terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A gestão da pandemia em Portugal teve um triste resultado: a perda de eficácia no tratamento hospitalar em Janeiro levou que, em vez de 25 pessoas a morrerem por dia, tivéssemos 45. Isto culminou num impressionante pulo de Portugal na lista dos piores países mundiais. Actualmente estamos já na sexta posição, apenas atrás da Bélgica, Eslovénia, Reino Unido, República Checta e Itália. 

Notem, ainda bem que o Mundo não é como Portugal. Se a mortalidade em todos os países fosse proporcionalmente idêntica à do nosso país, teriam já morrido 11.824.405 (onze milhões, oitocentos e vinte e quatro mil, quatrocentos e cinco óbitos). Felizmente, as coisas não estão, por esse mundo fora, como em Portugal. Até agora faleceram "apenas"2.425.416. Ou seja, ainda bem que outros não beneficiaram do "milagre português"

Vejam as estatísticas e muito mais textos no FAROL XXI em https://farolxxi.pt/.../covid-na-uniao-europeia-e-no.../

Hoje foram colocados também interessantes textos de Edite Amorim e Tiago Franco na secção Vértebras. E mais ainda, temos novo contos na secção Distopias da Raquela Ochoa (vd.aqui).

Aproveitem para seguir a página no FB do Farol XXI.

Site do FAROL XXI.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

DO ESTRANHO PADRÃO DOS TESTES EM PORTUGAL - FAROL XXI

Hoje, no FAROL XXI (vd. aqui) abordo a polémica questão dos testes (PCR e antigénio) e a decisão de aumentar os testes. Vejam nesse texto como a testagem em Portugal tem um estranho padrão  (vd. gráfico em baixo) e também como, paradoxalmente, um aumento nos testes pode esconder surtos e dar uma falsa ideia de melhoria. Na verdade, como estão a ser feitos, a taxa de positividade dos testes é de uma clara inutilidade na definição de uma estratégia.

Também quero aqui anunciar que o Tiago Franco, a partir da fria Suécia, vai passar, periodicamente, a "enviar-nos" as suas reflexões, que sairão no FAROL XXI sob o título "Notícias a frio da Suécia" (vd. aqui).

----------------- Lead do texto "O estranho padrão dos testes em Portugal ---------------------------------

Os casos positivos à covid-19, em função dos testes PCR e antigénio, e a sua evolução ao longo do tempo, têm sido um dos principais indicadores para sustentar a estratégia do Governo e justificar as restrições impostas aos portugueses. Porém, numa análise mais fina aos dados disponibilizados pela Direcção-Geral da Saúde evidencia-se um estranho padrão nas taxas de positividade desde Novembro e, sobretudo, variações sem nexo de casualidade num evento como uma pandemia. Testar mais só serve para criar mais ruído. Na verdade, como aqui se defende, o “testar, testar, testar” deveria ser antes o “testar com critério, testar bem, testar com rigor”.

Visitem o site do Farol XXI.

Sigam e divulguem a página dio FB do FAROL XXI.


domingo, 14 de fevereiro de 2021

DOS JORNALISTAS, O VÍRUS QUE ESTÁ A MATAR O JORNALISMO

Deixei de ser meigo nas palavras e na análise ao actual estado do jornalismo português. Aqui segue o início do meu artigo de opinião (VÉRTEBRAS) no FAROL XXI:

"Além das pessoas que perderam a vida, a grande vítima da pandemia tem sido o Jornalismo português. A Imprensa, enfim. Não acredito em teorias da conspiração, nem tão-pouco na tese da intencional manipulação da informação como forma de pagamento do “favor” que o Governo concedeu às empresas de comunicação social ao direccionar-lhes 15 milhões de euros dos nossos impostos. Acredito mais numa deriva disfuncional – mais grave ainda, porque estrutural –, que se iniciou por razões bem-intencionadas (e o Inferno, dizem, está bem cheio delas), mas acabou por se fundir numa Narrativa Oficial, incutida pelo Governo. Por osmose, essa Narrativa colou-se de tal modo à comunicação social que os jornalistas deixaram de questionar, e de se questionarem; de quererem respostas, e darem respostas aos leitores. Afunilaram as fontes e subjugaram-se ao ritmo da Narrativa Oficial. As perguntas incómodas, o must do Jornalismo, atrofiaram-se, emudeceram, eclipsaram-se. Já não existem. "

Podem ler o artigo AQUI.



sábado, 13 de fevereiro de 2021

FAROL XXI - SEMANA 1

O projecto nasceu há uma semana, dentro do espírito da Cidadania XXI. É um espaço de reflexão e cidadania, com todas as componentes que daí devem advir: análise, informação (estatística, também), opinião, e contestação (com humor).

Neste momento, além de bastantes análises inéditas da minha autoria (ACTUAL), podem ver já as participação de um vasto leque de pessoas com excelentes textos de reflexão e/ou de opinião, que aqui elenco: Santana Castilho, Tiago Franco, Ana Lopes Galvão, Eduardo Rêgo, Vítor Pereira, Alfredo Vieira, Paulo Matos, Carlos M. Fernandes. Além destes, o FAROL XXI conta já com textos literários (contos) da Raquel Ochoa (com um pequeno dedo meu; mas haverá mais em breve a solo), do Tiago Salazar e da Gabriela Ruivo Trindade (Prémio Leya, que publicará aqui um pequeno diário). E temos também o humor (delicioso e corrosivo) do MIG. E a mexer nos cordelinhos todos, temos o Tiago Lucena, homem de mil ofícios, que meteu literalmente o site em pé.

Numa semana não se podia exigir mais. Mas, vai haver mais nas próximas semanas, muito mais. 

Obviamente, o vosso apoio, a vossa visita e a vossa divulgação deste projecto é o nosso oxigénio anímico para continuar.

Por isso, visitem e divulguem o site do FAROL XXI.

E sigam a nossa página do FB, aqui: FAROL XXI.

É isto que, por agora, mais vos pedimos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

COMO O COLAPSO DO SNS AJUDOU O VÍRUS A MATAR MAIS

Mais um artigo no FAROL XXI desta vez sobre o colapso do SNS em Janeiro com consequências no aumento estrondoso na mortalidade em Portugal.

Leiam aqui

Eis o primeiro parágrafo:

"O colapso do Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante o mês de Janeiro terá sido responsável por um acréscimo de mortalidade por covid-19, apenas nesse mês, entre 2.070 e 3.556 óbitos. Esta estimativa baseia-se somente no agravamento registado naquele período em termos de eficácia de tratamento dos doentes internados nos hospitais, incorporando, portanto, o aumento dos internados."

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

O LADO DESCONHECIDO (E AGORA REVELADO) DOS HOSPITAIS NA LUTA CONTRA A PANDEMIA

Querem saber "coisas" sobre a pandemia? Leiam a imprensa. 

Querem saber o que se passa nos hospitais sobre a covid? Então leiam o meu artigo no FAROL XXI.

Tem informação nunca revelada sobre os registos hospitalares entre Março e Junho de 2020: um retrato do tratamento da covid-19 durante a primeira fase da pandemia, que permite análises muito interessantes. Leiam e vejam os gráficos.

-------------------------------------------

O FAROL XXI revela, e analisa em detalhe, os registos hospitalares da primeira fase da pandemia – informação nunca revelada pelas autoridades de saúde. Saiba aqui, em primeira-mão, quantas crianças, adultos e idosos foram internados, quanto foram para cuidados intensivos e quais os níveis de sobrevivência. Nem tudo são boas notícias, mas, decididamente, não estamos perante uma catástrofe que pode aniquilar qualquer um ao virar da esquina. Na verdade, a pior notícia é a contínua manipulação dos efeitos da pandemia por falta de informação detalhada.

--------------------------------------


DA DÚZIA

Conto 12 pessoas nesta foto numa área que será inferior a 10 metros quadrados. Não pode ser, minhas senhoras e meus senhores... Vou ja ali queixar-me à PSP e à DGS desta violação das normas de segurança. De certeza que o ministro da Administração Interna e a ministra da Saúde não vão tolerar esta bandalheira...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

DO MILAGRE LUSITANO LIDERADO POR COSTA & MARCELO

Portanto, em mortalidade relativa, a gestão genial de Costa & Ca. Lda. já está pior do que o Brasil de Bolsonaro, a Suécia de Tegnell, a Espanha da Primeira Onda e, amanhã, ficará pior do que as Terra do Tio Sam que foi do Trump.

Sem hidroxicloroquina (muito bem!), com muitas máscaras (muito bem!), com lockdowns (muito bem!), com encerramentos antecipados e horários curtos para causar aglomerados nos supermercados (muito bem!), com transportes públicos a abarrotar porque de lá não surgem infecções (muito bem!), com estados de emergência de que não sei já em quantos vamos (muito bem!), com lares com surtos intermináveis (muito bem!), sem relatórios dos lares porque isso são pormenores (muito bem!), com o SNS de pantanas (muito bem!), com a população idosa presa por arames porque quase não há consultas há um anos (muito bem!), com engenheiros geográficos a fazer epidemiologia (muito bem!), enfim, com tudo isto, estamos no top-10, e continuaremos a subir. O primeiro lugar do tudo-mal está aí à nossa mão. 

DA RADIOGRAFIA ÀS QUATRO SEMANAS DE UM DESASTRE

Não é por ser um texto meu - ou talvez também seja por isso -, mas se quiserem entender o que se passou em Janeiro, este texto é fundamental. Podem não concordar com as minhas interpretações, mas o raio-x é este que os números e os mapas mostram. Deve o Governo meter uma pedra sobre o assunto? Nós deveríamos, como cidadãos, dar essa resposta. A minha é: não.

Link da notícia do FAROL XXI aqui


DA DIGNIDADE E DAS BOAS PESSOAS

Olho o Major Médico Janeiro, director clínico do Centro de Apoio Militar (CAM) e vejo bondade e, assumo, saber. Olho também para o Coronel José Baltazar, director do CAM, e vejo seriedade e, assumo, responsabilidade. Devem ser boas pessoas... E depois vejo um microfone de uma jornalista da TVI a meter cara dentro de uma senhora doente-covid, ainda por cima com mazelas na cara e que nem sequer conseguiu fazer mais do que balbuciar por serem evidentes sequelas de um anterior AVC. Como é possível autorizar uma reportagem desta natureza, minhas senhoras e meus senhores?

Fui jornalista durante mais de 15 anos, e em tempos membro do Conselho Dentológico do SJ, e acho tudo tão absurdo, nojento, execrável. Esta gente - incluo, neste caso, o bondono major Janeiro, o director Baltazar  e a jornalista da TVI - perdeu a noção de dignidade. Da deles e da dos outros. Shame on you! para todos eles.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

FAROL XXI - MAIS NOVIDADES

Novidades no ACTUAL do FAROL XXI. Aconselho o artigo sobre a situação do lar de Mourão, apenas um dos muitos trágicos exemplos do que sucedeu em Abril.

Feedbacks serão bem-vindos.

Link do site: FAROL XXI 

Página do Facebook: FAROL XXI

DA MÁQUINA DE LAVAR INFARMED

Estas reuniões do Infarmed são fantásticas: temos ali "peritos" muito ciosos de lavar a imagem do Governo até ficar límpida. Acho que a Avenida do Brasil, a sede, vai passar a chama-se Avenida Aldeia da Roupa Branca.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

DA TERCEIRA DERIVADA PARA ENCONTRAR UM CALHAU

Carlos Antunes, doutorado em Geodésia (e que, entre muitos bons estudos na sua área, avaliou recentemente a probabilidade de inundações costeiras devido à subida do nível do mar e a eventos de tempestade extrema), tornou-se um guru da Matemática da Pandemia. E tão apaixonado anda com o seu novo interesse que, com unhas e dentes, defende a sua "dama" até ao nível do absurdo. E atira-se com garras e fúrias a quem lhe aponta, enfim, as limitações dos modelos matemáticos e, sobretudo, os pressupostos para os dados que utiliza. Foi ele que ajudou a fechar as escolas; é ele que agora está a forçar, com Pedro Simas, que Portugal passe habilidosamente de "besta" efectiva a fantasioso "bestial", limpando a imagem do Governo na péssima gestão da pandemia e no caos do SNS em Janeiro.

Já há dias, numa longa entrevista na RTP, fiquei abismado com a sua analogia entre o fecho das escolas e o uso de aviões pesados Canadair para a supressão de incêndios rurais à nascença. Absurda analogia, não apenas por ser impraticável usar aviões pesados em qualquer ignição, mas sobretudo por a realidade mostrar que o efeito do uso de aviões pesados não é um factor determinante para a variabilidade da área ardida em Portugal.

Também já ficara boquiaberto quando ele concluiu que os jovens dos 18 aos 24 anos são o grupo com maior incidência de infeção, quando, na verdade, são os mais idosos, porque a incidência deve sempre ser calculada em função da dimensão de um grupo etário (ou seja, como taxa relativa).

Agora, vejo que polemiza com "uma Raquel Varela", forma pouco cordata de alguém que se assume como académico se dirigir a uma colega académica, mesmo que de outra área científica. Carlos Antunes, no seu post, justifica logo porque não tem em nenhuma consideração os argumentos de Raquel Varela: "como a senhora não percebe nada de matemática dificilmente compreenderá a natureza dos dados a que se refere".

Não me considerando um especialista em qualquer área, uma das vantagens da minha (comprovada) formação académica e profissional (engenharia, conservação da natureza, economia, gestão, comunicação social, história, políticas públicas e até literatura) é ter um conhecimento suficientemente alargado para entender os "mecanismos" de muitas áreas e sobretudo a "retórica" dos que se assumem como especialistas, sobretudo quando falam para leigos. Quase sempre a retórica, quando imposta, se mostra com pés de barro.

Nessa "retórica", como bem fica patente no post de Carlos Antuns, que desanca na Raquel Varela, espraiam-se tiques de superioridade mas assentes num discurso que dá para rir. Fazer uma simples correlação entre temperatura média e mortalidade covid e não-covid, concluindo que a vaga de frio só matou quem não estava com covid é dos maiores absurdos que se pode ver. Aquilo devia dar para chumbar qualquer aluno, e nem era de Matemática.

Porém, quando se temperam argumentos com termos como "correlação numérica", "modelo bio-físico", e "2ª derivada da incidência", dá-se uma ideia de saber superior, ainda mais quando implicita ou explicitamente se faz entender que o opositor não domina esses conceitos. Porém, Carlos Antunes faz-me tão-só lembrar os padres que até ao século XVIII introduziam nos seus sermões, em portugês, frases em latim: os seus ouvintes não entendiam latim, mas essas palavras tinham apenas o propósito específico de granjear maior superioridade "intelectual" ao clérigo.

Nessa medida, eu quero dizer-vos que sei bem o que a "2ª derivada da incidência" pode indicar-nos, mas também desejo confessar-vos ("imodesticamente") que sou especialista em análises aos discursos de académicos, e que as faço muito bem até à "3ª derivada", que serve basicamente para detectar calhaus. E descobri um nas análises e modelos sobre a pandemia que têm sido apresentadas pelo digníssimo professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofisica e Energia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Carlos Antunes. Aliás, este é um bom caso em que se aplica o adágio: quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

DO COMO SE JUSTIFICA A GRAVIDADE DE UMA DOENÇA COM O PRÓPRIO COLAPSO DO SNS

Enfim, para se justificar aquilo que é o desinvestimento "crónico" do SNS que resultou num colapso "agudo" em Janeiro, vem-se com a história da ocupação das Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Diz-se que nas UCI, 90% estão ocupadas por doentes-covid. 

Assim visto, duas hipóteses se colocam: ou há muitos doentes ou há poucas camas-UCI. Ou, na verdade, três hipóteses, sendo que a terceira é a seguinte: havendo sempre poucas camas-UCI, e não se fazendo qualquer investimento digno de nota durante a pandemia, um maior afluxo na procura por uma nova doença causou um colapso.

Vamos fazer aqui uma comparação (padronizada) com Espanha. No dia 4 de Fevereiro, Espanha tinha 4.795 camas-UCI ocupadas por doentes-covid. Tendo em conta a sua população, isto significava cerca de 1.050 portugueses-equivalentes. Ou seja, uma procura ligeiramente superior à de Portugal (em redor de 900 doentes-covid).

Ora, como se pode observar no quadro que anexo, a taxa de ocupação de camas-UCI por doentes-covid era, no dia 4 de Fevereiro, de apenas 43,86%. Feitas as contas - e há quem, vivendo na Terra acha que isto de contas só se precisa de saber fazer somas de merceeiro -, isto significa que existem cerca de 10.930 camas-UCI em toda a Espanha, para qualquer doença ou mazela, incluindo covid. Padronizando para a população portuguesa, isto dá o equivalente a cerca de 2.430 camas-UCI. 

Portugal, tendo em conta as indicações, terá apenas cerca de 1.000 camas-UCI. Ou seja, Espanha tem muito mais do dobro (quase 2,5 vezes mais) de camas de cuidados intensivos do que Portugal. 

E depois a culpa das mortes é do SARS-CoV-2 e do Natal e dos portugueses. Nunca do Governo.


DA MORTE DE BEBÉS POR COVID E DA IGNORÂNCIA DOS NÚMEROS

Hoje morrem 20% dos bebés (menos de um ano) que morriam no final dos anos 80. Contudo, apesar das fantásticas melhorias médicas no acompanhamento da gravidez e nos cuidados nos 12 primeiros meses de vida, a probabilidade de morte até se completar o primeiro ano de vida é muito superior aos das crianças com mais idade. 

Na verdade, a probailidade de morte nos primeiros meses (0,29%) é 10 vezes superior ao dos bebés de 1 anos (0,029%), e é  equivalente `de uma pessoa de 50 anos. 

Julgo não ser necessário explicar as razões, mas isto explica porque as únicas duas crianças que morreram por covid tinham meses de vida e ambas sofriam de graves malformações congénitas.