segunda-feira, 2 de novembro de 2020

DO DIREITO A SABER O QUE SE PASSA NOS LARES

Independentemente da questão dos falsos positivos poderem estar a inflacionar a verdadeira incidência da covid, há um facto preocupante que o mês de Outubro revelou: os mais idosos (que, recordem, eu sempre assumi ser o grupo de risco a proteger, por ser o único à qual a covid constitui um verdadeiro perigo) continuam tragicamente desprotegidos. 

Estranha e inexplicavelmente, os mais idosos estão mais desprotegidos do que as crianças, que estão nas creches ou nas escolas primárias (menores de 10 anos), e do que os adolescentes que estão no secundário ou nos primeiros anos da universidade (10-19 anos). Parece que o melhor será colocar os maiores de 80 anos nas creches e nas escolas para ver se ficam mais protegidos...

É certo que, conforme mostra o gráfico que vos apresento, entre Setembro e Outubro observa-se um forte crescimento generalizado da incidência de casos positivos por grupo etário (medido por novos casos no mês por 100 mil habitantes do grupo). Porém, esse crescimento absoluto e relativo é mais preocupante nos maiores de 80 anos, cuja taxa de incidência somente é ultrapassada pelos grupos dos 20-50 anos.

Gostava de vos chamar especial atenção para uma muitíssimo clara existência de uma tendência decrescente da incidência entre grupos etários a partir dos 20-29 anos (que estará relacionada com a diminuição dos contactos sociais). Entre o grupo dos jovens adultos (20-29 anos) e o grupo dos 70-79 anos passa-se de uma incidência de 1.112 (por 100 mil) para 404, sendo que em todos os grupos intermédios se observa uma diminuição,

Ora, porque razão essa tendência não diminui para o grupo etário seguinte (maiores de 80 anos)? São os tais malfadados netos e filhos que os estão a infectar? Mas os idosos de 70-79 anos (e até os 60-69 anos) também não são avós e pais?

Não será porque, na verdade, uma parte muito substancial dos cerca de 675 mil idosos com mais de 80 anos vivem em lares onde, enfim, pouco ainda se sabe aquilo que verdadeiramente se lá passa?

Qual a razão para se saber mais sobre os lares estrangeiros do que sobre os lares portugueses? O que se passa em concreto nos lares portugueses? Quantos infectados por dia? Quantos internados? Quantos óbitos por dia e concelho? Qual o motivo para essa questão seja quase um segredo de Estado fechado a sete chaves pela DGS? 




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