terça-feira, 5 de janeiro de 2021

DO OLHAR O MUNDO EM DOIS TEMPOS OU DA PANDEMIA QUE ATACA ONDE TEM DE ATACAR

Deu-me para analisar como evoluiu a pandemia nos diversos países, seleccionando os 50 países (de mais de um milhão de habitantes) com maior taxa de mortalidade por covid (por milhão de habitantes), e que varia dos 1.700 na Bélgica (pior situação) até aos 321 do Paraguai (50ª posição). Portugal, já agora, está na 30ª posição desde o início da pandemia.

Porém, quis analisar as duas (supostas) vagas, pelo que defini dois períodos, cujos resultados apresento no gráfico em baixo: X (eixo) - entre Fevereiro e Setembro (primeira vaga); Y (eixo) entre Outubro e 4 de Janeiro (segunda vaga). As siglas representam os países. Na Internet é fácil encontrar sites com a lista de correspondência entre países e as siglas (de Portugal é PT, já agora). O gráfico destaca duas situações (que devem ser olhadas com a precaução devida): cor vermelha significa que a mortalidade da segunda vaga foi pior do que na primeira; cor verde significa o oposto.

Breves e rápidas reflexões:

1 - A pandemia tem tido impacte muito distinto á escala mundial, embora com pendor regional (continental) que, em alguns casos, é homogénea, sobretudo no caso de países da América Latina e da Europa de Leste. Além disso, quase a totalidade dos 50 países com maior mortalidade integram o continente europeu ou americano. As únicas excepções são a África do Sul, Tunísia, Israel. Irão, Arménia e Jordânia. 

2 - Confrontando os dois períodos, raros são os casos de impacte relativamente similar entre a primeira e a segunda vagas no mesmo país ou até na mesma região. Geralmente, os países que registaram elevada mortalidade na primeira vaga (até Setembro) tiveram efeitos muito menores na segunda vaga (a partir de Outubro), sobretudo visível em países da América Latina, o que denota o "carácter" sazonal do SARS-CoV-2.

3 - Porém, no caso concreto da Europa, embora seja evidente que a maioria dos países mais atingidos na primeira vaga (Europa Ocidental) tenha registado uma menor mortalidade mais baixa na segunda vaga (a excepção são a Itália e a França, bem como a Bélgica, que embora com uma redução registou mesmo assim mortalidade elevada), os efeitos da pandemia a partir de Outubro estão a ser genericamente mais grave. Esta situação não surpreende, tendo em consideração o "carácter" sazonal do SARS-CoV-2. 

4 - Torna-se bastante notório que os países da Europa que "escaparam" à primeira vaga, sobretudo da Europa de Leste, foram gravemente atingidos a partir de Outubro, atingindo em alguns casos taxas de mortalidade bastante elevadas, como são os casos da Eslovénia, República Checa, Bulgária, Hungria e Croácia.

5 - Existem dois países particularmente com um percurso interessante: Irlanda (ainda mais pela sua proximidade ao Reino Unido) e Canadá. Além destes, todos os países que estejam com menos de 200 óbitos por milhão na primeira vaga e simultaneamente com menos de 400 óbitos na segunda vaga parecem-me em situação razoavelmente aceitável.

6 - Por fim, Portugal: a situação nacional apresenta, como se sabe um grande agravamento entre a primeira e a segunda vagas. Se considerarmos o primeiro período, Portugal tinha a 29ª pior situação; se considerarmos o período a partir de Outubro, Portugal apresenta já a 17ª pior situação de entre os 50 países analisados, estando mesmo à frente (maior mortalidade relativa) da França, Reino Unido, Estados Unidos, Espanha e... Suécia e Brasil. Já agora, desde Outubro, a Suécia apesenta a 36ª pior situação e o Brasil a 41ª (entre 50 países).

Fonte: Worldometers.

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