quinta-feira, 15 de outubro de 2020

DOS TRAPOS NAS FUÇAS NO "REINO DO COSTA" E NA REPÚBLICA DA FINLÂNDIA

Enquanto em Portugal se continua a achar que pôr um trapo na cara, até nas ruas, e obrigar ao uso de uma app (StayAwayCovid), são soluções racionais e científicas para controlar a covid (querendo-se assim instalar um verdadeiro controlo censuratório e pidesco), na Finlândia - o pais da UE-27 com menor mortalidade relativa por covid (apenas 30 pessoas nos últimos 135 dias, i.e., uma morte por covid a cada cinco dias) - a máscara continua a ser apenas uma recomendação. E uma recomendação mesmo nos transportes públicos.

De facto, existem outras estratégias mais eficazes, e sobretudo assente numa "política" de responsabilidade e de bom senso, mas assente num pilar fundamental: a correcta gestão dos equipamentos de transportes públicos (que constitui, não duvidem, o maior risco de infecção, apesar daquilos que os Froes desta república digam). 

Enquanto se achar que em Portugal o problema está em encerrar cafés às 8 da noite, e não no caos dos transportes públicos, não vamos a lado nenhum. 

Enquanto se achar que a protecção dos idosos se consegue mantendo o SNS a meio-gás para as outras enfermidades, não vamos a lado nenhum. 

Enquanto se achar que o problema são os casamentos e baptizados, e não o descontrolo das infecções nos lares (o caso em Beja, com 83 infecções entre 90 utentes idosos, é mais um exemplo), não vamos a lado nenhum. 

Enquanto se achar que conta mais o número de casos positivos (grande parte, falsos positivos) do que as mortes por todas as doenças (incluindo-se a covid), então não vamos a lado nenhum... 

Ou melhor, vamos todos, independentemente da idade e vulnerabilidades: vamos todos para a loucura, ou até para a morte, mas por outras enfermidades; e não tanto por covid.

Em todo o caso, uma esperança para a Humanidade: observar a racionalidade nas orientações dos transportes públicos na Finlândia chega para acreditarmos que nem tudo está perdido. A racionalidade continua a existir na raça humana, apesar de ter feito férias em muitos hemisférios. Por exemplo, no site do Helsinki Region Transport, salienta-se que o uso de máscara no interior dos veículos não é obrigatório, embora recomendável, e que se alguém "estiver usando uma máscara e perceber que outra pessoa não está usando", se espera que essa pessoa"não comente nada sobre o assunto".

Além disso, "os motoristas estão isentos da obrigação [de usar máscara] porque nos serviços da HSL a maioria trabalha em cabines de segurança, ou seja, eles estão separados dos passageiros por uma barreira de plexiglass", até porque o uso continuado da máscara não parece contribuir melhorar, pelo contrário, uma tarefa essencial: "prestar atenção à segurança no trânsito durante todo o turno".

Um outro aspecto essencial: apesar da redução no uso de transportes públicos, a Finlândia não reduziu a oferta como em Portugal. 

Nota 1: Algumas informações sobre a política de transportes em Helsínquia podem ser vistas aqui, em inglês.




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