quarta-feira, 13 de maio de 2020

DO ABSURDO

Vivemos tempos absurdos e distópicos. O Governo e "sua" DGS (que parece mais um comissariado político do que uma Autoridade de Saúde que deveria basear a sua acção na ciência e na análise) entretêm-se a criar regras e regrazinhas já sem sentido nesta época, e que alimentam mais o medo e o pânico, a desconfiança e o descrédito, do que nos dão segurança. As imposições nas creches é de um absurdo inenarrável. Similar o que se pretende fazer nas praias daqui a dois meses. Na restauração e comércio, idem.
Enquanto isto, vejam o absurdo na evolução da mortalidade. Se os número de óbitos por covid estão agora em níveis já bastante baixos, paradoxalmente os mais idosos (aqueles que supostamente justificavam, e bem numa determinada fase, o confinamento e demais cuidados) continuam a "cair que nem tordos" (passe a expressão), por causas que a DGS teria certamente obrigação de conhecer. A mortalidade das pessoas com mais de 85 anos continua, de forma inaceitável, muito acima da média. Apenas nos primeiros 12 dias de Maio deste anos morreram mais 309 pessoas de mais de 85 anos comparativamente à média (2014-2019). Por covid, desde o início deste mês, não chega à centena neste grupo etário. Ou seja, há um acréscimo superior a 200 óbitos que incide exclusivamente nos mais idosos e que nada terá a ver com a covid.
Portanto, a pergunta incómoda, pois o SAR-CoV-2 não pode ter costas largas: os mais idosos estão agora a morrer de quê, afinal? De que valeu o esforço na pandemia, se afinal se estão a deixar morrer os mais idosos de outras doenças por falta de assistência adequada?
E enquanto isso, vejam nos gráficos (uma chatice, fiz mais gráficos), como está a situação para as outras faixas etárias. Usando média móveis para cinco dias, observa-se que para os diversos grupos etários com menos de 75 anos a mortalidade está actualmente bem abaixo ou ao nível da média. No caso dos idosos entre os 75 e os 84 anos está ligeiramente acima. Só para os maiores de 85 anos a situação é anormalmente elevada, e acredito que pouco tenha já a ver com a covid.
Em suma, em vez de andarem entretidos SÓ com a covid, convinha que DGS e Governo olhassem mais para o que está a suceder com o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde nos tempos que correm.







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