quarta-feira, 22 de julho de 2020

DA "ARTE" DE SE VENDER MAIS 71 CAIXÕES POR DIA EM JULHO SEM PEDIR "AJUDA" À COVID

Estamos a viver, neste mês de Julho, uma crise sanitária sem precedentes, enquanto Governo, DGS, imprensa e gente que se preocupa com a covid-19 se estão perfeitamente borrifando. Dá raiva, porque andámos a tentar salvar pessoas que, se foram salvas em Abril, estão agora a morrer em catadupa.

Fiz um breve exercício, mais um, na já muito vã esperança de alertar consciências. Comparei os óbitos dos primeiros 20 dias de Abril (pico da pandemia; nesse período morrreram 598 pessoas de covid) com os primeitos 20 dias de Julho. Em princípio, comparar estes meses não teria muita lógica: em média por dia, em Abril morrem 295 pessoas (período 2009-2019) e em Julho apenas 263  (idem).

Este ano, porém, por causa da pandemia, acrescida do excesso de óbitos, entre 1 e 20 de Abril morreram 7.570 pessoas (363 por dia), havendo assim um excesso de 1.406 óbitos no período, dos quais 598 foram por covid-19, donde 808 terão sido por outras afecções.

Ora, e o que está a suceder em Julho? Uma hecatombe! Nos primeiros 20 dias, a mortalidade atingiu já 6.689 óbitos, uma quantidade absolutamente anormal, que apenas encontra algum paralelo com 2013 (que teve uma intensa onda de calor de duas semanas). Mesmo assim, 2020 está já bem acima desse ano. A média para Julho de 2020 está nos 334 óbitos por dia, quando a média (2009-2019) é de 263. Ou seja, mais 71 caixões por dia!

Tendo em conta isso, o excesso de mortalidade de Julho, em apenas 20 dias, é já de 1.501 óbitos (portanto, já superior a Abril, no pico da pandemia da covid). Como em Julho apenas morreram 118 pessoas por covid, então temos um excesso não-covid de 1.382 óbitos, o que compara com os 808 óbitos em Abril para o mesmo período de tempo (20 dias).

Não sei o que escrever mais para acordar consciências.


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