ser imprudente o homem que não se acomoda às coisas presentes, que não obedece aos costumes, que esquece aquela lei dos banquetes: 'Bebe ou retira-te'. E que, ao invés, será prudente todo aquele que, não querendo saber mais que os outros, convive e erra de boa vontade com e como a universalidade dos homens. Ou seja, aplicado ao meu caso, se contestasse as doutrinas dos sacerdotes - retirando-me apenas do banquete -, a minha postura seria considerada ofensiva, uma falsa crença, fruto de uma vontade perversa. E, se argumentasse com a justeza da minha opinião, se insistisse na bondade daquilo que defendia, receberia a malquerença, o desprezo, a repulsa, a perseguição e, porventura, a própria morte".



DA LEMBRANÇA

Queria só recordar, sobretudo aos mais esquecidos e aos panikistas, que continuam a existir duas pandemias em Portugal: uma (a reconhecida) matou este mês 451 pessoas até ao dia 28; a outra (a ignorada) já matou 791 pessoas.

Desde 15 de Março, a pandemia "de todas as atenções" matou 2.428 pessoas; a pandemia da "falta de cuidados do SNS" matou 7.525 pessoas. Ou seja, por cada óbito da "tal doença" (que não posso já nomear porque o FB me ameaça suspender a conta), registaram-se três óbitos em excesso por outras afecções.

Era mesmo só isto. Para relembrar. E lembrar sobretudo que, contrariamente a Portugal, muitíssimos países não deixaram os seus sistemas nacionais de saúde colapsarem, e não tiveram excesso de mortes não-c*vid (a tal segunda pandemia). Estou a lembrar-me, por exemplo, até da Bélgica, da Suécia, da França e da Suíça, que até foram mais fustigados pela pandemia "do ai jesus que o mundo vai acabar" do que Portugal.

Fonte: SICO-eVM; DGS. 



quinta-feira, 29 de outubro de 2020

DO ENTRETENIMENTO COM OS CEMITÉRIOS ENQUANTO NINGUÉM SABE O QUE SE PASSA NOS LARES

Continuem a achar que tudo se resolve com máscaras na rua e recolher obrigatório... Não se preocupem em saber o que verdeiramente se tem estado a passar nos lares nas últimas semanas... onde vivem cerca de 100 mil idosos, quase todos bastante vulneráveis. E onde é preciso uma gestão profissional, e não uma gestão de "tapa.-buracos" cheia de voluntarismo mas ineficaz.

Pelo indicadores de crescimento dos casos nos maiores de 80 anos nos últimos dias, os utentes dos lares - esses, que nem sequer saem à rua e estão assim sujeitos a recolher obrigatório - vão ser as principais vítimas nas próximas semanas.

Pelas minhas estimativas, em função da incidência e das taxas de letalidade, vamos ter ao longo da primeira quinzena de Novembro (e independemente do que se fizer nos próximos dias... há um fenómeno de inércia subjacente), mortalidade diária por covid será, numa projecção mais favorável de 32, podendo chegar aos 47. Destes, cerca de dois terços serão pessoas de 80 anos.

São valores elevados? Sim, sobretudo para o grupo mais idoso (maiores de 80 anos), mas deveríamos saber duas coisas fundamentais: a mortalidade em período homólogo com as infecções respiratórias (e saber as mortalidades deste ano), e SOBRETUDO saber quantos dos idosos falecidos viviam em lares e quantos dos idosos falecidos não moravam em lares. Não saber isto é eviesar por completo a correcta avaliação da gestão de uma pandemia.

Nota: Estimativas próprias através da incidência por grupo etário (casos positivos entre 4 e 27 de Outubro) e das taxas de letalidade ao longo do tempo por grupo etário.



DO DESCONTROLO, CLARO... DOS LARES, MUITO PROVAVELMENTE

Nos últimos tempos tenho sido bastante atacado (já para não falar da censura do FB), por vezes ataques de carácter e de rigor científico, mas, enfim, isto é mais forte do que eu. E, portanto, mais uma análise, mais um alerta. Chamo a atenção que, no futuro, passarei a escrever a doença como DIVOC e o agente como SRAS-VoC-2 para tentar contornar a censura que o FB anda a colocar aos posts sobre estas matérias.

Face à falta crónica de transparência da DGS (que impede que se tenha facilmente acesso aos casos positivos por idade, bem como os dados da mortalidade, pois os seus boletins "apagaram essa informação... tem de se recorrer aos jornais), nem semnpre é fácil fazer o acompanhamento da evolução. Contudo, fiz agora, recorrendo a informação dos jornais e aos dados da população do INE, uma comparação da incidência diária da DIVOC (casos positivos) por grupo etário (em função da população) em dois períodos distintos; 5-22 de Outubro (18 dias) e 23-27 de Outubro (5 dias).

Além do já conhecido aumento de casos positivos, aquilo que ressalta à vista é o aumento generalizado  da incidência em todas as faixas etárias, mas sobretudo com especial gravidade nos maiores de 80 anos, o grupo mais vulnerável e que integra grande parte dos utentes dos lares.

Com efeito, a incidência diária de casos positivos nos maiores de 80 anos passou de 17 por 100.00 pessoas desse grupo no primeiro período (5-22 out) para 31 no segundo período (23-27out). É um aumento de 80% na incidência no grupo que mais contribui para as mortes por covid (duas em cada três mortes por DIVOC são de maiores de 80 anos). De imediato isso justfica o aumento da mortalidade nos últimos dias e que se agravará nas próximas semanas...

O aumento da incidência é generalizado, como podem observar no gráfico, mas maior na população activa (20-59 anos), diminuindo com a idade. Os valores nos grupos dos 60-79 anos são já muito mais baixos do que nos grupos da população em idade activa mais jovem, mas depois sobe bastante no grupo dos maiores de 80, a faixa etária onde se encontram muitos dos 100 mil utentes dos lares. 

Ora, era suposto os mais  idosos estarem com os mais baixos níveis de incidência se, por exemplo, nos lares as medidas profilácticas estivessem a ser adequada e eficazmente aplicadas. E isto indicia que não estão. Mas sobre os lares portugueses pouco se sabe (excepto, sem se ter acesso a qualquer base de dados que são responsáveis por 40% das mortes por DICOV em Portugal). Continuamos no absurdo de ser mais fácil saber nos lares no Reino Unido, por exemplo, do que em Portugal). E a imprensa não achar nada estranho.

Tenho defendido, desde Março, que a luta contra a DIVOC é sobretudo uma luta ao nível da protecção dos grupos vulneráveis em lares. Não vale a pena confinar 100% da população, fazer lockdowns e recolher obrigatório, meter máscaras na rua e em todo o lado, se depois, nos lares, a DIVOC se espraiar tão ou mais facilmente como na população cá fora.

Tenho defendido, com evidências (e não sou só eu, claro), que o problema da DIVOC não é uma questão de número de casos, mas sim de quantidade de casos na população idosa, e isso consegue-se com especiais cuidados (e sem desleixos) sobretudo nos lares.

Para terem ideia daquilo que digo, façamos um exercício simples, extrapolando as taxas de letalidade distintas entre grupos etários. Se porventura tivessemos 400 mil casos positivos (um absurdo, claro!) na nossa população com menos de 40 anos haveria talvez no máximo 60 óbitos; se tivermos esses 400 mil casos na nossa população de mais de 80 anos as mortes talvez se aproximassem das 60 mil. Vejam isto, obviamente, apenas como mero exercício de comparação para destacar as diferenças brutais em termos de letalidade nos grupos etários. 

Resumindo e concluindo: mais do que andar com medidas e medidinhas sem nexo, convinha saber ao certo aquilo que o Governo anda a fazer (ou deixar de fazer) nos lares. Foi sempre aí que se jogou a questão fulcral da DIVOC.



quarta-feira, 28 de outubro de 2020

DAS MÁSCARAS NA RUA OU DO PÂNICO POLÍTICO QUE O POVO PAGA CARO

O Governo italiano entrou em pânico no início de Outubro, quando a incidência de novos casos positivos por dia naquele país era inferior a 50 por milhão de habitantes (média móvel de 7 dias). Os valores estavam mais baixos do que, por exemplo, na Suécia, que então rondava os 60, e muito abaixo dos de Portugal (então próximos dos 80).

Decidiu assim o Governo italiano, ainda no dia 3 de Outubro, impor o uso de máscaras nas ruas de Roma; três dias mais tarde em todo o país. 

Os resultados foram catastróficos, mesmo descontando ser expectável, pelo perfil de sazonalidade do SARS-CoV-2 (similar aos vírus e bactérias que causam infecções respiratórias), um incremento de casos no decurso do Outono (e continuará a aumentar no Inverno).

Com efeito, se olharem para a evolução dos novos casos positivos na Suécia - que não usa nem nunca usou as máscaras como estratégia anti-covid em nenhuma circunstância -, observa-se um incremento desde Setembro, que acelerou em Outubro. Mas não é uma situação surpreendente, antes sim expectável, e que apenas deve merecer atitudes racionais e manter um sistema de saúde a jusante que faça uma gestão adequada dos casos mais graves do ponto de vista clínico. Sem histerias, sem dramas, sem chinfrim, sem pânico.

O crescimento de casos na Suécia (sem máscaras, repita-se) não aparenta descontrolo. A actual incidência neste país nórdico (143 novos casos diários por milhão de pessoas) é, actualmente, metade da Itália (308 casos por milhão). Repita-se: a Suécia teve isto sem máscaras; Itália teve um crescimento na incidência por milhão de habitantes de quase quatro vezes depois de obrigar os seus cidadãos a usar máscaras "até ao tutano". 

Aliás, notem bem o gráfico. Esta clara divergência observou-se "apenas" quando a Itália impõs máscaras na rua.  Antes isso, ao longo de todo o mês de Setembro, Itália e Suécia tinham incidências similares. E notem também que a curva de crescimento da Itália, que é assustadora, não dando ideia de estar para achatar.

Mesmo assim, mais preocupante parece-me ser o futuro em Portugal. Se o efeito contraproducente das máscaras nas rua em Itália - que me parece evidente - se repetir em Portugal, os próximos tempos não vão ser nada agradáveis, Com efeito, a incidência de novos casos em Portugal, que já era relativamente elevada em Setembro, está actualmente a níveis próximos dos de Itália. Bem sei que uma grande parte dos casos positivos são falsos positivos, mas não me surpreenderia que a situação se descontrolasse ainda mais por causa do suposto "remédio", leia-se, imposição de máscaras nas rua. 

E, neste caso, se as máscaras na rua forem indutoras de um aumento das infecções, vamos dar-nos muito mal. Porque, nesse caso, são infecções reais que, se atingirem grupos vulneráveis, causará um aumento significativo de mortes. E a culpa não será do SARS-CoV-2, mas sim da estratégia política.  

Fonte: Worldometers.



DA FARSA DE UMA "ESPÉCIE DE PNEUMONIA" CHAMADA COVID

Segundo dados da Plataforma da Mortalidade, as infecções respiratórias (código J200-J22 do CDI-10 da OMS) foram responsáveis, entre Março e Outubro, por 3.433 mortes de pessoas com mais de 70 anos no período 2014-2018. E sem grandes variações interanuais.

A covid-19 matou em período (quase) homólogo, entre 1 de Março e 26 de Outubro deste ano, 2.031 pessoas com mais de 70 anos. 

Entretanto, os episódios das infecções respiratórias regrediram este ano, entre Março e Outubro, cerca de 60%, totalizando até 28 de Outubro apenas 91.099 casos (dados do SNS). A média em período homólogo de 2017-2019 (anos disponíveis pelo SNS) é de 228.212 casos. Será, por isso, de admitir que em 2020 a mortalidade nos maiores de 70 anos por infecções respiratórios entre Março e Outubro tenham sido apenas 40% do habitual, ou seja, 1.373 óbitos.

Significa isto que se somarmos covid (2.031 nesta faixa etária) e infecções respiratórias (1.373, estimativas para 2020), temos 3.404 mortes entre Março e outubro. Ou seja, um valor "normal", e bem abaixo de 2016.

Porém, enquanto isso (escolham a ordem):

1 - o excesso de mortalidade não-covid é avassalador este ano, sobretudo nos idosos; 

2- nos últimos tempos, o Estado tem alegremente gastado quase 20 milhões de euros por mês em testes PCR (os tais que são bullshit, CR7 dixit) para apanhar sobretudo falsos positivos, dos 98% que nem sequer têm sintomas ligeiros de uma gripe comum, e e alimentar o pânico;

3 - temos o SNS de pantanas;

4 - meteram-nos trapos à força mesmo na rua;

5 - a Economia ficou um desastre;

6 - o desemprego alastra.

7 - os nossos movimentos confinam no concelho em que o Governo nos "autoriza" a (sobre)viver;

8 - e, cereja em cima do bolo, preparam-se para nos meter um recolher obrigatório;

Toda a gente com meia dúzia de neurónios activos tem de deixar de pactuar com esta farsa. Esta farsa tem de acabar!

Fonte: Portal da Mortalidade em Portugal (SNS, disponível aqui); Monitorização da Gripe e Outras Infecções Respiratórias (SNS, vd. aqui). Dados da mortalidade por grupo etário nos jornais, porque a DGS "apagou" esssa informação dos seus boletins.



terça-feira, 27 de outubro de 2020

DO SARS-COV-2, ESSE COMILÃO DE VÍRUS E BACTÉRIAS

Já aqui tenho referido a brutal diminuição da ordem dos 60% das infecções respiratórias desde que a pandemia da covid surgiu em Portugal no mês de Março, que pode ter explicação nas medidas de distanciamento social.

Porém, em Outubro está a surgir outro "fenómeno", este sim bastante estranho: à medida que este mês outonal avança, os casios positivos de covid estão a aumentar consideravelmente (mais testes, mais testes, mais testes, mais falsos positivos), mas estranhamente, ao arrepio da habitual tendência de agravamento neste período do ano, as gripes e as infecções respiratórias registadas pelo SNS estão a descer abruptamente.

Reparem no gráfico: na primeira semana de Outubro, registaram-se uma média diária de 521 episódios de infecções respiratórias e 877 casos positivos. Nos dias e semanas seguintes vê-se um crescimento da covid mas uma redução da actividade dos outros vírus e também bactérias que causas infecções como pneumonias, bronquites e gripes. Resultado: em comparação com a primeira semana, no período de 22-26 de Outubro observa-se um crescimento de 240% das infecções diárias por SARS-CoV-2, enquanto que para as outras infecções observa-se uma redução de quase de 40%.

Explicação absurda para o Polígrafo da SIC desmentir: o SARS-CoV-2, antes de infectar pessoas, anda a comer ao pequeno-almoço os vírus da gripe, ao almoço papa Streptococcus pneumoniae, lancha pela tardinha uma dose de adenovírus, deglute ao jantar uma dose de Kiebsiella pneumoniae temperado de pseudomonas, e termina com uma ceia leve de Mycoplasma pneumoniae. E é por isso que, cheio de força, tem atacado tanta gente, enquanto os outros vírus e as bactérias, coitados, destroçados por estes ataques, acabaram infectando muito menos gente do que seria expectável ao longo das últimas semanas.

Explicação sensata: isto é tudo uma grande aldrabice mal contada.

Fonte: Boletins diários da covid (DGS); Montorização da gripe e outras infecções respiratórias (SNS), disponível aqui.



DAS CULPAS DO MORDOMO, DE SEU NOME SARS-COV-2

Em Março, no início da pandemia - e escrevi sobre isso -, não tenho dúvidas sobre as mortes por covid se terem iniciado ainda na primeira quinzena, por via do aumento anormal da mortalidade total antes do anúncio oficial da primeira morte.

Depois dessa primeira fase, e sobretudo com o recurso massivo aos testes PCR, sucedeu o oposto. Quem morresse com um teste positivo, a menos que tivesse sido trucidado por um comboio, certo e garantido que ficava catalogado como "morto covid".

Não sendo médico, estas certezas absolutas no número de mortes por covid causam-me bastante espanto e estranheza, sobretudo porque os contextos desses desfechos fatais não são "cristalinos, em especial em idosos. Os seus quadros clínicos nem sempre são claros e, como se destaca nas estatísticas mais detalhadas do CDC norte.-americano, à covid associa-se, muitas vezes, outras doenças, com as pneumonias à cabeça.

E escrevo aqui pneumonias, mas deveria acrescentar bronquites, gripes (que directamente matam pouco) e outras infecções respiratórias, que no conjunto "ceifam" que se fartam.

Porém, aquilo que me causa mais espanto, como escrevia, é a certeza absoluta da DGS (e de outras congéneres estrangeiras) na catalogação dos óbitos covid, ou seja, na identificação do SARS-CoV-2 como agente causador do óbito. Isto porque, na verdade, no caso das pneumonias e afins não se em conseguidos, nos cerificados de óbitos, tantas certezas. 

Com efeito, analiando a Plataforma da Mortalidade, para os anos de 2014 a 2018, observa-se que, usando a classificação internacional da OMS (CID-19, abrangendo, para esta análise os códigos J100 a J22), pode ser declarado como agentes da morte por infecções respiratórias uma longa lista de vírus e bactérias, a saber: diversos vírus da gripe, adenovírus, vírus sincicial respiratório, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza, pseudomonas, estafilococos, estreptococos, Mycoplasma pneumoniae e até a babal Escherichia coli.

Pergunta de um milhão: mas consegue-se, em todos os casos, saber quais destas "bichezas" foi a culpada em cada caso? Resposta: nem pensar. Em 2014 apenas se identificou o agente em 3,5% dos casos de infecções respiratórias; em 2015 foi apenas 4,1%; em 2016 de 5,0%, em 2017 de 4,5%; e em 2018 chegou-se aos 6,3%. No resto (ou seja, em cerca de 95% dos casos), o agente infeccioso não foi identificado. Ou seja, a culpa morreu solteira.

Contudo, na actual pandemia, tem-se sempre a certeza absoluta, absolutérrima, que, se há teste positivo PCR, está garantido que o SARS-CoV-2 arcará sempre com as culpas se houver óbito... mesmo se outras "bichezas" se aproveitem para dar a facada final. O SARS-CoV-2 é, na verdade, um mordomo de um policial de série B.

Fonte: Plataforma da Mortalidade em Portugal (DGS), consultável aqui



segunda-feira, 26 de outubro de 2020

DO BRINCAR COM A NOSSA SAÚDE OU DA GRANDE MERDA DAS MÁSCARAS NAS RUAS DE ITÁLIA

Não existe nenhuma evidência científica de as máscaras na via pública contribuirem para uma redução efectiva das infecções. 

Mas os Froes desta vida, aproveitadores-mores da pandemia, acham agora que devemos ter trapos na boca durante todo o dia; os Costas desta vida, que querem mostrar serviço, querem-nos com trapos na boca todo o dia; e mais ainda os Sousas desta vida, que saudosos das selfies e nos querem pôr hipocodríacos, querem-nos com trapos na boca todo o dia. A imprensa, entretanto, está agora em outra cruzada; além das máscaras, "descobriram" que há um risco elevado de infecção se falarmos alto. Mesmo com máscara. Calemo-nos todos, não é? 

Entretanto, vejam a grande merda - desculpem não tenho outras palavras - que resultou da imposição das máscaras nas rua de Itália. Quando a decisão foi tomada existiam 2.677 novos casos positvos. Passados 18 dias subiu para 21.273 novos casos positivos (contabilizados no período de 24 horas). Uma subida de 735%... quando era suposto contribuir para uma descida de casos. 

Entretanto, a Suécia, onde não se usa máscara em nenhuma situação, teve uma subida de apenas 28% de novos casos entre 6 e 25 de Outubro, acompanhando uma tendência habitual em infecções respiratórias ao longo do Outono. Repito: não se usa máscaras nem nos transportes públicos. 

Andam a brincar com a nossa saúde e as nossas vidas. Bandalheira causada por bandalhos!



DO AVISO

Agradeço aos meus poucos amigos e amigas que se afastem de mim durante os próximos 70 dias, se me virem na rua. Vou fazer todos os esforços para garantir o distanciamento social enquanto andar nas ruas, de modo a não ter de meter trapo na cara em pleno ar livre. Prefiro não falar convosco ao vivo do que colaborar numa fantochada sem nexo e que, como se tem visto noutros países, até contribui para o aumento de casos positivos (vd. Itália). Sobre máscaras em zonas fechadas e com ajuntamentos (e.g., transportes públicos) vou continuar a cumprir.